Opinión

Ano da astronomía

O ano 2009, próximo a terminar, foi declarado como Ano Internacional da Astronomia. A verdade é que nom se notou muito a sua celebraçom. Embora sim se tenha falado sobre Galileu e Copérnico em abundantes artigos de revistas e jornais. Uma das mais formosas actividades educativo-didácticas é trabalhar nas aulas dos diferentes níveis do ensino, de forma prática, a astronomia. Ciência apaixonante, que já entusiasmava os cidadãos das antigas culturas orientais, greco-latinas, azetecas e maias. Se os docentes organizam nas suas escolas obradoiros de astronomia podem atrair para o estudo de astros e planetas, do céu, do sol e da lua, das constelações e do universo, crianças e jovens. Construindo pequenos teodolitos, medidores de estrelas, relógios de sol, singelos telescópios manuais e outros pequenos aparelhos. Simplesmente com madeira, cartom, arame e cartolina. Realizando com os estudantes em noites claras alguma observaçom nocturna do céu e das estrelas. Para que vaiam reconhecendo as constelações e as suas formas: Ursa Maior e Menor, Centauro, Cassiopeia, Lira Desenhando nas aulas de plástica mapas das mesmas, as fases da lua, os movimentos da Terra, etc. Ou fazendo o roteiro das constelações que existe, totalmente abandonado, na nossa cidade. O desenho deste roteiro fora realizado polo engenheiro ourensano Santiago Iglesias Lucas. Que quando foi inaugurado, de forma lamentável e indigna, os responsáveis do nosso concelho (que aproveitaram o projecto para lograr a oportuna ajuda europeia), nem citaram a autoria do projecto, nem convidaram para a inauguraçom o seu desenhador. Som cousas que se passam a miúdo na nossa cidade. Onde muitas vezes há ausência de nobreza.


Dedico o meu artigo de hoje ao engenheiro Lucas. Um cientista sensível, um verdadeiro artista e um jovem intelectual ourensano que, como muitos outros, teve que emigrar da cidade onde nasceu e estudou. Desde há tempo encontra-se trabalhando em Niza na famosa empresa Amadeus. Onde se casou e onde oferece a sua sabedoria criativa a empresas forâneas, infelizmente nom nossas. Mas esta é a fraca sorte que nos toca viver a galegos e ourensanos. Na distância vai também a minha lembrança para o professor murciano Simon Garcia, pioneiro no desenvolvimento de obradoiros de astronomia para docentes em escolas de verão. Que tivemos a sorte de contar com a sua presença durante vários anos nas nossa Jornadas do Ensino a finais dos oitenta e princípios dos noventa. Foi precisamente nas suas aulas práticas de astronomia onde o engenheiro Lucas se apaixonou por esta ciência, sendo o continuador das mesmas actividades na associaçom que tenho a honra de presidir. É o criador da secçom da mesma, denominada Agrupaçom Astronomica ‘Lira’ da ASPGP. Também colaborou durante um tempo com o nosso La Región, escre vendo interessantíssimos artigos sobre astronomia no galego internacional reintegrado. Lucas foi também durante anos o desenhador dos nossos maios enxebres e artísticos, que conseguiram prémios em cada uma das edições. Há tempo que nom sei nada dele. Em Ourense mora a sua mãe.


E agora que me encontro na Índia e, em concreto, na localidade tagoreana e bengalesa de Santiniketon, nom posso deixar de citar que o maior e mais antigo observatório astronómico ao ar livre do mundo se encontra na cidade de Iaipur, situada a uns 200 quilómetros de Deli. Leva o nome de ‘Iantar Mantar’. Entre outros, conta com observatórios para observar o céu e as estrelas, o sol e as constelações. Já no Rig-Veda, livro sagrado para os hindus, 2000 anos antes de nascer Jesus, se apresentam interessantes dados astronómicos. Porque a astrologia, também muito apreciada na Índia, é outra cousa diferente. A astronomia é ciência e a astrologia nom. Noutro artigo próximo falarei disto. Prometo, quando viaje a Deli, acompanhado do meu aluno Toton Kundu, fazer uma visita à cidade vermelha de Iaipur. Entom visitaremos o seu observatório astronómico e falarei dele num artigo. Que dedicarei ao maior astrónomo galego da história, descobridor da estrela Alher, apelido de Ramom Maria Alher Ulhoa de Lalim. Que lhe deu o nome ao meu Instituto e ainda se conservam os seus observatórios lalinense e compostelano. Este na Universidade de Compostela. Em Lalim existe uma formosa estátua do nosso grande astrónomo, criada por o excelente escultor cambadês Asorei.


(*) Professor Numerário da Faculdade de Educaçom de Ourense

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