Opinión

VICENTE RISCO E A NOSSA LINGUA

Odia 30 de abril de 1963 falecia em Ourense Vicente Risco, faz agora 48 anos. Nos últimos tempos a sua figura está sendo muito controvertida. Com um grande debate em artigos de imprensa, entre estudosos e investigadores. Na maioria dos casos, os comentários nom têm em conta o contexto vital de Risco, a sua formaçom e leituras, a sua poliédrica personalidade, as muitas etapas polas que passou o seu pensamento e o ter sido um vulto importantíssimo para a cultura da Galiza. Recomendo ler o opúsculo escrito por Jesús de Juana, sobre ele, que me parece o mais acertado de todos. E a tese de doutoramento a ele dedicada polo inspector de ensino José Fernández, quando se edite. Aproveitando a data, e o estar às portas do mes de maio, o mais relacionado com as nossas letras, quero comentar o que Risco pensava sobre a lingua da Galiza. Na revista Nós, números 6 e 7 do ano 1921, editada em Ourense, Dom Vicente publica um estupendo projecto, que titula 'Plano pedagógico para a galeguizaçom das escolas'. Este plano, ademais de ser muito revelador de que Risco estava totalmente ao corrente das tendências educativas do momento, nom tem um mínimo desperdício. Para publicar em revistas especializadas estou a preparar um amplo artigo sobre o pensamento educativo risquiam. Esta vez quero comentar o que pensava sobre o nosso idioma. Destacando que durante bastante tempo asumia a escrita lusófona para a língua galega, tal como a que uso desde sempre eu nos meus artigos. No sexto apartado do projecto antes citado, baixo o epígrafe de 'O Galego na Escola', entre outras cousas, Risco escreve: 'O ideal seria que o ensino se disse em lingua galega'. Esclarece que sobre todo para que o mestre seja compreendido, alí onde a lingua materna dos rapazes seja o galego, como é o caso do entorno rural. Por isto sinala que nom se pode deitar para fora das aulas o nosso idioma, e se o fazemos estamos a promover o auto-ódio e o desprezo pola nossa Terra, ademais de matar o nosso pensamento e a nossa literatura, e favorecer a nossa baixa auto-estima secular.


Para Risco usar nas aulas o nosso idioma tem muitas vantagens pedagógicas. Entre elas destaca que desenvolve melhor a inteligência dos estudantes, favorecendo a compreensom dos conhecimentos. Empregando-o alternando com o castelhano, facilita a memória complicativa, favorece comparar ambos idiomas para chegar a falá-los, e influe muito na formaçom de sentimentos positivos. Como som o de amar mais a Galiza e formar o carácter dum jeito especial, pola musicalidade, dozura e suavidade que tem a fala galega. Neste tema Risco está-se adiantando em muitas décadas à ideia actual da importância que tem a inteligência emocional, e que há que desenvolver nos rapazes aprendizagens apreciativas. O que mais adiante escreve é muito significativo, mesmo para hoje: 'Ninguém pode pôr em dúvida a grande vantagem de poseer dous idiomas, no lugar de só um. Nom imos os galegos perder estupidamente esta vantagem, esquecendo a nossa lingua materna. Pois as nossas duas linguas que temos som muito importantes : a castelhana é uma das que se falam por maior número de almas no mundo. Ela ábre-nos todos os países de fala castelhana. A nossa, a galega, na sua forma portuguesa ? galego e português som dous dialectos de uma mesma lingua ? é uma das mais estendidas polo mundo, mais aínda que o castelhano. Ela ábre-nos todos os países de fala portuguesa ou lusófona. Tontos seriamos se perdéramos uma destas potentes armas de loita pola vida e de formaçom de cultura. O galego pode, com elas, abarcar duas civilizações'. A continuaçom Risco, depois do que asevera, sinala que nom se pode proibir que os rapazes se exprimam em galego, em todos os ámbitos e lugares e nas suas perguntas aos docentes. Que, usando o método comparativo, nas aulas os rapazes vejam as diferenças gramaticais e lingüísticas entre ambos idiomas. Que se lhe outorgue importância à leitura de poemas, contos e relatos, bem escolheitos, da nossa lingua, de forma graduada. Que as leituras sejam bem comentadas e explicadas e a literatura galega, e as suas figuras mais importantes, sejam estudadas convenientemente e com estratêgias adeqüadas. Que tambem, em especial os estudantes melhores, elaborem poemas, inventem e redactem contos e relatos em galego. No ponto sete do projecto acima citado, Risco escreve sobre o ensino das cousas da Terra: a geografia e história da Galiza, a vida de galegos e galegas ilustres, a arte galega, a literatura galega e as ciências e disciplinas práticas: agricultura, indústrias, labores e trabalhos manuais. Com aplicaçom à Nossa Terra. Mas, deste tema teremos que escrever outro dia.


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