Opinión

Bunho e Pamchmura

No passado 16 de Dezembro, aproveitando o dia de descanso das quartas-feiras de Santiniketon, voltei de novo a Pamchmura por quarta vez desde que venho a Bengala. Acompanhado polo meu estudante de galego-português e castelhano Toton Kundu, aluguei um táxi para visitar de novo a mais famosa vila de oleiros de toda a Índia. Na qual todas as famílias se dedicam inteiramente a uma das artes populares mais antigas do mundo. O lugar é aqui tam famoso que o cavalo de barro que elaboram as mãos dos kumorguli (oleiros) desta formosa vila é o símbolo na publicidade do artesanato da República indiana. De novo, para chegar a este belo lugar do distrito de Bamkura, passamos pola fraga de Illiambaiar, por Panagor, por Durgapur, por Taldangra e antes cruzamos os rios Olhoi e Samli. Rio este último que resenha Tagore na sua linda obra teatral ‘O carteiro do rei’, na cena entre o protagonista Omol e o vendedor ambulante de requeijinhos ou Doiuala. Que, curiosamente, é vizinho dos oleiros de Pamchmura. Durante toda a manhã voltei a ser feliz na praça principal desta vila entre numerosas crianças, oleiros e as suas mulheres, peças de barro a secar e numerosos apeiros para trabalhar o campo. Que aqui é quase todo de barro vermelho (em bangla, ‘lal mati’). Como nom é a primeira vez que os visito, já sou muito conhecido, admirado e apreciado por todos eles. Ficam ademais surpreendidos dos meus rudimentares conhecimentos do seu idioma bengali. Tirei muitas fotos e já lhes enviei as cópias para todos eles. Desta vez portava um álbum de fotografias dos nossos oleiros de Bunho, do concelho corunhês de Malpica. Que ofereci à Associaçom de kumorguli de Pamchmura e entreguei ao seu representante Tapos Kumbokar. Porque o meu desejo e ilusom é estabelecer uma geminaçom entre a nossa vila mais importante na conservaçom desta bela arte que é Bunho e a mais famosa vila de oleiros de Bengala-Índia que é Pamchmura.


No passado mês de Agosto, acompanhado da minha esposa Ana, visitei Bunho, para ver de novo a sua magnífica Mostra de Olaria, na sua vigésimo sexta ediçom. Organizada na sua estupenda Casa do Oleiro, onde também existe um museu dedicado a esta arte, durante quinze dias do mês de Agosto, vem-se celebrando desde o ano 1984, em que teve lugar a primeira ediçom. Merece a pena deslocar-se a Bunho para desfrutar da mostra oleira e do trabalho artesão dos mais de quinze oleiros da localidade, que fazem ser esta vila aquela galega onde melhor se mantém esta tradiçom. E que me perdoem os de Ninho d’Águia e Gundivós. Esta vez levei um álbum com fotos dos oleiros de Pamchmura, que entreguei ao director da Mostra e presidente da associaçom de oleiros da localidade, Antonio Pereira O Rulo. Comentei-lhe eu o meu interesse por estabelecer o intercâmbio entre os oleiros da sua vila e os de Bengala. Mostrando grande interesse e comprometendo-se a negociar com as diferentes instituições galegas e corunhesas para lograr o apoio económico oportuno. Para, como primeira actividade, convidar três oleiros de Pamchmura para vir à ediçom vigésimo sétima da Mostra do ano 2010. E participar nas diferentes actividades, permanecendo em Bunho, Malpica e Galiza uns vinte dias. Para conhecer, nom só as artes oleiras, como também as outras manifestações artísticas. Que também se amostram em Bunho. Como a cestaria, as artes de pesca e arranjo de redes das redeiras, as bilreiras e os antigos ofícios da Nossa Terra. Tenho a esperança de que o meu desejo se possa pôr em pratica. Os oleiros de Pamchmura também estám muito entusiasmados.


(*) Professor Numerário da Faculdade de Educaçom de Ourense.



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