Opinión

NOM TODOS OS INDIANOS SOM HINDÚES

Um dos maiores erros que ao falar dos cidadaos da Índia se cometem, é tratá-los como hindúes. O termo hindú só se pode utilizar no ámbito religioso. Nunca quando falamos dum cidadao daquele belo e grande país, que é todo um sub-continente na Ásia. O erro cométe-no a diário numerosas publicaçoes e jornais, mesmo os que som muito rigurosos no seu livro de estilo. Tambem escritores, jornalistas, articulistas e inclusivê os autores de enciclopêdias de categoria e monografias diversas. Os cidadaos de qualquer estado da Índia som índios, se usamos o castelhano, ou indianos, se utilizamos o nosso idioma galego-português. A palavra 'hindú' nunca deve ser utilizada, por ser um termo religioso, nem com os que professam o hinduísmo. Naturalmente é muito grave usá-la quando a pessoa nom é hindú, pois pode ser cristiá, mussulmana, budista, jainista, parsi, judaica, do brahmo-somaj ou sikj. É certo que o hinduísmo é a religiom maioritária na República indiana, com perto de oitocentos milhoes de praticantes, mas nem por isso se pode utilizar o termo antes citado. De religiom mussulmana há mais de 140 milhoes, sendo Índia, depois da Indonêsia, o segundo país com mais praticantes da religiom mahometana no mundo. O que fica até os mais de mil milhoes de indianos, há que reparti-lo entre o resto das religioes antes citadas. Comento isto porque, com motivo do Festival de Cinema de Ourense, na sua décimo-quinta ediçom, na que uma das secçoes esteve dedicada a Tagore, tem saido algúns artigos e no programa do festival, este grave erro que hoje comento. Que é muito mais grave quando se usa com Robindronath e com o grande director Sotyojit Ray, que nom eram hindúes!


Eu, que levo dedicado toda uma vida à grande figura de Tagore, tenho que fazer o meu protesto por isto que considero grave, e que me provoca certo dessasossego. Por isto o fago, para tranquilizar a minha consciência, para ensinar aos que nom sabem e para fazer algo de didáctica, que foi esta sempre a minha actividade educativa desde princípios dos setenta. Tagore, com toda a sua ampla família, desde o seu avó Duorkonath até u último vestígio familiar, pertenciam a uma sócio-religiom chamada Brahmo-Somaj, que tem o seu templo principal no coraçom da antiga Calcutá (Kolkata), muito perto da primeira universidade da cidade bengalí.


O mesmo toda a família do mais grande director indiano Ray, começando polo seu pai Sukumar, excelente escritor, jornalista, desenhador e fotógrafo. Esta doutrina social fora fundada em 1828 polo Raja Ram Mohan Roy, amigo do avó de Tagore. Roy, do que eu conheço a casa bengalí onde nasceu na formosa localidade de Khanakul, está soterrado no cimitério de Bristol, e na mesma cidade británica, diante da catedral, existe uma formosa estátua sua. Dominava dez idiomas, o que lhe facilitou ler todos os livros sagrados das diferentes religioes. Assim, com grande acerto, decidiu criar uma sócio-religiom, fazendo uma síntese dos princípios que considerava mais positivos das religioes cristiá, mahometana, hindú, budista, judaica e outras. Aos que lhe agregou os da revoluçom francesa de liberdade, igualdade e fraternidade. Os que pertencem a esta confissom, denominados 'brahmos', muitos com cárregos importantes de docentes, advogados, médicos e juízes, respeitam todas as outras confissoes, mas defendem a igualdade do homem e da mulher, a educaçom desta e estam em contra da sua marginaçom. Igual que nom aceitam as castas e a idolatria, estando em contra de todo tipo de violência, a favor sempre da paz, da irmandade entre todos os seres humanos e de que Deus é único e está por cima de todo tipo de divisoes. Aproveito, por tanto, para pedir-lhe ao gerente do festival Henrique Nicanor, que nom use mais o termo hindú e que Tagore e Ray nom eram hinduístas no senso estricto do termo. Este pedido fago-lho tambem ao articulista do nosso diário Rivas Delgado, por certo, autor de artigos sobre cinema sempre acertados e formosos. Mas, aos filmes de Ray ou de outros directores nunca se deve dizer que som de tema hindú. Curiosamente a grande maioria nom o som, e quando aparece o tema é sempre tangencial ou colateral, em personagens muito concretos, que sim professam o hinduísmo religioso.

Te puede interesar