Opinión

O castelhano nom está em perigo

A mim resulta-me muito difícil entender que possa haver gente em contra de algum idioma. Todas as linguas do mundo som importantes e respeitáveis. A minha lingua materna é o galego, mas molesta-me tanto escoitar aos que o atacam e o desprezam, como escoitar a aqueles outros o seu desprezo polo castelhano. A mim passa-me como aos cidadaos desse grande país que é Índia, que nom lhes cabe na cabeça que em Espanha, com quatro idiomas, existam problemas lingüísticos. Ou, melhor dito, que se inventem problemas artificiais e artificiosos. Ademais de lindos, o euskera, o catalam, o quéchua, o aimara, o golof dos senegaleses, o sardo e o flamengo, som idiomas que merecem o nosso respeito. E aínda mais lindos som o italiano, o bengalí chamado bangla, o galego-português e o castelhano. Para mim é um prazer imenso ler os poemas de Gabriela Mistral, de Neruda, de Lorca, de Alberti, de Machado, de Juan Ramón Jiménez. O teatro de Lope de Vega, do mesmo Lorca, de Calderón, de Casona...As novelas de Rulfo, de Garcia Márquez, de Baroja, de Rómulo Gallegos, as exemplares de Cervantes, as obras de Quevedo e as do uruguaio Galeano. Ler os contos de Onetti ou de Cortázar.


Como tambem é um prazer escoitar na sua própria voz a Galeano e a Neruda recitando os seus belos poemas do Canto Geral. E a Salvador Allende pronunciando os seus emocionantes discursos. Igual de prazer é escoitar no seu castelhano cantar ao grupo Candeal de Valhadolid, a Joan Báez, Nat King Cole, Mª Dolores Pradera, Serrat, Mari Trini, Sabina, Alberto Cortez, Mario Guacarán, Os Panchos, Julia Elena Dávalos, Violeta Parra e o cantautor chileno mártir Víctor Jara.


Igual que o galego, que, agás em território espanhol, nom está em perigo nos países nos que, com o nome de português, é oficial, como Brasil e Portugal e restantes países lusófonos da África e da Ásia, tampouco o está o castelhano. Os filólogos europeus e os especialistas que entendem de linguas sabem, e dim, que em dez ou quinze anos o castelhano vai igualar ao inglês em número de falantes e em importância. O observatório europeu de linguas tem isto muito claro. Como tambem tem claro que em Europa, depois de inglês e castelhano, o idioma mais importante é o galego-português, que é oficial na UE.


Espanha ademais está a desenvolver uma acertada política para promover no mundo o castelhano, criando infinidade de institutos Cervantes na maioria das cidades importantes do planeta. Porque existe uma forte demanda para aprender o castelhano e em muitos países de todos os continentes.


Eu tenho a experiência pessoal do que sucede na Índia, um país imenso com mais mil milhoes de habitantes. Ao que, desde 2001, viajo todos os anos e estou morando alí quase três meses. Todos os jovens querem aprender castelhano. Nom só por ser o idioma do Estado Espanhol. Tambem porque é a lingua de quase toda América Latina, e a segunda nos USA. Actualmente o castelhano é estudado nas universidades Iadavpur de Kolkata, Nehru, Jamia e Central de Nova Delhi e na de Haiderabad. Pronto o será, junto com o galego-português, na tagoreana de Santiniketon, polos meus bons ofícios. Em Nova Delhi, embora fosse melhor em Kolkata, vai abrir em breve o Instituto Cervantes, dirigido polo meu amigo o catalam Óscar Pujol, o maior especialista em sánscrito que temos. Na capital da República Índia está o maior hispanista actual, o professor Shamu Gánguli: Tambem os grandes intérpretes Sonia Gupta e Anil Dhingra, respeitivamente professores das universidades Jamia e Nehru. Resulta um verdadeiro prazer observar o amor que polo castelhano têm estudantes, já com muito nível, como Athar Anjum, Rumana Hashmi, Vikash Singh, Onil Nondi, Totun Kundu e, especialmente, Prosun Chatterjee. Que lhe ensinamos nós castelhano e galego-português e hoje está considerado como o mais importante intérprete nestes idiomas na Índia. Este nosso artigo de hoje, que questiona nidiamente a anacrónica campanha da já tristemente famosa organizaçom Galicia Bilingüe, e outras posturas extremistas, vem a conto porque o dia 20 de junho está dedicado ao belo idioma de Cervantes e da mais linda novela de todos os tempos, o Dom Quixote de la Mancha. Outro dia, como tem que ser, falaremos do nosso belo idioma e dos seus autores. Quántos galegos e galegas som conscientes de que a Galiza é em Espanha o território potencialmente mais rico de todos no tema lingüístico? Porque tem duas das mais importantes linguas do mundo, situadas entre as cinco de mais falantes e das mais extendidas. Ademais de serem oficiais em infinidade de países e organismos internacionais.


(*) Professor Numerário da Faculdade de Educaçom de Ourense

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