Opinión

As escolas galegas de emigrantes

Os galegos só se unem fazendo-se solidários quando estam fora da Terra natal. Na Galiza estam todos contra todos. Bem seja nos grupos políticos e dentro dos mesmos, nas organizaçoes sindicais, nas culturais, nas educativas e mesmo nas lingüísticas. O que confirma aquilo que muitos pensam, que os maiores inimigos da Nossa Terra som os próprios galegos e galegas. E isto nom é de agora, é algo que vem de longe historicamente falando. Algo assim como instintivo e genético, como um sino dum povo que quere suicidar-se. O maior exemplo do que antes asertamos témo-lo na emigraçom galega. Os emigrantes, especialmente em países como Argentina, Uruguai, Cuba e, em menor medida, Venezuela e México, eram quêm de apoiar-se entre sim. Só alí, com verdadeiro sentimento galaico, eram capazes de juntar-se e associar-se, actuando todos a uma e de maos dadas, para criar centros recriativos, hospitais, bancos, entidades culturais, editoras, jornais e sociedades. Um dos mais formosos projectos que pus a andar a emigraçom na diáspora americana foram as Sociedades de Instrucçom. Algumas das que aínda funcionam hoje, como a ABC do partido judicial de Corcubiom, que publica a estupenda revista Alborada. Os emigrantes galegos faziam-se conscientes do importante que era a educaçom. Por isso, ao criar sociedades educativas, juntavam o dinheiro preciso entre todos, organizando variedade de activi dades para recadar fundos e levantar logo escolas na sua Galiza. Que, com o apoio e o trabalho voluntário dos que ficavam na Terra, chegaram a construir arredor de 400 escolas galegas de emigrantes em todo o território galego. Cuidando nom só a sua localizaçom idónea na paisagem, senom tambem os espaços escolares adeqüados, as vivendas dos mestres e o modelo pedagógico-didáctico a desenvolver nas aulas com os estudantes. Similar ao da Instituiçom Livre do Ensino (ILE) de Giner e Cossío.


As comarcas do Val Minhor, O Deza, Vale de Barcala e Negreira, Costa da Morte, Ferrolterra e a Marinha lucense, som as zonas de Galiza onde mais escolas de emigrantes se construirom. Na nossa província temos, entre outras, a de A Canda no nosso concelho de Pinhor, hoje centro cultural, e a de Vilamarim, sobre a que o nosso filho David tem investigado, pois um dos que, desde Cuba, mais loitou por criá-la foi o seu bisavó Pegerto Nóvoa. Há certo tempo que nós mesmos investigamos sobre as escolas criadas na Costa da Morte pola ABC de Corcubiom com sede em Bos Ares. Aproveitando o nosso tempo de verao, um mes de agosto, dedicámo-nos a percorrer os lugares nos que se construiram cinco escolas das oito inicialmente previstas. Para isso visitamos e realizamos um levantamento fotográfico das escolas de Suarriba em Fisterra, Estorde em Cee, Neminha em Mugia e Passarela em Vimianço. O nosso trabalho de pescuda foi publicado num dos últimos números da revista Agália. No que tambem falavamos de que, ademais de sociedades, houve personagens chamados indianos que forjaram a sua fortuna e parte da mesma, como mecenas, a dedicaram a criar em Galiza escolas e outras instituçoes culturais. Eis os exemplos de José Carrera, Garcia Barbom, Blanco de Lema, Pedro Múrias, Jesús G. Naveira e Ramom Nieto Otero. Porque bem o merecem, queremos destacar neste nosso artigo as valiossísimas investigaçoes sobre estas escolas, dos professores Pegerto Saavedra, que as investigou no seu conjunto, e a nossa companheira na Faculdade, que muito apreciamos, Mª Carmen Pereira, cuja tese de doutoramento (aínda inédita) versou sobre as escolas do Val Minhor, que tinham como inspector ao ourensano Ignácio Ares de Parga, residente na Argentina. Tambem ao professor da universidade compostelana Antom Costa Rico. A Neira Vilas e a J. M. Malheiro, que investigou sobre as escolas da comarca do Deza, publicando ademais numerosos artigos em jornais sobre as mesmas. A Secretaria Geral de Emigraçom, com Miras Portugal, publicou no seu dia um interessante livro, no que se recolhem fichas e fotos das construcçoes de escolas e outros edifícios financiados pola emigraçom galega.


(*) Professor Numerário da Faculdade de Educaçom de Ourense

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