Opinión

Gran Hotel Roma

Ainda quente do prelo, sem lugar a dúvidas um dos presentes que mais gostei neste 53 aniversário, é o livro "Gran Hotel Roma". Editado e impresso no amado Ourense, promovido por Fernando Valcárcel González, de sublime diagramaçom, é um fabuloso trabalho de investigaçom sobre um dos edifícios mais emblemáticos da cidade das Burgas.

Além do coordenador desta autêntica obra de arte, som mais 13 os ourensans que escrevem sobre o "Roma".

Ao igual que a Casa do Povo, com a que compartilhava rua e pai, o genial arquiteto modernista Daniel Vázquez Gulias, o Hotel por antonomásia de Ourense, pereceu pola especulaçom urbanística do tardofranquismo, a cavalo entre finais dos sessenta e setenta.

Foi construído nos anos prévios à Revoluçom Bolchevique, sobre o que solar que tinha ocupado a mítica fonda do Cuanda, no que inicialmente era a estrada de Castela e posteriormente a rua do Progresso, nome que nem o fascismo logrou apagar.

Promovido por Emílio Garcia Rodríguez, família burguesa de Entrimo [Val do Límia], o seu elegante corpo constava de três andares de fermoso granito e ferro lavrado na fundaçom Malingre, culminado por umha terraça com torreom coroado por umha cúpula quadrangular de quatro caras esféricas unidas com umha estípite que finalizava em agulha.

O seu interior foi espetador de boa parte da vida social da cidade e das mudanças que se fôrom operando na luita de classes de Ourense.

Após a sua inauguraçom no verao de 1916, e basicamente desde que abriu a sua fermosa cafetaria, o "Roma" acolhia as mais variadas tertúlias políticas, literárias e artísticas.

Tal como o livro reproduz, seguindo as indicaçons da crónica épica das origens do falangismo local, escrito por Fernando Meleiro, publicada em 1957, o oxígeno da sua cafetaria antes da vitória da Frente Popular em fevereiro de 1936, era compartilhado polos quadros e militantes das diversas forças políticas. 

Cedistas, galeguistas, socialistas, japistas, calvosotelistas, socialistas e comunistas tinham asignada as suas respetivas mesas de mármore jaspeado.

Os de Benigno Álvares "ocupavam o melhor sítio, umha janela/observatório excelente nom só do interior do bar, também da rua. Controlavam aliás as entradas".

Na ideológica divisom espacial destacava a mesa do Governador, situada no fundo da esquerda.

 O Roma de antes e depois do golpe fascista de 18 de Julho, convovaca as tertúlias mais variadas da pequena burguesia: xadrecistas, médicos, escritores, pintores, ... Com toda provabilidade foi onde nasceu a revista Posio, aqui fôrom escritos no alvor dos cinquenta as coplas dos maios da "penha dos sábios". 

No seu grande restaurante tinham lugar banquetes de homenagem e celebraçons coletivas. Destacar a que foi a primeira iniciativa política antifascista após o holocausto galego. 15 de maio de 1966 acolheu e congregou a homenagem a Celso Emílio Ferreiro promovida polo PCE e a recêm fundada UPG. 

250 comensais arroupárom com a sua presença o poeta de Cela Nova, nos dias prêvios para o seu exílio/emigraçom à Venezuela. Foi um ato de genuína afirmaçom galega, e de oposiçom à depredaçom de Fenosa contra a comarca do Ribeiro com a construçom do encoro de Castrelo de Minho. Labregos do Ribeiro, estudantes e operários, compartilhárom mesa e reivindicaçons, com Outeiro Pedraio e Eduardo Blanco Amor, com Luis Soto e Ferrín, finalizando em camaradagem cantando o na altura proscrito hino nacional da Galiza.

A destruiçom do "Roma" é mais umha expressom das amargas tendências suicidas, do auto-ódio coletivo, inoculado no ADN de umha parte considerável dos habitantes deste fermoso país chamado Galiza.

Este livro contribui a resgatar do esquecimento umha das obras arquitetónicas mais destacadas da cidade do século XX. Apreendamos dos erros para evitar repetí-los.

Obrigado Íria Moreiras!

Te puede interesar