Opinión

O cinema nas aulas

Nunca é tarde, se a dita é boa. Por fim, depois de catorze anos, o Festival de Cinema de Ourense preocúpa-se do cinema realizado nas aulas dos nossos centros de ensino. Na sua décimo quarta ediçom, que vem de ser encerrada, foi convocado o Iº Certame de Cinema Ouff-Escola. Com o apoio da Secretaria Geral de Política Lingüística, Normalizaçom Lingüística do Concelho ourensano e a Agência Galega do Audiovisual. Eu tivem a honra de formar parte do júri. Junto com Gregório Ferreiro Fende, César Silva, Manolo González e Rubén Riós. Durante o mes de agosto tivem que visionar várias vezes os 39 filmes apresentados ao Certame. Trabalho árduo de visionado que mereceu a pena. Tinhamos que escolher três filmes por categoria e outro para o prémio do guiom de cada uma das duas. Na categoria de centros de infantil e primária foram escolhidos, polos seus valores fílmicos, os seus conteúdos temáticos, criatividade icônica e implicaçom de mestres e rapazes na realizaçom, os filmes seguintes, ordeados do primeiro ao terceiro prémio sucessivamente: ‘17 de Maio, festival das Letras Galegas’, apresentado polo CEIP ‘Mestre Valverde’ de Mós; ‘Nom tocar’, polo CPI ‘Xanceda’ de Mesia; ‘Um dia na quinta’, da Escola Infantil ‘A Gândara’ de A Guarda e, polo seu guiom, ‘A brigada ecológica’, do CEIP ‘Pepe de Joam Ban ha’ de Santa Comba.


Na categoria de centros secundârios e outros, a escolha resultante foi a seguinte: ‘Maus tempos’, do IES de Alfoz-Valadouro, com uma muito acertada posta em cena; ‘Desde dentro’, do CPI ‘Uxio Novoneira’ de Pedrafita do Cebreiro; ‘Pequenas obsesións’, do IES de Cacheiras-Teo e, polo seu guiom, ‘O doador’, do IES ‘Leliadoura’ de Ribeira. Por proposta do nosso júri, outorgou-se uma mençom especial, baixo o epígrafe de ‘José Luis Darriba’, a favor do emprego das artes da imagem como ferramenta pedagógica, ao IES ‘Lagoa de Antela’ de Ginzo. Que apresentou ao certame interessantes trabalhos sobre a Lírica medieval em cantigas, a poesia, a festa do entroido e a repressom da guerra. O júri, ademais da qualidade técnica, fílmica e de montagem, teve muito em conta a implicaçom nos trabalhos dos filmes premiados, de maioria de estudantes e docentes. Todos os trabalhos premiados ham ser editados em DVD polo Festival de Ourense. E enviados a centros de ensino, casas de cultura e juventude e bibliotecas galegas.


Particularmente eu quero destacar, polo muito que me gostaram (e que projectarei aos meus estudantes de Didáctica na Faculdade ourensana de Educaçom), os trabalhos realizados polos centros de ensino de Pedrafita do Cebreiro e a Escola Infantil ‘A Gândara’ de A Guarda. No primeiro caso envolveram-se no projecto, com espontaneidade suprema, todos os alunos e a maioria dos docentes. Mesmo aqueles mais criticados polo seu deficiente labor didáctico. Do filme impressionou-me muito o acertado discurso pedagógico da professora de Tecnologia, realmente modélico e clarividente. No segundo caso é maravilhoso disfrutar das imagens, nas que aparecem crianças de infantil ajudando a rapazes deficientes, nomeadamente com síndrome de Down. E como estes, com grande sensibilidade, ajudam nas suas actividades aos pequenos de pré-escolar. O estupendo documentário recolhe a visita dos pequenos, durante todo um dia, a uma quinta, na que se formam, trabalham e integram, em obradoiros e hortos, rapazes com necessidades educativas especiais.


É muito importante promover as realizaçoes fílmicas, com as novas tecnologias, nos nossos centros de ensino. E, especialmente, o cinema. Tambem o ensinar em todas as aulas o ABC da arte cinematográfica: planos, movimentos de câmara, ensinar a analisar o fundo e a forma dos clássicos, etc. Isto último continua a ser a asignatura pendente do nosso Festival. Que o próximo ano há cumprir os seus quinze anos de vida.


(*) Professor Numerário da Faculdade de Educaçom de Ourense

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