Opinión

Ares de Parga, pedagogo ourensano

O dia 31 de julho de 1865 nascia na nossa cidade de Ourense o grande pedagogo republicano Ignácio Ares de Parga Conde, filho de Manuel e de Melchora. Vêm de cumprir-se, por tanto, os 144 anos do nascimento de tam importante como desconhecido educador para a maioria dos ourensanos. Alberto Vilanova, no seu magistral livro de dous volumes Os galegos na Argentina, fála-nos da sua figura, das suas amizades e actividades, por dados recolhidos do seu filho Manuel S. Ares em Buenos Aires. Onde Ignácio morou desde 1885, e faleceu o 22 de dezembro de 1922.


A nossa companheira e amiga, professora na Faculdade de Educaçom ourensana, Mª Carme Pereira, realizou no seu dia a sua tese de doutoramento (aínda inédita) sobre as escolas de emigrantes do Val Minhor. Criadas pola Uniom Hispano-Americana do Valhe Minhor (U.H.-A. V.M.), sociedade de instrucçom dos emigrantes daquela comarca na Argentina, levaram à prática o modelo pedagógico desenhado por Ares de Parga, que periodicamente viajava como inspector das mesmas para visitá-las, desde o país austral. No interessante Boletim da entidade recólhem-se infinidade de notícias, com ilustraçoes, sobre as actividades das escolas e numerosos artigos pedagógicos, muitos da autoria do nosso pedagogo. Sobre o que tambem investigaram no seu momento outros historiadores galegos da educaçom, como Antom Costa, José Manuel Malheiro e Vicente Penha Saavedra.


Mas, quém foi o nosso prócer? De família ourensana muito culta, recebeu desde criança uma educaçom esmerada, estudan do o bacharelato e a carreira de magistério na nossa cidade. Para marchar logo a Madrid a ampliar os seus estudos, nada mais e nada menos que na ILE criada, entre outros, por Francisco Giner de los Ríos em 1876. O maior institucionista ourensano da história foi, sem dúvida alguma, Ignácio. Que ademais contou com a amizade e aprécio mais profundo de Giner. E com o que manteve uma prolongada correspondência epistolar desde a capital argentina. A onde emigrou, com outros em 1885, para ensinar matemáticas (do que era um bom especialista), na prestigiosa Académia Británica bonaerense.


Entre as muitas e importantes tarefas realizadas por ele na Argentina, destacam especialmente as educativas e pedagógicas e as de fomento do republicanismo, nomeadamente entre os galegos. Foi alí o líder intelectual dos nossos emigrantes, junto com Antom Alonso Rios. Em 1904 fundou o Centro Republicano Espanhol, e manteve relacionamento com destacados republicanos, como Salmerón, Pablo Iglésias, Lerroux, Blasco Ibánhez e Basílio Álvarez. Teve como hóspede por um tempo na sua casa ao eminente professor Adolfo Posada. Foi uma pessoa tam activa que, polo seu compromiso ético e republicano e o seu senso regeneracionista, moderado e realista, criou e participou como membro em numerosas entidades e sociedades ligadas ao republicanismo. Formou parte da Comissom redencionista dos foros galegos, e participou activamente na Associaçom Patriótica (1896), Liga Republicana (1903), Juventude Republicana e Centro Republicano Espanhol (1904), antes mencionado, e no Círculo Espanhol Republicano (1907).


Nom menos importante foi o seu labor pedagógico, chegando a ser altamente considerado neste campo polo próprio governo argentino. Ademais de docente na Académia Británica antes resenhada, foi membro do Consejo Nacional de Educación da República Argentina, como catedrático de ensino superior. Promoveu variadas associaçoes profissionais dos mestres argentinos como ‘El Magisterio’, ‘Associación de Protección Mútua’, ‘Asociación Pro-Maestros de Escuela’ e ‘Sociedad de Educación Industrial’. Em 1893 casou com a professora argentina Clara Raffo, e em 1912 publicou um interessante livro baixo o título de Puntos de vista educacionales. La escuela argentina. Fundou a Agrupaçom Regionalista A Terra, da primeira Casa de Galiza em Buenos Aires e do Banco de Galiza. Escreveu numerosos artigos em muitas publicaçoes da emigraçom galega. Foi, de 1911 a 1915, director do Boletim da U. H.-A. Pro Valhe Minhor. Onde publicou uma quinzena de interessantíssimos artigos educativos. Seguindo o modelo pedagógico da ILE, que sempre defendeu na teoria e na prática. Nom é casual que Vicente Risco, em 1921, na revista Nós, lhe dedicasse a Ares de Parga o seu excelente artigo ‘Plano Pedagógico para a Galeguizaçom das nossas escolas’. Este nosso pedagogo foi tam importante que aínda nom compreendemos bem porque alguem nom tenha realizado uma tese de doutoramento sobre a sua figura.


(*) Professor Numerário da Faculdade de Educaçom de Ourense

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