Opinión

POR FAVOR, GASTADE, GASTADE NOS MESTRES

Numa conferência pronunciada em Bilbao, no ano 1905, por o para mim mais grande pedagogo da nossa história, Manuel Bartolomé Cossío, baixo o título de 'O mestre, a escola e o material de ensino', ao final da mesma pronunciou umas formosas palavras, com actualidade profunda aínda hoje. Estas palavras foram :'Concluo, pois, como alí terminava : formade mestres ; aumentade os mestres ; gastade, gastade nos mestres'.


Esta lindíssima conferência foi publicada em livro no ano 1906 polo Museu Pedagógico Nacional, e eu tenho na minha biblioteca a ediçom da editora La Lectura de Madrid de 1910. Ou seja, a de faz exactamente cem anos. E, como se nom passara já um lustro desta ediçom, tem plena vigência agora, nesta altura e nestes tempos nos que precisamente se faze todo o contrário. Por outro lado este formoso livro de 35 páginas nom tem desperdício. Desde a primeira palavra à última está cheio de senso comúm e de grande profundidade pedagógica.


E para mim, neste momento preciso, vem-me como anelo ao dedo para questionar os grandes erros que se estam a cometer polos nossos governos, de ontem e de hoje, no campo educativo. No que o mais grave é, sem dúvida alguma, a desconsideraçom sobre os docentes e o aforrar dinheiro prescindindo nos centros de mestres e professores, mais que nunca, ou de esquecer quase por completo a sua adequada formaçom inicial e permanente, aspecto este já iniciado pola nefasta directora geral do governo anterior. E tambem é grave dar-lhe importância à dotaçom de computadores aos centros, desviando a atençom sobre o que sim é muito mais importante, que som os mestres, verdadeiras 'almas da escola', em palavras precisamente dos grandes mestres institucionistas Giner e Cossío. Para isso, nada como escoitar a Cossío, quando no mesmo livro antes citado, de forma maravilhosa e tam acertada diz: 'O primeiro material de ensino; o adequado em todo caso, o que está sempre vivo, o que nom se esgota jamais, é a realidade mesma, que generosamente se nos oferece'. Isto tambem o pensava o nosso Otero Pedraio. E quando continua a dizer: 'Rompamos pois os muros da classe.


Levemos as crianças ao campo, ao obradoiro, ao museu, como tantas vezes se tem aseverado, ensinémos-lhes a realidade na realidade, antes que nos livros (agora poderiamos acrescentar, e nos computadores), e entrem na classe só para reflectir e para escrever, redactar e desenhar (?) Qué é necessário para poder realizar esta escola, imagem da vida? Todos o comprendedes : fazem falta mestres. A eles há que atende-los antes que ao edifício escolar, como antes que ao material de ensino.


Temos que formar bons mestres'. Por isto Cossío reafirma-se aínda mais neste pensamento e sinala :'Dáde-me um bom mestre e ele improvisará o local da escola sem falta, ele inventará o material de ensino, ele fará que a assistência seja perfeita; pero dáde-lhe à sua vez a consideraçom que merece...'


É certo que estamos a viver neste momento uma profunda crise económica no nosso país. E tambem de valores humanos. Sem embargo os políticos dignos som aqueles que têm claro que existem dous campos nos que nom se pode ser cicateiro no tema do dinheiro e nom se pode aforrar. Em primeiro lugar está a educaçom, campo muito importante para o progresso dum país e tambem para sair da crise. Em segundo lugar tremos o campo da saúde, no que tampouco se pode nem deve poupar, quando desenhamos os orçamentos nas diferentes instituiçoes. Noutros campos, em quanto se mantenham os problemas económicos, podemos reducir gastos e despesas. Em saúde e educaçom nunca, e menos em tempos críticos. Por isso resulta muito preocupante ver como se estam reducindo de forma alarmante as plantilhas de docentes em muitos centros educativos de níveis fundamentais do ensino no nosso país. Ou como se tem quase abandoada a formaçom dos docentes. Tendo na formaçom inicial o pior plano de estudos da história e eleminando as diferentes especialidades que antes existiam.


E deixando de apoiar a renovaçom pedagógica dos ensinantes, feito lamentável já iniciado pola administraçom educativa anterior que pus a primeira pedra de tal infâmia. Por outra parte aínda nom se tem levado a cabo uma magna campanha para apoiar, valorizar e prestigiar aos docentes, que desde há tanto tempo muitos vimos reclamando.


Para poder exigir profissionalidade aos nossos docentes, primeiro temos que tratá-los dignamente desde a administraçom educativa. E logo promover que tambem termine por fazé-lo a sociedade.


Por isso, neste momento tam grave, onde o que menos importam som os docentes, agora que estamos dando início a um novo curso escolar, eu quero berrar forte, aproveitando as palavras de Cossío, em bem do nosso ensino 'Por favor, gastade, gastade nos mestres!'.

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