Opinión

CARVALHO CALERO NA REVISTA 'NOS'

Quando Dom Ricardo Carvalho Calero tinha exactamente dez anos, fúnda-se em Ourense a revista 'Nós' por um grupo de intelectuais integrado, entre outros, por Vicente Risco, Otero Pedraio, Arturo Noguerol e Florentino Cuevilhas. Era o dia 30 de outubro de 1920, e este ano cúmpren-se os 90 anos da criaçom. Esta magnífica revista, aínda nom superada hoje, deu nome a toda uma generaçom de galegos que aportaram dignidade, cultura e saber à Nossa Terra, chamada Galiza por todos eles. Carvalho Calero, que em abril de 1927 ingressou no Seminário de Estudos Galegos (SEG), do que chegou a ser durante bastante tempo Secretário Geral, começou pronto a colaborar na revista criada em Ourense, 'Atenas da Galiza', por aquele entom. Tanto como criador literário que como crítico. A sua primeira colaboraçom, com o título de 'Deus', dá-se no número 49 do ano 1928, na sua primeira página. As suas colaborações literárias, especialmente poéticas, continuam em sucessivos números da revista.. No núm. 55, com o título de 'Manhã de outono' (ano 1928) e no 61 a 'Poesia' da primeira página (1929). Outras peças criativas foram : 'Cançom das lavandeiras' (núm. 76, ano 1930), 'Santa Cecília da Soidade' (96, 1931), 'O vir da primavera' (100, 1932), 'Semelhas ser somente' (106, 1932), 'Nasces na primavera' (115, 1933), 'Códio' (118, 1933), 'Tu apareciches' (123, 1934) e 'Choiva' (137-38, 1935).


Como crítico literário todos conhecemos a sua grande valia. O seu estupendo compêndio, aínda sem superar, História da Literatura Galega Contemporânea, é revelador do grande investigador literário que foi. Este labor já o amostrou suficientemente na 'Nós', publicando interesantíssimos estudos sobre obras, poemas, romances e ensaios, dos poetas líricos galegos contemporâneos seus, de Robert Burns, Bouça-Brei, Risco e a sua generaçom, Rosália, Curros e Juan Ramón Jiménez (num estudo comparativo), Gil Vicente, Dámaso Alonso, Blanco Amor, Branquinho da Fonseca, Augusto Casas, José Crecente Vega, Floréncio Delgado Gurriarán, Otero Pedraio e Antero de Quental nos seus sonetos. Som muito interessantes os seus estudos críticos titulados 'Olhada sobre a poesia lírica galega contemporânea', 'Balanço e inventário da nossa literatura', 'Ensaio histórico sobre a cultura galega, livro de Otero Pedraio', 'Poesias de Gil Vicente' e 'A generaçom de Risco', publicados respeitivamente nos números 87 (1931), 108 (1932), 118 (1933), 126-27 e 131-32 (1934).


Seria certamente de grande interesse que pola Fundaçom Meendinho (ou Agal e AGLP), fosse publicado um livro que recolhe-se todas as colaborações como crítico e literárias de Dom Ricardo no Boletim mensual da cultura galega e Órgao da sociedade 'Nós', conhecido como revista Nós. Que saira à luz entre os anos 1920 e 1936, graças aos ourensanos do famoso cenâculo, a Castelao e, posteriormente, quando marchou editar-se a Compostela, a esse grande galego que fora Ângelo Casal, vilmente assassinado polos fascistas em 1936. Tal publicaçom haveria de server para celebrar o centenário de Carvalho, os 90 anos da Nós, e para que as generações novas de galegos e galegas pudessem descobrir a valia dum grande galego, injustamente esquecido polos organismos oficiais da nosssa cultura, como foi Carvalho Calero. Educador, acadêmico, literato, filósofo, conferencista e grande polígrafo.

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