Opinión

O destino e a amizade

Na Índia os hinduístas, que som destacada maioria, acreditam no destino das pessoas. E já quase me fazem acreditar a mim. Logo de morar alí durante vários meses cada ano desde o 2001. Aproveitando o periodo que nom tenho aulas nos meses do inverno na Faculdade, com permiso oficial da minha Universidade, vou para a Santiniketon de Robindronath Tagore. Um verdadeiro paraíso, cheio de ârvores, flores, pássaros de cores e alegria e bondade das gentes. Quando alá estou, desconectado de quase que todo do que aquí passa. As notícias que recebo nom som muito positivas que digamos. Que há muito frio, que chove abundantemente, que neva, que os políticos estam todos contra todos, mesmo dentro dos mesmos partidos, que aquele insulta a aquele outro, que a crise é muito forte, etc. Notícias às que pouca importância lhes concedo. Especialmente porque eu alí encóntro-me muito a gosto. Sem embargo, sim que me apena muito estar alá e inteirar-me da morte de seres queridos para mim. De pessoas às que apreciei e que teve com elas uma profunda amizade, ou foram grandes professores meus. Desde tam longe nom posso dar-lhe pessoalmente às suas famílias o meu pesar polo seu falecimento.

Estando eu em Santiniketon há vários anos morreu um excelente professor meu ao que muito lhe devo. António Losada, natural dum povo monfortino e com morada em Ourense, foi professor, e secretário, do Instituto Laboral de Lalim. Era uma pessoa fantástica, de grande bondade e coraçom. Está soterrado no cimetério parroquial de Velhe. Um dia escreverei sobre ele um artigo para destacar os seus grandes valores humanos. No mesmo Instituto lalinense estudou conmigo Pepe Cuínha, que também faleceu estando eu na Bengala indiana. Naquela altura mandei-lhe o meu pésame à sua viúva Carmen Aparício, que fora aluna minha na Escola Normal de Ourense. E escrevi sobre ele um depoimento em jornais da capital do Deza. Com ele tinha eu desde tempos de estudantes uma amizade profunda. À margem, naturalmente, da política patidária. Muitas das vezes a amizade, e isso é bom, nom tem nada a ver com a política de partidos, sectária e ruím. Que o próprio Cuínha padeceu nas suas mesmas carnes. Estando também eu em Santiniketon, chegou-me a notícia do falecimento de dous grandes ourensanos que eu sempre apreciei e muito apreciava. O grande pintor Jaime Quessada e o que foi um dos melhores concelheiros de cultura que teve o nosso Concelho, o professor Balbino Álvarez. Nos últimos meses do passado ano faleceram outros meus grandes amigos. Eu já me encontrava disfrutando do clima, do sol e da desbordante natureza de Bengala. Primeiro foi Manuel de Diós, companheiro, e ademais amigo, muito amigo meu, no curso 1971-72, no Instituto Feminino de Ourense, hoje com o nome de “Otero Pedraio”. Foi, sem dúvida, um dos melhores directores que teve o nosso “Coral de Ruada”. Uma grande pessoa que muito sofreu, quando num triste accidente, perdeu as suas filhas. Em segundo lugar, o 19 de novembro passado, estando eu em Kolkata para marchar ao dia seguinte para Santiniketon, falecia Ana Mª Quiroga Bouzo, professora jubilada da Universidade Laboral ourensana. Eu sempre apreciei a esta professora, licenciada em línguas semíticas e hebraicas pola Complutense madrilenha. Nos cursos 1966-67 e 1967-68 fora professora minha de Língua Árabe na Faculdade de Filosofia e Letras de Compostela. Ela iniciou-me neste idioma, que depois de bastantes anos tenho esquecido. E que cheguei a lêr e escrever, dominando muito vocabulário. O que nom é nada fácil. Também por estas mesmas datas falecia José, o esposo macedao da minha prima Rosamari, que mora em Vigo. Só pudem mandar-lhe por carta o meu pesar. Desde a Índia legendária, do destino e a amizade.

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