Opinión

Fernández Paz, um escritor sublime

Qué jornada mais formosa e emotiva vivim o sábado dia 20 em Vilalva! A homenagem que ali lhe tributamos mais de trescentos galegos ao escritor Agustim Fernández Paz foi altamente emotiva. E cheia de acendrado e nobre galeguismo. Pervivem e ham de perviver para sempre em mim as formosas palavras que no idioma de minha mae Rosa ali escoitei. E muito especialmente as do escritor vilalvês homenageado, cheias de doçura, de dignidade, de sentimento, de amor à Terra e de amor ao galego. O seu discurso foi tam emotivo que chegou ao coraçom de todos os presentes. Confesso que , de tam profundo e humano, emocionei-me e chorei de verdade. E voltei a chorar quando ao final me fundim num abraço com Agustim. Tam emocionante foi que a sala repleta de gente aplaudiu tal discurso durante mais de cinco minutos seguidos sem parar. É pena que nom estuveram ali, por exemplo, o actual presidente da Junta e o conselheiro ribadaviense. Para comprovar, em vivo e em directo, como a lingua materna está tam ligada ao coraçom dos galegos a aos seus sentimentos mais profundos. O que sim estava é o actual director geral de política lingüística Ângelo Lorenzo (deveria ser Lourenço). Ao que nada invejo, metido no actual labirinto ou sarilho idiomático da Galiza. Aproveitei tambem para saudar ao meu amigo o vilalvês Ramom Vilhares Paz, actual presidente do Conselho da Cultura Galega...


Por décimo quinta vez, a AELG, presidida polo ourensano Cesáreo Sánchez, organizava a sua jornada anual de ‘O escritor na sua terra’. Na que o literato galego vivo escolhido receve, como nos contos tradicionais, três regalos : um penedo (no que se reproducem algumas das suas palavras ou poemas), uma ârvore que deve plantar (esta vez o escritor escolheu um bidueiro) e um espaço público, que pode ser um parque ou um jardim. Já na ediçom do ano 2008 estivemos noutra primorosa jornada em Melide. Onde homenageamos a esse outro grande escritor e grande galego, bom e generoso, Vázquez Pintor. Que voltei a saudar agora de novo, fundindo-me com ele num abraço.


Às dez horas recolheu-me em Ourense, no seu automóvel, o meu amigo e grande lexicógrafo Isaac Estraviz. Cruzamos esta nossa terra milenária, tam verde, tam formosa e agarimosa, por Cambeo, Vilamarim, Carvalhedo, Chantada, Taboada e Lugo. Disfrutamos das flores das gestas, dos tojos e das carqueijas das nossas terras chairegas. E lembramos aquele formoso roteiro da autêntica pelerinagem galega feita a Santo Andrê de Teixido, desde Ourense. Por Otero Pedraio, Ben-Cho-Shei e Risco. Em Vilalva estava uma manhá deliciosa cheia de luz do sol. Ao lado do castelo havia uma feira medieval, que continuou pola tarde. No bairro de Fontinhas, onde em 1947 nasceu o escritor, com a música de autênticas gaitas galegas, plantou-se a bidueira, descobreu-se o monolito de granito e pronunciaram-se as primeiras palavras. Saudamos aos conhecidos, vindos de toda Galiza, e pudemos ler que o instituto alí situado leva o nome desse grande galego que foi Penha Novo. No Centro Cultural e Recriativo da vila teve lugar o acto mais emocionante, que mais acima comentamos. O escritor receveu a letra E da Associaçom de Escritores Galegos. O alcaide Gerardo Criado, com acerto, comentou que Agustim transmite proximidade, sinceridade e transparência. Manolo Bragado, num largo discurso, glossou a figura do homenageado. Quando Fernández Paz falou de que o seu amor pola leitura e os livros lho devia ao seu pai, que era carpinteiro, e aos contos da sua mae, eu lembrei aos meus pais Juan e Rosa, polo seu paralelismo exacto com os de Agustim e por isso me emocionei. Qué importante é ter tido uns pais dignos, carinhosos e humanos! No jantar estivem com Suso de Toro e o escritor de Bares, recentemente premiado no certame Vicente Risco, Higínio Puentes.


Eu conhecim a Fernández Paz a finais dos setenta. Porque ambos somos pioneiros na renovaçom pedagógica da escola galega. Ele nas Jornadas Pedagógicas de Mugardos e no grupo Avantar. Eu nas Jornadas do Ensino de Galiza. O que nele sempre admirei foi a sua bondade, a sua serenidade, a sua alegria e o nom ser sectário. Ademais do nosso comum amor pola infância. A sua escrita é verdadeiramente sublime. Tem publicado para crianças e jovens mais de 40 livros, todos maravilhosos. Por isso está considerado como um dos melhores literatos galegos no campo da literatura infantil e juvenil e traducido a muitos idiomas europeus. Polo seu livro O único que fica é o amor, de título tam significativo, levou em 2008 o Prémio Nacional. Vem de publicar outro livro formossísimo, com o que, por ele dedicado, se nos agasalhou a todos os assistentes à homenagem. Titulado Lua do Senegal, é tam lindo e engaiolante que o comecei e até que nom o terminei de ler, nom pudem deixa-lo. Khoedi, a menina senegalesa emigrante e protagonista, conta umas histórias e uns contos populares do seu país e da África verdadeiramente primorosos. Que engancham ao leitor. Fernández Paz é desde logo um escritor galego sublime. Se escrevesse com a grafia reintegrada, seria, sem dúvida, um dos escritores mais lidos e de maior sucesso nos países lusófonos. E, em especial nesse grande país nosso que é o Brasil.


(*) Professor Numerário da Faculdade de Educaçom de Ourense

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