Opinión

Amor polas ârvores e a poesia

Com a chegada da primavera, a estaçom do amor como acertadamente denominava Caro Baroja, inícia-se um muito rico ciclo de festas relacionadas com a vida e a natureza. Nom é por casual que o 21 de março, o mesmo dia que começa, se celebre desde há séculos em muitos países do mundo o dia e festa da ârvore. Nem que, já mais recentemente instaurada, no mesmo dia tenha lugar a festa da poesia. E que ao dia seguinte, dia 22, se comemore a festa da água. Esse grande bem, igual que o ar, que muitas pessoas nom chegam a valorar o prezado que é para a vida de todos os seres vivos. A água, as ârvores e a poesia estam intimamente unidas ao amor com maiúsculas. E a primavera é, por excelência, a estaçom do amor. E sem amor nom existe vida. Vida e amor vam intimamente ligados. Por isso temos que aproveitar estas datas tam significativas para fomentar nas crianças e nos jovens o aprécio polas ârvores, a poesia e a água. O amor pola Natureza e pola beleza das palavras engarçadas em poemas. E isto desde os ámbitos da escola familiar, desde as aulas escolares de todos os níveis do ensino e desde a escola paralela dos médios de comunicaçom de massas.


As aprendizagens apreciativas, vinculadas aos sentimentos, à afectividade, ao amor, à alegria, à bondade e à beleza, som as mais valiosas de todas as aprendizagens. Porque som aquelas que permanecem ao largo de toda a vida nas pessoas. Nom som efímeras, som permanentes e, por tanto, estam influíndo em todas as nossas actuaçoes vitais. Na nossa relaçom com o entorno e na nossa relaçom com os semelhantes. Isto tinham-no muito claro os grandes pedagogos que houve no mundo. Que nos deixaram os seus modelos educativos para a posteridade. Todos os pedagogos da Escola Nova europeia, nomeadamente Reddie, Geheeb, Demolins, Decroly, Ferrière, Freinet e Cousinet, organizavam com os seus estudantes nas suas escolas actividades artísticas e lúdicas arredor da festa da ârvore. Igual o faziam na ILE esses grandes pedagogos nossos como Giner e Cossío. E o grande Tagore na sua Santiniketon. Onde precisamente nom se levam as ârvores à classe, senom que se trasladam as classes para celebrá-las baixo a sua sombra, a sua protecçom e os cantos dos pássaros pousados nas suas folhas. Na nossa biblioteca temos formosas monografias sobre a festa escolar do dia da ârvore em todas as escolas antes citadas. Das estratégias didácticas utilizadas e das actividades postas em prática : recitais, música e cantigas, teatro, desenho, modelado, manualidades, jogos, textos criativos, murais colectivos, ervolârios, jogos dramáticos, etc. Girando todo arredor do tema. Que na actualidade teriamos que ampliar aos temas da água e da poesia.


Muito mais importante que transmitir conhecimentos é fomentar nas pessoas atitudes positivas. De respeito pola Natureza e, por tanto, por ârvores e animais e polas pessoas, que às vezes parece que esquecemos que som seres vivos. Atitudes de disfrute da beleza da Natureza, da paisagem, de flores e de frutos e da beleza da poesia. Fazendo que logo nom destruam as ârvores, com talas e fogo (que, por desgraça, já começou em algúns lugares da Nossa Terra). Nom contaminando nem fontes, nem rios, nem o nosso mar. E disfrutar lendo os poemas de Machado, Rosalia, Curros, Drummod de Andrade, Ferreiro, Cecília Meireles, Tagore, Jiménez, Neruda, Pondal, Novoneira, Manuel Maria, Avilês de Taramancos e Pura e Dora Vázquez. Entre outros e outras.


Sem esquecer, como Castelao primorosamente escreveu no Sempre em Galiza, que a ârvore é o dom mais nobre que Deus nos deu. Sem pedir-nos nada, dá-nos a sombra, as flores e os frutos, a madeira, consume de noite o anhídrido carbónico e na morte dá-nos as travessas do cadaleito. Nom nos pode dar mais. Igual que a vaca e a água, na Índia as ârvores tambem som sagradas. E nós temos três ârvores excelentes : o carvalho, o castinheiro e a nogueira. E formosas carvalheiras.


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