Opinión

O carteiro do rei

Em 1912 Robindronath Tagore escreveu, para ser representada polos rapazes da sua escola nova de Santiniketon, uma formosa obra teatral com o título em bangla de “Dakghor”, que significa “Correio”. Existe a linda traducçom castehana levada a cabo desde o inglês por Zenóbia Camprubí, e em galego-português pola poeta brasileira Cecília Meireles, com o título de O Carteiro do Rei.

Esta preciosa obra foi representada polos alunos da minha primeira escola, a número 5 do bairro de Marinhamansa, em 1969, e, em 1971, polos da minha segunda escola do colégio “Virgem de Covadonga”. O protagonista, de nome Amal (em bengalí é Omol), é um rapaz de grande sensibilidade, que por estar doente, nom pode sair da casa e vai falando desde a varanda do seu balcom com todos os que passam pola rua. A sua maior ilusom é receber uma carta do rei, que lhe tinham prometido que ia chegar pronto. Ao final da obra a dita carta chega e a alegria para o rapaz é imensa. Tambem no acto final do drama, aparece a rapaza que vende flores chamada Sudha, que lhe pede ao pai adoptivo do rapaz, agora dormido, que lhe diga que nom o esqueceu. Como tampouco o Carteiro do Rei, portador da carta. Aproveito esta linda obra tagoreana, da que tanto gosto, por todos os valores humanos que representa, para dedicar o meu artigo de hoje a esses grandes servidores públicos que som os carteiros e carteiras do rural e urbanos, e a todos os funcionários do nosso serviço de Correios. O melhor serviço que tuvemos e temos em Espanha de todos quantos existem. Tema sobre o que já tenho escrito outras vezes.

Escrevo isto, para solidarizar-me com eles polas suas reivindicaçoes bem justas, neste momento no que todos eles, de maos dadas, estam a loitar para impedir que se privatize o serviço de correios. Um serviço que foi sempre público e tem que seguir sendo. Um serviço que permite que as cartas cheguem a todos os lugares, e mesmo aos mais recónditos. Um serviço que se desenvolveu sempre de maneira exemplar polos funcionários do mesmo. Um serviço que tem que sustentar, como a segurança social, o Estado. Pola sua importância e polo seu grande interesse público a favor dos cidadaos. E para que estes, morem onde morem, recebam a diário o seu correio e as suas cartas. Mas um serviço, hoje em grave perigo de privatizar-se, como aconteceu no seu dia com o de telefones. Que foi um roubo indigno a toda a cidadania do nosso país. E agora um governo, tam desnorteado nos últimos tempos, quere dar-lhe o pau de graça a este serviço público tam importante.

Nom compreendemos nada esta cortedade de miras do ministério do ramo, presidido por um galego. Por isto os trabalhadores de correios, todos unidos, com o apoio dos sindicatos, vêm de iniciar uma grande campanha estatal para impedir o que seria o maior desaguisado de todos, privatizar este serviço que funcionou sempre bem. Um verdadeiro contra-sentido, que se se chega a produzir, nunca o perdoariamos. Os funcionários dos nossos correios têm o meu apoio, a minha solidariedade e a minha consideraçom mais profunda. E, como o Omol da peça tagoreana, que esperava com grande ilusom a carta do rei portada polo carteiro real, queremos tambem que os nossos paisanos das aldeias mais lonjanas continuem a receber as suas cartas portadas por carteiros reais todos os dias laboráveis. Que, em quanto tenhamos monarquia, tambem som carteiros do Rei. Ou carteiros e carteiras, grandes servidores públicos, se tivessemos a sorte de viver numa República.

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