Opinión

Goa, um recanto galego-português na Índia

Desde o passado dia 19 de março encontro-me em Goa. É a primeira vez que cá venho. Tinha que ter vindo antes. Desde Dezembro de 1961, em que foi anexionado à força pola Índia, é um estado indiano, mas totalmente diferente ao resto da República. Para chegar aqui tomei o aviom em Deli da companhia Go-Air. Ja gostei muito da amabilidade das açafatas goiesas e de todo o pessoal da companhia. Um táxi levou-me do aeroporto, que está a 30 quilómetros da capital Panjim, até a minha nova morada. Na Pousada Afonso do bairro de Fontainhas (sic) estavam à minha espera Alírio Afonso e a sua esposa, que falam ambos galego. Já polo caminho nom saia do meu assombro. Pola beleza da paisagem. Polas formosas praias rodeadas de infindade de palmeiras. Polos campos verdes dum verde intenso. Polos rios e rias, muito semelhantes às nossas. Polas casas que ia vendo, muitas de elas paços. Por um momento frotei os meus olhos e dixem-me a mim mesmo se estava sonhando ou era realidade o que estava vendo.


Um recanto galego-portugues na India! Mesmo quando acordo pola manhá e me levanto parece-me estar no Porto ou no Recife brasileiro. Quase todo o bairro de Fontainhas tem na sua grande maioria casas de estilo colonial, que se conservam bastante bem. Com varandas, balcons e telhados como os nossos. Com infindade de letreiros e rótulos com nomes e apelidos nossos: Rodrigues, Fernandes, Sousa, da Cunha, da Costa, Ferreira, Gomes, Mascarenhas, Abreu, Colaso, Noronha, Cabral, Afonso, Meneses... As palavras rua e casa repetem-se continuamente. As pessoas maiores de 50 anos todas falam galego-português. É realmente uma delícia poder exprimir-me no meu idioma em plena Índia. Aqui é onde te dás realmente conta da asneira que é dizer que galego e português som idiomas diferentes. Que grande mentira! Eu aqui nom tenho nos dias que levo nenhum problema para mover-me por Goa. Sempre encontro alguém com quem poder falar em galego. Na rua, na cafetaria, na praia, no bar, no restaurante, no barco que cruza o rio Mandovi, na barbearia que leva este nome, nas muitas igrejas cristianas que há, onde há missas em galego também.


Tirei muitas fotos de monumentos, de ruas, de múltiplas casas de estilo colonial, de paisagens, de gentes, de crianças, de rapazes jogando a bilharda...Seria bonito algum dia organizar em Ourense umha mostra das mesmas. Já tenho muitos amigos. Em primeiro lugar o leitor de português da Universidade de Goa, Dilip Loundo, natural destas terras e formado no Brasil e Portugal. A bibliotecária da biblioteca central de Goa, Mª Lourdes Bravo da Costa Rodrigues, profundamente lusófona, igual que o seu esposo Lionel e as suas fillhas, que estám a ensinar português às suas crianças pequeninas. Esta bibliotecaria tem um conhecimento bibliográfico enorme da historia de Goa e da Índia portuguesa, junto com todo tipo de publicaçons periódicas. Também tem escrito vários livros, um muito interessante de arte culinária, com infindade de receitas de pratos luso-indianos.


Todos os que sabem português também conhecem o konkani, que e o idioma próprio de Goa. Conhecim também, e já me convidou a morar na sua casa de campo, o médico Fernando Meneses e a sua esposa Celsa. Este doutor trabalhou no hospital de Goa e na sua escola, a mais avançada de toda Ásia. Tem umha memória prodigiosa e lembra todos os aconteceres da anexom no 61 de Goa por parte da Uniom Indiana. Mora numha localidade chamada Goa Velha. Um lugar de mangueiras, flores e bananeiras. A comida em Goa e fantástica e muito diferente à do resto da Índia. Tens o que quixeres para escolher e há infindade de restaurantes. Ademais, para nós som muito baratos. Os sumos de manga e ananás com leite som realmente deliciosos. Os temas da gastronomia e das festas som tam importantes em Goa que merecem um artigo monográfico a parte. Igual que os maravilhosos monumentos da antiga cidade situada a dez quilómetros da capital Panjim, sobre os que noutro artigo falaremos. Voltaremos de seguro a Goa, onde teremos que estar todo um mês para conhecer todos os recantos e encantos, as gentes, os templos, a sociedade. E, especialmente, para investigar na biblioteca sobre Telo de Mascarenhas, tagoreano como eu, que fez a traduçom de várias obras do Tagore ao galego-português.


No dia 26 tenho que ir para Deli, pois no dia 29 tenho que pronunciar umha conferencia sobre Robindronath no India International Centre da capital indiana. Antes escreverei mais sobre outros aspectos de Goa. E também sobre Brindaban e Mathura, onde também estivem no domingo de Ramos. Ali estám os templos hinduistas dedicados a Krishna, o deus do amor. Um outro artigo há de versar sobre o esplêndido templo de ouro de Amritsar dos sijs, do qual fiquei maravilhado quando o visitei.

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