Opinión

A GIGANTESCA REDE DE CAMINHOS DE FERRO DA ÍNDIA

Arede de caminhos de ferro desse grande país que é Índia é realmente gigantesca. Comparada com a de outros países ocupa o quarto lugar no mundo. Por isto tampouco é de extranhar que de vez em quando aconteçam graves accidentes de trens ou combóios. Como o que vem de suceder na estaçom de Shantia, no distrito bengalí de Birbhum, perto de Santiniketon, onde eu cada ano disfruto de uma estância de três meses. Tais accidentes sempre som graves, dado que é habitual que os combóios vaiam cheios de pessoas. Por falhos humanos, as mais das vezes, por catástrofes naturais ou por atentados de fundamentalistas mussulmanos ou maoístas, foram provocados nos últimos tempos accidentes graves com perdas de vidas humanas. Os mais recentes os do expresso de Kolkata a Mumbai na localidade de Sardia do estado de Bengala Occidental, no mes de maio passado, o da cidade de Mathura em outubro de 2009, o de Bihar de 2006 e, junto com este da noite do domingo dia 18, o de Mumbai de julho de 2006, poucos dias depois de encontrar-me eu precisamente nesta grande cidade indiana.


Para a Índia esta rede ferroviária é muito importante. Tanto, que existe um ministério específico para o trem, cuja carteira ocupa nesta altura uma mulher bengalí chamada Momota Banerjee. Natural de Kolkata e pertencente ao partido Trinamul, foi precisamente no seu estado de Bengala (West Bengal) onde tuverom lugar os dous últimos accidentes de combóio. Um provocado por um atentado e este último por falho humano, no que morreram mais de 60 pessoas e 150 feridos graves. A imensa rede indiana de caminhos de ferro foi iniciada polos británicos, que necessitavam transportar de forma rápida aos portos o algodóm para as fábricas téxteis do Reino Unido. Quando o 15 de agosto de 1947 é arriada a bandeira britânica, com o logro da independência da que chamavam a jóia da coroa, os colonizadores deixavam uma rede ferroviária, que já naquela altura era a quinta do mundo. Os meus amigos indianos, nomeadamente bengalís, asintem com agrado quando eu, de forma humorística com retranca galega, lhes digo que tal rede nom a podiam levar para o seu país, embora o quigeram, porque nom cabia no território das ilhas británicas. Com a rede de caminhos de ferro deixaram-lhes tambem aos indianos uma terrível burocracia, que aínda hoje têm que padecer, e que genera muitas moléstias e, o que é mais grave, uma grande corrupçom, quando estam em jogo temas importantes.


Aínda hoje na Índia o trem é o principal médio de comunicaçom, que, se se quere conhecer o grande país indiano, as suas formosas cidades e os seus múltiples estados, é vitalmente necessário usar. As estradas aínda som bastante deficientes e só nos últimos tempos estam avançando muito as linha aéreas que eles chamam de vós domêsticos, que para nós som muito baratos, polo nosso poder adquisitivo alí. Existem trens fantásticos com um excelente serviço, que vam muito rápidos. Chamados 'Rasjiani' (palavra que significa 'capital'), unem a capital federal da República da Índia, Delhi, com as outras grandes cidades indianas : Mumbai, Kolkata, Chennai, Bangalore e Hayderabad. Por duas vezes eu viajei de Kolkata a Delhi neste trem e fiquei asombrado. Cada vagom leva 12 pessoas ao teu serviço e podes comer o que queiras e quando queiras. Vam sempre completos, com viajeiros muito respetáveis, mas há que conseguir bilhetes para eles com bastante antecedência.


Sim é importante sinalar que, como os estrangeiros somos sagrados na Índia, mesmo os trens populares carregados de gente têm sempre um asento para poder colocar ao viajeiro forasteiro. E muitos contam com algum vagom com ar condicionado. Nom gosto muito de aborrir aos meus leitores com cifras, sempre farragosas. Mas neste caso, e dado que o tema se presta, gostaria de dar algumas. Cada dia na Índia circulam uns 8.350 trens, que percorrem uns 80 mil quilómetros com perto de trece milhoes de usuários. Os de mercadorias transportam ao dia mais de um milhom de toneladas. Existem no país 6.867 estaçoes, 7.500 locomotoras e mais de 280 mil vagoes, com um tendido eléctrico de 108 mil quilómetros. E, o que é muito importante, esta gigantesca rede de caminhos de ferro da trabalho a perto de 2 milhoes de pessoas, sendo a plantilha de trabalhadores da companhia mais grande do mundo. Isto explica o porque existe um ministério específico para o ferrocarril com o nome de 'Railway Minister'.


Para deslocar-me, quando eu alá estou na Bengala, de Santiniketon a Kolkata, ida e volta, uso sempre um dos mais de cinco trens que unem ambas localidades a diário. Em especial os denominados Santiniketon Express e Visva-Bharati Express, nome este da universidade tagoreana. Se nom estou canso, vou sempre entre as gentes, nos vagoes repletos, para poder conhecer melhor a idiosincrasia dos cidadaos bengalís, para praticar o seu idioma e mesmo para cantar as cançoes de Tagore que já sei. É todo um prazer, que, por um módico preço (menos de 2 euros), nom te das conta do tempo que leva a viagem de duas horas e média, para um trajecto de uns 150 quilómetros. Tambem assim um se da conta da razom que tinha Gandhi ao sinalar que para conhecer bem Índia há que viajar nos seus combóios com as suas gentes alegres e bondadosas.

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