Opinión

O LABOR CALADO DE UMA GRANDE MESTRA

Desde há vários anos, de forma muito acertada, os membros e mestres de ANPE em Ourense, com o apoio da Deputaçom Provincial, organizam uma jornada no mes de outubro de homenagem aos docentes. Para sensibilizar à sociedade sobre a importância que tem o ofício de mestres e educadores. Para mim o mais importante de todos os que existem, junto com o de médico. Com tal motivo, cada ano, no mes de maio, por uma ampla comissom, à que pertencim como presidente que sou da ASPGP, nas três últimas edições, se escolhe o docente exemplar. Por unanimidade este ano foi eleita a excelente mestra Antonhita Marbán, que durante muitos anos dirigiu com autêntica mestria a Anexa da Escola Normal ourensana, onde eu ensinei desde 1972, e antes estudei de 1963 a 1966. Quando foi proposto o seu nome, ninguêm duvidou de que se tinha escolhido à pessoa que mais o merecia, por infinidade de motivos que resenharei a seguir. E que ela resumiu muito bem na roda de imprensa posterior, ao indicar que aceitava de bom grau o nomeamento, pois considerava que estava representando a miles e miles de mestres e mestras anónimos , de labor calado e profundo polo bem da educaçom dos nossos nenos e nenas. Muitas vezes esquecido e pouco reconhecido e valorado.


Aos seus 80 anos, e muito bem conservada, com toda a memória e sensibilidade pedagógica, Antonhita Marbán dedicou, com verdadeira entrega, 45 anos da sua vida ao nobre ofício de mestra. Primeiro em escolas rurais dos concelhos de A Teixeira e Maceda, e logo quando aprovou com o número um as oposições especiais a escolas anexas do magistério, na Anexa do bairro de A Ponte, desde 1965 até que se jubilou em 1996. Polo seu grande labor educativo foi no seu dia condecorada com o Laço de Alfonso X O Sábio. Labor calado e, por isto, pouco conhecido. Sem embargo, o seu curriculum profissional é realmente exemplar. Já nos anos setenta foi ela pioneira na introducçom do ensino do nosso idioma na escola infantil e primária. Pola sua valia de mestra de lingua galega foi colaboradora do MEC em 1979 nos livros sobre linguagem no preescolar e no ciclo preparatório, e tambem no projeto de programaçom de lingua galega no ensino básico, que desenvolvera a Junta da Galiza. Foi ponente, pola sua grande experiência didática, em infinidade de cursos e jornadas durante toda a década dos oitenta e primeiros anos dos noventa. A maioria dos cursos impartidos estavam relacionados com o ensino do idioma galego, e noutros casos com os temas da direcçom e organizaçom de centros escolares, dos que tambem era uma experta, e sobre a importância da psicomotricidade na escola. Poucos sabem que sempre foi uma admiradora do psico-pedagogo americano Carl Rogers (1902-1987), criador da teoria pedagógica da nom diretividade de tipo humanista, baseada na importância da pessoa humana e centrada em ela.


A mestra Marbán, em quanto podia, nas suas classes, punha em prática o modelo de Rogers. Consistente na organizaçom de grupos formados polos mestres e os alunos, para que estos foram realmente os artífices do seu próprio ensino e educaçom. Isto levava que o grupo fosse o desenhador do próprio programa de estudos, tendo em conta as inquedanças e interesses dos rapazes estudantes. Ademais, o funcionamento do grupo em positivo favorecia sempre as relações interpessoais em geral. Esta nossa mestra estava a seguir no seu modelo pedagógico estratêgias didáticas dum grande psico-pedagogo que acertadamente considerava que cada pessoa (e o aluno é uma pessoa) possui em si mesmo as respostas para as suas inquietações e a habilidade necessária para resolver os seus problemas. Sendo como foi um promotor do optimismo pedagógico em contra de todo tipo de determinismos. Esta nossa mestra, a quem temos a bem homenagear este ano, levava (e leva) à prática o dito de Rogers : 'É sempre altamente enriquecedor poder aceitar outra pessoa'. Polo que , aínda hoje, e desde que está reformada, colabora como voluntária impartindo classes no Centro ALUMAR, dirigido polas Hermanas Oblatas e posteriormente por Cáritas, para atender a mulheres e seus filhos em dificuldades e em risco social.


A todo isto eu, pessoalmente, tenho que acrescentar o aprezo que lhe tenho por admirar a Tagore e por ajudar-me tanto na Escola Normal, permitindo que pudesse levar nenos e nenas de infantil às minhas aulas da especialidade, para que os meus alunos, futuros mestres de escola infantil, pudessem realizar práticas escolares e experiências didáticas reais. Por todo isto levei-me uma imensa alegria por ter escolhido como docente exemplar para o presente ano de 2011, 'Ano Tagore', à excelente mestra Antónia Marbán Vázquez.

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