Opinión

Fascinante Bangladesh

Na Europa existem muitos preconceitos sobre a Índia e muitos mais sobre o seu vizinho país Bangladesh. Como que é um país muito pobre, que a gente morre de fame, que nom há liberdades e muitos outros estereótipos. Nada mais longe da realidade. Embora eu queira esclarecer com este meu artigo a situaçom verdadeira deste país, que com os meus amigos das duas Bengalas percorri nos passados dias 17 e 18 de Janeiro, na sua parte mais ocidental, em auto. Que é um país com problemas certamente, mas, que país nom os tem? Em primeiro lugar, é um país imensamente lindo, de natureza verde, cheia de árvores, campos de arroz e flores. Um país que, agás possivelmente o Brasil, seja o que mais água e rios tenha no mundo. E hoje todos sabemos que a água tem um importante valor e mais o há ter no futuro. Um país banhado polo mar do golfo índico de Bengala, que tem uma muito elevada riqueza de peixes e mariscos, e no interior dos rios e rias muitos viveiros de cigalas, gambas, nécoras e santolas. Um país que é o maior produtor do mundo em juta, existindo grandes fábricas para a sua transformaçom. Um país que produz o melhor e mais variado arroz do mundo junto com os vizinhos países índicos. Um país que é um modelo no fabrico de todo o tipo de tecidos e panos. Um país com uma riqueza extraordinária na produçom de frutas: bananas, mangas, uvas, laranjas, papaias Enfim, um país em que para se pasmarem os meus leitores, os alemães e os japoneses (que nom som parvos) mais investimentos estám rea lizando. Um país que é muito superior à Índia na sua frota automobilística. Em Dhaka, a capital, por exemplo, pasma ver a infinidade de autos novos das melhores empresas do mundo e, especialmente, japonesas e alemãs. Que faz que seja uma cidade limpa e sem poluir. Com umas lojas, mercados, restaurantes e hotéis realmente de verdadeira categoria, que nom têm nada que invejar à Europa. Umas estradas muito boas -também é certo que muito perigosas polo seu elevadíssimo trânsito de autocarros e camiões- que já quigera ter a Índia. Um país que tem na sua capital uma das mais importantes universidades da Ásia, geminada nada menos que com a de Oxford. Um país lindo, lindo de verdade, mas que necessita da solidariedade mundial e explicarei porquê.


O maior problema de Bangladesh, sem dúvida, é a sua elevadíssima populaçom. A densidade da sua populaçom é muito elevada para o espaço habitável do seu território. Por isso, nesta altura, é um dos que mais imigrantes tem no estrangeiro. No bairro madrileno de Lavapiés existe outro Bangladesh, com infinidade de seus cidadãos. O segundo problema é a sua elevada populaçom infantil. Muitos nenos e nenas necessitam de tudo. E muitos por nom podê-los manter foram abandonados polos seus pais. Fazem falta escolas, livros, residências infantis. Em Ocidente os rapazes têm de todo e nom desfrutam do que têm (é o que denomino eu miséria mental). Por isso tenho o projecto de criar em Dhaka um centro educativo para ajudar os nenos sem pais e a sua educaçom, a educaçom das mulheres, por estarem muito marginadas, ao ser um país de maioria mussulmana e os adultos nom alfabetizados. Um outro problema do país som as suas periódicas catástrofes, pola configuraçom e situaçom do seu território: furacães, ciclones, ventos, inundações, etc. Embora isto seja certo, que belo é este país! Um país com idioma normalizado, que o sente como seu, que e de uso habitual em todos os campos da vida, que é amado por todos. Que foi o maior motivo que levou os bangladeshis a luitar pola independência de Paquistám, nos anos setenta, numa cruenta guerra, que todos lembram a diário. E que mesmo teve um grande poeta mártir, chamado Nazrul Islam, que morreu pola sua língua materna o Bangla. E, para o caso de os meus leitores nom o saberem, em Fevereiro instaurou-se o dia do idioma materno precisamente por Bangladesh e a luita que teve em defesa do seu lindo idioma. Em que, em palavras de Gomez de la Serna, cantam os pássaros de cores.


(*) Professor Numerário da Faculdade de Educaçom de Ourense

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