Opinión

Amor na súa Aúria

Pola nossa idade conhecimos pouco a Eduardo Blanco Amor. Aínda nos lembramos, sem embargo, de quando o levava Carlos Casares às sessoes do Cine Clube ‘Padre Feijóo’ que desenvolviamos nos anos setenta no Cine Mari, Emílio Losada como presidente, e nós como secretário. Tambem quando organizamos vários anos as ‘Jornadas do Cinema de Ourense’, nas que, entre outros, tambem colaborava Luís Álvarez Pousa, e um ano Manolo Rivas. Lembramos tambem a incompreensom que teve para com o cineasta ourensano Eloi Lozano, que queria rodar ‘A Esmorga’. Em vez de ceder-lhe os direitos a Eloi, preferiu vender-lhos ao asturiano Gonzalo Suárez e assim saiu o engendro de filme que saiu. Eloi, pessoa tam extraordinária e tam injustamente pouco valorada em Ourense, como outros muitos de nós, poderia contar melhor todo o que se passou neste tema. Com verdadeira tristura agora vimos de inteirar-nos que Eloi Lozano já nom o pode fazer. Um repentino infarto vem de por fim à sua vida física. O escritor tinha o complexo de que era um perfeito incompreendido e estava sempre à defensiva. Tanto aquí como na emigraçom. A verdade era que era muito raro e ególatra. Tanto como grande romancista. Pois todas as suas obras som magníficas. ‘La catedral y el niño’, ‘Os biosbardos’, ‘Xente ao lonxe’, ‘Farsas para títe res’ e, especialmente, ‘A Esmorga’, publicada por Citánia de Buenos Aires em 1959. Para nós a melhor novela galega de todos os tempos. Cuja acçom transcorre na nossa cidade e este ano celebramos os cinqüenta anos da sua primeira ediçom.


A vivência maior que temos da nossa relaçom humana com Blanco Amor foi quando, sendo delegado do ministério de cultura em Ourense o nosso grande amigo, que muito apreciamos, Amando Prada Castrilho, decidiu constituir o Conselho Provincial de Cultura. Para o que contava com a aprovaçom do ministro de entom, o galego Pio Cabanilhas. O dia que se constituiu nos locais da Torre, ao lado do Ateneu, todos os que formavamos o mesmo tinhamos decidido que o presidente fosse Joaquim Lourenço. Porque tinha melhores qualidades para o relacionamento humano e todos o apreciavamos muito. Logo de uma mais que larga e ágria hora de debate, teve que romper a acritude Dom Joaquim ao dizer que era bem que fosse Eduardo o presidente e nom ele, que nom lhe importava ser. O ego do romancista era tanto que nom teve a humildade de aceitar ao etnógrafo de Lobeira. E o conselho, finalmente, constituiu-se com Blanco Amor de presidente. Amando Prada tem que lembrar isto. Um Amando Prada, graças ao que se salvou o cine clube ao ceder os locais da casa de cultura da rua do concelho para as suas sessoes. Onde aínda devem estar os famosos projectores OSSA VI, que foram do Avenida, antes de ir para o colégio das freiras de Maceda. Por um casual o outro dia, despois de estar ao lado da formosa estátua de Blanco Amor, criada polo nosso amigo e escultor José Cid, situada por tras do Liceu, encontramos a Daniel Barata e a sua esposa Mª Esther, que nos comentaram que iam ao Simeón a um acto de homenagem a Blanco Amor. Nom o duvidamos e acompanhámo-los. E que boa foi a nossa decissom. Porque o acto foi extraordinário e bem merecido, pola valia literária do nosso escritor. Baltar, que é muito inteligente, obrigou a que presidí-se o mesmo esse galego tam digno que é Isaac Diaz Pardo. Que nos deleitou com os seus recordos e anécdotas. Forcadela falou muito bem de A Esmorga. O discurso de Freixanes foi lindo e emotivo. O de Tosar muito ilustrativo. Como sempre, Baltar estivo lúcido e acertado. Ao final felicitámo-lo por ter a sensibilidade de dar-lhe o protagonismo a Diaz Pardo. E comentámos-lhe que devia fazer esforços perante o novo governo galego para homenagear a Isaac, recuperando o Seminário de Estudos Galegos. Finalmente, aínda que de forma póstuma, a Aúria de Blanco Amor reconhece a valia do seu romancista.


(*) Professor Numerário da Faculdade de Educaçom de Ourense Blanco

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