Opinión

RAMÓN Mª ALLER, ASTRÓNOMO DE LALIM

Eu tivem a sorte de fazer os meus estudos secundários no Instituto Laboral de Lalim, situado no bairro da Cacharela, de 1958 a 1963. Este Instituto, no que muito aprendim, levava o ilustre nome de Ramóm Mª Aller Ulloa. Conservo como ouro em pano as memórias anuais do meu Instituto, que escreviam e editavam o estupendo director, felizmente aínda vivo, Juan Carmelo Doñate, e o secretário, magnífica pessoa, já desaparecido, António Losada. Com verdadeiro acerto, a Real Academia Galega das Ciências dedica hoje a quarta ediçom do 'Dia do Científico Galego' ao astrónomo de Lalim Ramóm Mª Aller. Matemático e científico excelente, pouco conhecido em muitos ámbitos, agás o das ciências, chegou a fazer a descoberta de quatro estrelas, um cráter da lua foi baptizado com o nome de Aller (o seu apelido), disenhou vários instrumentos para a observaçom do céu, e publicou um bom número de livros e artigos ao largo da sua carreira científica e como professor da universidade de Compostela. Quando tinha 82 anos, em 1960, o povo de Lalim, que muito lhe queria e admirava, dedicou-lhe uma merecida homenagem e foi descoberta, ao lado da igreja paroquial, uma formosa estátua de pedra, obra do extraordinário escultor de Cambados Francisco Asorei. Eu aínda lembro estas jornadas de homenagem, por encontrar-me em Lalim estudando naquela altura. Sem embargo muito poucas vezes pudem olhar em vivo e em directo a Dom Ramóm, dada a sua avançada idade e seus problemas de saúde. Uma vez foi na inauguraçom do curso académico do Instituto, ao que desde Corna me levou meu pai Juan. Quem sempre me falou muito bem da valia e dignidade deste astrónomo e científico, que tambem era um sacerdote exemplar.


Nascido o 3 de fevereiro de 1878 em Filgueiroa-Donramiro, faleceu em Lalim o 28 de março de 1966. Fez o bacharelato com os jesuitas de A Guarda e em 1904, com 26 anos, licenciou-se em Ciências Exactas pola universidade de Madrid. Foi sempre um extraordinário estudante. Em 1912 construiu na galeria da sua casa lalinense um observatório astronómico. Tal era já de jovem a sua paixom pola astronomia. Este foi o primeiro que existiu na Galiza e um dos mais importantes de Espanha. A Faculdade de Ciências de Compostela criou em 1944 a cadeira de Astronomia, que passou a ocupar polos seus merecimentos Aller Ulloa. A partires desse momento montou o observatório astronómico do campus universitário compostelano. Ademais dos seus numerosos artigos científicos publicados em revistas de todo o mundo, escreveu vários e importantes livros. Entre os que eu quero destacar especialmente : Princípios fundamentais da ciência dos números (1918), Introducçom à Astronomia (1943) e Astronomia a simples vista (1948). A sua paixom pola astronomia provocou-lha a sua avoa Camila Ulloa, quando sendo um rapaz seminarista lhe regalou um anteolho de 75 mm. Mais tarde teve um teodolito obséquio de Mª Lajosa. E com eles e outros instrumentos auxiliares da marina, montou o observatório e iniciou as suas observações sistemáticas do céu. Os resultados das mesmas foram publicados no anuário do observatório de Madrid. E assim começou o seu prestígio como astrónomo, polas suas descobertas, em Espanha, Alemanha, América e París. Porque nom quero esquecer-me tampouco, que Aller Ulloa foi um excelente políglota, chegando a dominar nada mais e nada menos que dez idiomas. E ademais de sábio (o seu currículum é impresionante), foi uma pessoa muito humilde, polo que era muito querido por todas as pessoas, de todas as classes sociais, na sua vila natal. Onde funciona, na sua antiga casa, um museu com o seu nobre nome.


Em 2008 a Academia Galega das Ciências, decidiu instaurar anualmente cada 26 de abril um dia dedicado a um científico galego destacado. Seguindo o modelo do Dia das Letras Galegas, iniciado em 1963 pola Academia da rua corunhesa das Tabernas. Em anteriores edições este dia esteve dedicado ao matemático Enrique Vidal Abascal (2008), o geólogo Isidro Parga Pondal (2009) e o engenheiro agrónomo Cruz Gallástegui (2010). Com este meu artigo, ademais de lembrar ao importante astrónomo de Lalim, terra na que me formei durante a minha juventude, quero fazer mençom tambem de dous astrónomos mais próximos, que colaboraram conmigo na ASPGP e nas Jornadas do Ensino. Em primeiro lugar, o murciano Simón García, que em bastantes edições das 'Jornadas' dirigiu com verdadeira maestria o Obradoiro de Astronomia. Logo secundado polo engenheiro ourensano Santiago I. Lucas, que durante vários anos coordenou e dirigiu a Agrupaçom Astronómica 'Lira' da nossa associaçom, e impartiu numerosos cursos e obradoiros, sendo o desenhador do Roteiro das Constelações que há na nossa cidade. E o autor do livro Obradoiro de Astronomia, aínda pendente de ser puiblicado. De ambos nasceu o grande entusiasmo que, depois do seu labor, houve pola astronomia na nossa cidade, para observar o céu e levar as actividades da astronomia às aulas dos nossos centros de ensino.

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