Opinión

AÍNDA FICAM ALGÚNS GALEGOS DIGNOS

Poucos, e sem embargo bons e generosos. Aínda ficam no momento histórico que estamos a viver algúns galegos com dignidade. Que durante toda a sua vida realizaram pola Nossa Terra um labor profundo e nom sectário. Na defesa da nossa língua, da nossa cultura e do nosso ser galego. Naturalmente, a escolha que fago neste meu artigo é subjectiva, em concordância com a minha particular opiniom. Polo que aceito poder estar equivocado na escolma que fez de galegos ilustres. Na que tenho prioritariamente em conta o seu amor por Galiza ao largo do tempo e o que nom foram sectários no labor desenvolvido, com outras pessoas e opinioes. Atitude, infelizmente, hoje pouco habitual neste noroeste peninsular, onde o livre-pensamento nom vende e, por tanto, nom está de moda.


Em primeiro lugar, quero eu destacar como galego enormemente digno a Isaac Diaz Pardo. Que vem de cumprir os seus noventa anos na localidade de Sada, na sua casa do complexo cultural e industrial de O Castro. Quánto lhe devemos os galegos a este homem! Que levou para a fronte as nossas indústrias culturais mais importantes e mais autênticas : Sargadelos, cerámicas e ediçoes de O Castro, museu Carlos Maside e o Instituto Galego de Informaçom. Foi ele o que manteve vivo o vínculo e o relacionamento com a emigraçom galega em América, e o que conserva como ouro em pano toda a documentaçom do Seminário de Estudos Galegos (SEG), que, desgraçadamente aínda nom temos recuperado. E recuperá-lo seria a melhor homenagem que lhe podiamos fazer a esta pessoa, que nos últimos tempos está a viver graves e injustas situaçoes nas sociedades que criou com tanto amor à Terra. Em segundo lugar, Francisco Fernández del Riego, com os seus nada menos que 97 anos de vida. Fructífera e modélica a favor de Galiza, nos seus múltiples escritos, nas suas obras, na editorial Galáxia e na excelente Fundaçom Penzol de Vigo. Como presidente da RAG desenvolveu um labor magnífico, respeitando todas as opçoes, sendo o único ? o que muito o honra ? que apoiou que se lhe dedicara o Dia das Letras Galegas a Ricardo Carvalho Calero. Proposta que nom teve sucesso no seu dia, nem o tem hoje. Avelino Pousa Antelo, presidente da Fundaçom Castelao, é outro dos nossos homens dignos, bom e generoso que eu muito aprécio. E que conheço desde há muito tempo, pois tinha família em Carvalheda, aldeia próxima à minha de Corna, no concelho de Pinhor. O seu estupendo labor na escola-granja de Barreiros e a promoçom da obra e pensamento de Castelao merecem o nosso aplauso mais sincero. Uma das cousas que eu, pessoalmente, mais lhe agradeço é que, graças a ele, por nom ser sectário, os reintegracionistas pudemos participar em Compostela, do 24 ao 29 de novembro de 1986, no Congresso Castelao, com motivo do centenário do seu nascimento, e as nossas ponências foram publicadas nas actas oficiais do congresso com a norma internacional do nosso idioma, que eu utilizo desde 1982. Aínda hoje há muitos jornais, revistas e editoras que nom o consintem. O que nom deixa de ser um ataque à liberdade de expressom. Este tema, quando por vezes me encontro com ele, sempre lho comento e lho agradeço. Em quarto lugar, eu incluo entre os dignos ao escritor José Neira Vilas, que mora em terras da Bandeira. Aínda me lembro do prazer que tinham os meus alunos da Escola Normal, dos anos setenta, ao ler o seu formoso livro Memórias dum neno labrego. Que eu propunha como leitura de pedagogia galega. Neira, aquí, e antes na emigraçom argentina e cubana, desenvolveu um magnífico labor a favor da nossa cultura, que sempre amou e defendeu.


Já, dentro das generaçoes mais próximas à minha, considero galegos muito dignos ao carvalhinhês Filipe Senem López Gómez, asesor cultural da Deputaçom corunhesa, e antes director do museu arqueológico do castelo de S. Antom. Ao nosso melhor lexicógrafo Isaac Estraviz, com morada actual em Santa Marinha de Águas Santas. E ao professor da universidade de Vigo, José Martinho Montero Santalha. Entre as mulheres dignas incluo eu a Mª José Queizam e Marilar Aleixandre. E, entre os políticos, hoje absurdamente no desemprego, a Camilo Nogueira, José Manuel Beiras, Pablo G. Marinhas e Claúdio López Garrido. Entre os políticos em activo eu nom encontro a nenhum com dignidade completa. O que sinto de verdade.

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