O nosso diário, o único autenticamente ourensano, cumpre agora os seus cem anos de vida. De vida fructífera a favor da nossa cidade e da nossa província. Como órgao que defendeu sempre os interesses ourensanos e nom interesses expúreos. No devir do nosso jornal tuveram muita importância a presença dos Outeirinho, Don Ricardo e, especialmente, Don Alejandro. Este último, durante décadas, levou para frente um labor sério e muito digno como alma mater do nosso jornal. Eu tivem a sorte de conhece-lo e participar em muitas tertúlias com ele. Homem campechano, de grande humor e com fina retranca galega, possibilitou, com a sua flexibilidade de ideias, a sua abertura de miras, o seu espírito ourensano e galego (como um galego bom e generoso), que nas páginas de La Región colaboraram os nossos vultos mais importantes. As páginas do nosso diário estiveram sempre abertas à pluma dos membros ourensanos da generaçom Nós. Aos nosso artistinhas e escritores. Don Alejendro ajudou como ninguêm a que durante muitos anos Ourense fosse considerada, de forma acertada, como a Atenas da Galiza. O grande Vicente Risco escreveu no nosso La Región numerosos e formosos artigos, algúns verdadeiramente sublimes. Don Ramón Otero Pedraio colaborou asiduamente, com o seu verbo profundo e a riqueza do seu vocabulário. O grande esquecido Ben-Cho-Shey, teve sempre abertas as páginas do diário para publicar os seus depoimentos. Algúns dos que hoje teriam tambem actualidade. Tivem a sorte de estar miutas vezes con ele na redacçom do jornal, quando ia levar as suas colaboraçoes jornalísticas. A ele sempre o admirei porque era um galego de bem, de alma e coraçom. Don Floro Cuevilhas publicou artigos preciosos no nosso diário. O livro Cousas de Ourense, que recolhe grande parte deles, é uma verdadeira maravilha. No jornal publicavam também Trabazo, Prego, Failde, Conde Corbal, Albino Núnhez, Xocas, Ferro... A nómina de colaboradores, ademais de ser de qualidade, é muito ampla. Porque Don Alejandro apoiou sempre aos colaboradores do diário.
Eu, desde muito novo, na minha aldeia de Corna, comecei a ler o nosso diário. Sempre gostei da leitura, já desde pequeno. Por sorte, todos os dias, agás os lúns, que era a Folha do Lúns, também editada por La Región, chegava um exemplar na empresa do Castromil à carteria de Coiras. A carteira do correio permanecia um tempo na casa de Camilo do Coxo, onde tinha a parada oficial o autocarro de linha de Ourense a Compostela. Eu ia rapidamente, antes de que chegara o carteiro, para deitar uma olhada às folhas do La Región. Aínda me lembro perfeitamente do primeiro exemplar, na década dos sesenta, editado com a nova técnica offset, na que La Región foi uma empresa pioneira. Um dos primeiros que adoitava as novas tecnologias na Nossa Terra. Mas o que mais lhe agradeço a La Región foi que nos anos 59 ao 63, época brilhante do nosso Clube Desportivo Ourense, na segunda divisóm, durante os meus estudos secundários no Instituto Laboral de Lalim, enchia-me de orgulho levar o La Región debaixo do meu braço. Pois eu era o único de Ourense e os meus companheiros de estudos metiam-se conmigo, chamando-me afiador e paragüeiro. Era a época da rivalidade com o Celta de Vigo, e logo com o Pontevedra. Eu naturalmente, defendia Ourense e as crónicas do La Región, e os triunfos do Ourense, ajudavam-me muito naquela altura. Mais tarde agradecim e agradeço, que as páginas do nosso diário estejam sempre abertas para os meus escritos e artigos. Sendo o único jornal galego que respeita a minha grafia internacional para o nosso idioma. Síntoma claro de que, durante os seus cem anos de vida, foi sempre um diário aberto, democrático e nom sectário. Que tem que encher de orgulho aos verdadeiros ourensanos. E no que sempre tivo muito que ver Don Alejandro. Ao que, de forma muito bem acertada, o nosso Concelho está a iniciar um expediente de honra à sua pessoa de bem e polo seu ourensanismo. Com o meu apoio sincero conta desde já.
