Opinión

O ARTESANATO ESTÁ VIVO NA ÍNDIA

Ademais da desbordante e formosa natureza que existe na Índia, e especialmente em Bengala, uma das mais lindas cousas que se mantem vivo neste país é o artesanato. Resulta enormemente prazenteiro visitar as numerosas feiras onde se vendem todo tipo de peças, falar com os artesãos e visitar as suas oficinas ou obradoiros. Esta arte mantem-se viva e pujante porque som muitos os da quarta casta, chamados sudros, que no dia a dia criam as suas obras. Por outra parte, porque a maioria do que elaboram com as suas mãos é de uso quotidiano e corrente. Capítulo aparte merecem os kumorguli ou oleiros, que trabalham de forma magistral o barro, desde tempo imemorial. No seu dia já escrevi sobre os oleiros de Pamchmura em sendos artigos. Tambem os que criam as imagens dos santos e santas hindúes para as numerosas festas que existem no calendário hinduísta ao largo do ano, que som efímeras e, sem embargo, muito formosas. Em Calcutá (Kolkata) existe um bairro completo com os obradoiros destes artistas, que quase todos se apelidam Pal. Como vendem todas as peças que elaboram nos sucessivos festivais, normalmente nadam na abundância económica. Por nom serem de casta alta, destaca em todos eles e elas o carácter agradável, alegre e sensível, nom tendo orgulho algum. Por isso é grande prazer estar com eles, falar do seu ofício e desfrutar da sua bondade, generosidade e paciência quase franciscana.


Como já falei no seu momento dos kumorguli (oleiros) e dos murtisilpi (escultores das estátuas efímeras), esta vez quero dedicar-lhe o espaço que merecem aos outros artesãos. Os que trabalham com todo tipo de materiais : madeira, pele, telas, iute, vidro, pedra, ervas de arroz, papel, cartom, flores, arame, ferro, cobre, bronze, elementos da natureza, fios de cores para bordar, lá, folhas de palmeiras, frutos secos, cascas de coco e otros muitos materiais. Em toda a comarca na que está situada a localidade de Santiniketon, nos seus numerosos povos e aldeias, moram infinidade de artesãos, que elaboram formosas peças. É seguro que por influência das escolas artesanais tagoreanas, criadas por Tagore no ano 1922 em Sriniketon. Tambem pola Faculdade de Belas Artes da sua Universidade Internacional de Visva-Bharoti, a mais dinámica do campus. Na que estudam muitos alunos vindos de todas as partes da Índia, de todos os países da Ásia e algúns de Europa, inclusivê Espanha.


A primeira feira importante de artesanato já foi criada polo pai de Tagore, Devendronath, no ano 1894 nesta localidade. Todos os anos durante uns dez dias, com o nome de 'Poush Mela', entre as datas do 20 ao 30 de dezembro, celébra-se esta grande e imensa feira na Morada da Paz tagoreana. Milheiros e milheiros de pessoas, vindos de toda a República e, especialmente de Bengala e a sua capital Kolkata, invadem esta localidade. Cesteiros de Murshidabad, oleiros de Bamkura, desenhadores de Medinipur, ferreiros de Kamar, artesãos de Siuri, Hugli, Bolpur, Bordhoman e muitos outros lugares, dam vida a esta feira anual. Quero destacar tambem que todas as tardes dos sábados, desde o ano 2000, celébra-se ao lado do rio Kopai, numa bela paragem próxima, uma feira semanal de artesanato. Á que acodem artesãos das aldeias próximas com os seus trabalhos. É muito visitada, e solem vir muitas pessoas de Kolkata, que está por trem a uns 140 quilómetros.


Por quantidades pequenas de rúpias podes comprar verdadeiras maravilhas. Uma colcha bordada a mão e a cores por umas duas mil rúpias (um euro som 60 rúpias). Cadeiras de madeira ou bímbio, saias pintadas com o sistema batik, colarers de todo tipo, lapiseiros, figuras em todo tipo de materiais, brinquedos, quadros, postais com motivos da natureza, bolsos e carteiras de pele, ráfia, iute, palha de arroz, etc. Asistir a estas feiras, ademais de passar o tempo de forma agradável, se compras a muito bom preço algo, ajudas às famílias dos artesãos, que vivem destes seus trabalhos artísticos e populares. Mesmo há rapazes e rapazas com as suas modestas obras, aos que sempre ajudo comprándo-lhes algo. Tenho tirado muitas fotos destas feiras, algumas muito lindas. Paralelamente, tambem nas mesmas desfruto dos grupos de cantigas dos 'baúles' ou músicos ambulantes. Cujos cantares têm tanto ritmo que animam a dançar.

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