Opinión

Alexandre Bóveda, ourensano digno

Entre os muitos ourensanos dignos, como Ben-Cho-Shei, Otero, Cuevilhas, Ares de Parga, Fernández Mazas, Risco, Prego, Failde, Lamas, Prado Lameiro, Basílio Álvarez, Joaquim Lourenço, Blanco Torres, Alberto Vilanova, Tovar, Curros, Paz Nóvoa, Taboada Chivite, Jacinto Santiago, Manuel Suárez, Albino Núnhez, Pura Vázquez, Amadeu Varela, Quessada, Juan José Gil...,há um que brilha com luz própria. Alexandre Bóveda tinha nascido na rua ourensana da Barreira o dia 7 de junho de 1903. Grande amante da música e dos desportos, tinha uma inteligência pouco comum. Que o levou a ter grande sucesso em todos os seus estudos e aprovar as oposiçoes em Madrid para a Fazenda, obtendo o número um. Tanto era o seu saber, o seu nível e a profundidade dos seus conhecimentos na matéria. Produto, especialmente, das suas múltiples leituras na biblioteca do Ateneo madrilenho. E a sua formaçom prévia nas academias Vilhar da cidade natal e Reus da capital do estado, onde tambem, polo grande nível que tinha, terminou por ser professor preparando os opositores mais atrasados.


Em Bóveda é tam importante a sua valia profissional e o seu talento, como o seu amor profundo por Galiza, pola nossa língua universal e pola nossa cultura. Sem temor a equivocar-me, afirmo que estamos diante de uma das pessoas mais dignas que deu a Nossa Terra. Tam digna e tam excelente, que mesmo renunciou ao posto importante que o mesmo dia de triunfar na oposiçom lhe ofereceu o ministro Calvo Sotelo, para encarregar-se do oportuno desenho para salvar naquela altura a moeda oficial, em situaçom muito frágil. Tudo para vir para a sua amada Galiza. Que nom pudo ser na cidade de Ourense, por nom existir praça, e teve que ir para a Delegaçom da Fazenda de Ponte Vedra.


O seu amor à Terra era tanto, a sua bondade, os seus valores éticos, o seu galeguismo racional e nom extremista, os seus profundos conhecimentos em muitos temas, que o seu labor foi importantíssimo como Secretário Geral do Partido Galeguista republicano. Ademais de galeguista, era um demócrata convencido e um cristiano modélico e exemplar. Por isto é muito difícil entender -como no seu momento o foi tambem para ele- porque terminou por ser assassinado polos fascistas o dia 17 de agosto de 1936, na Caeira pontevedresa.


Polo emocionante que é , polo bem redactado que está, e por dar a conhecer uma pes soa ourensana e galega tam digna, eu recomendo ler, aos meus alunos e ex-alunos, amigos e leitores, o livro escrito por Gerardo Álvarez Galhego, ‘Vida, paixón e morte de Alexandre Bóveda’. Ademais do ‘Sempre em Galiza’ de Castelao, dedicado precisamente a Bóveda, ao que o de Rianjo apreciava e admirava, todos os galegos e galegas deveriam ler o livro antes citado. Arredor da data do 17 de agosto, que para os galegos bons e generosos ficou como o Dia da Galiza Mártir. No que ademais de Bóveda, temos que lembrar a outros galegos tambem dignos vilmente assassinados. Qué nom voltem ao nosso país mortes como aquelas! E como a tam injusta e tam infame de Bóveda. Que pediu comungar antes de ser fussilado. Termino com um treito do seu discurso pronunciado perante o júri fascista que o condenou a morte: ‘A minha pátria natural é Galiza. Amo-a fervorosamente. Jamais a traiçoaria, embora me concedessem séculos para viver. Adoro-a até mais alá da minha morte (...) Se nom posso, até me gostaria morrer pola minha pátria. Sobram as palavras. Castelao afirmou de forma acertada: ‘Nom enterram cadavres, enterram semente’.


Professor Numerário da Faculdade de Educaçom de Ourense

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