Opinión

Filipe Senem, manancial de cultura

Há tempo que eu tinha previsto escrever um artigo dedicado ao meu grande amigo Filipe Senem López Gómez. Estava à espera de encontrar a data propícia e esta chegou. Depois de ter pronunciado, como já é costume nele, recentemente, uma bela palestra no nosso Liceu. Por convite da secçom de arte desta dinámica sociedade ourensana. Para celebrar o centenário do nascimento de Manuel Chamoso Lamas. Que foi o grande mestre que Filipe Senem teve, ao que sempre apreciou este carvalhinhês, residente desde há tempo na cidade herculina. Mas que nunca esqueceu as suas raízes ourensanas das terras que banha o Arenteiro. Que tambem som as minhas de nascência.


Conheço a este grande orador e grande galego desde há muitos anos. A finais dos setenta formou parte da junta directiva da associaçom pedagógica e eu tambem. Assim mesmo, do conselho redactorial da revista O Ensino, onde publicamos ambos vários artigos, e estava desenhada por Pepe Barro. Sendo director do Museu Arqueológico de S. Antom na Crunha, que dirigiu durante 22 anos, até o ano 1996, ajudou sempre a organizar as Jornadas do Ensino. Dando a cobertura oportuna para que se celebraram na cidade. Contactando com os oleiros de Bunho para que impartiram obradoiros. Animando aos grupos ‘Milhadoiro’ e ‘Fuxan os ventos’, para que interviram no programa cultural das mesmas. Impartindo ele mesmo cursos sobre Arte popular galega. Coordenando aquele maravilhoso programa da ASPGP Conhecer Galiza. Que organizava roteiros pola Nossa Terra, e Filipe era o ‘alma mater’ dos mesmos. Participando com uma linda palestra sobre arte na localidade portuguesa de Ribeira de Pena. Que, organizada dentro do programa ‘Gallaecia’, tuvera uma grande acolhida. Ou, já como técnico cultural da Deputaçom corunhesa, cárrego que ocupa hoje, no passado mes de fevereiro dirigindo o roteiro galeguista corunhês, e dando uma palestra, no Congresso ‘Marinhas del Valhe’, organizado pola AGAL. E que felizmente temos já editado em DVD.


Filipe é uma autêntica fervença de cultura. É um verdadeiro prazer escoitá-lo. Pode falar o tempo que seja, o mesmo que passava com Otero Pedraio, que o seu formoso discurso nom aburre a ninguem. A sua memória é portentosa, única, maravilhosa... Da sua boca fluem as palavras como um rio de águas cristalinas. A sua sensibilidade é imensa. Pola nossa cultura, pola nossa arte, polas artes populares, pola nossa história, polas nossas gentes. Filipe é, ademais de sincero galeguista, um universalista. Estamos diante de um verdadeiro manancial de cultura. Independente, livre-pensador, quase sempre foi injustamente esquecido polos nossos governos de um e outro signo. Entre os muitos galegos de ontem e hoje que Filipe admira estam, em primeiro lugar Chamo so, o seu mestre. Logo Otero, Carro, ‘Xocas’, Ferro, Failde, Prego, Ben-Cho-Shei, Cuevilhas, Castelao, Casal, Murguia, Don Evaristo, Palácios, Biqueira, Manuel Maria, Seoane, Maside, Diaz Pardo e os artistas populares anónimos da Galiza.


O outro dia recomendei-lhe aos actuais dirigentes da Conselharia de Cultura que contaram com este grande ourensano, para sacar adiante o projecto cultural da ‘Cidade da Cultura da Galiza’ em Compostela. A sua sabedoria é tam grande, tam clara, tam pura e diáfana e tam digna, que bem merece que se conte, como nom contaram antes, com ele. Seria o acerto mais grande no campo cultural do actual governo galego. De momento é só um meu sonho.


(*) Professor Numerário da Faculdade de Educaçom de Ourense

Te puede interesar