Opinión

O governo laico da Índia

Hoje é um dia nacional feriado na maior democracia do mundo. Com múltiples festas e celebraçoes em todos os estados, todas as cidades e mesmo nas vilas e aldeias mais pequenas do subcontinente indiano. À meia-noite de 14 para 15 de agosto de 1947, termina a era do domínio britânico e nasce a República Federal Índia. Sem incluir na mesma, como era o inteligente desejo de Gandhi, o que hoje som Pakistám e Bangladesh. E logo de décadas de loitas continuas para lograr a independência. Finalmente o país logra a liberdade e passa a ser o primeiro ministro da República o pondit Nehru, como líder do Partido do Congresso Nacional Indiano. Depois de sesenta e dous anos, com poucas interrupçoes temporais, a sua estirpe continua a governar hoje o país. Na que a líder é a italiana Sónia Gandhi, que casara com Rajiv, filho de Indira e neto de Nehru, morto em 1991 num atentado terrorista, sendo primeiro ministro.


O passado dia 17 de maio, depois de quase um mes de votaçoes nos diferentes estados indianos, deram-se a conhecer os resultados eleitorais. Nom sem surpresa para os diferentes analistas políticos, que predeciam uma profunda atomizaçom do parlamento de Delhi. Contra todos os prognósticos, e para bem da vida em ordem e paz dos indianos, o povo votou pola estabilidade. Fazendo ascender quase até a maioria absoluta à coaligaçom governamental liderada polo Partido do Congresso, presidido por Sónia Gandhi e continuando de primeiro ministro Manmohan Singh, da minoria sikj. Uma pessoa enormemente digna e muito apre ciada e valorada por todos os indianos. Os grupos regionalistas e comunistas levaram um forte varapau. Ao igual que o maior partido da oposiçom, o BJP, extremista e integrista hindú, muito oposto ultimamente aos mussulmanos. Num país que é no mundo, depois da Indonêsia, o segundo com maior número de cidadaos desta religiom. A Aliança Progressista Unida, liderada polo Partido do Congresso, logrou ascender mais de sesenta escanos no parlamento a respeito das eleicçoes anteriores. Polo que nom vai depender para governar de grupos extremistas e comunistas que lastravam muito o seu governo. De um dos países que, economicamente, mais está a progredir no mundo, com um 8 % de produto interior bruto anual de crescimento.


Comentei antes que os resultados eleitorais foram muito bons para este país. E explicarei por qué. O governo presidido por Singh, no que se integra o filho de Sónia, Rahul, de 38 anos, bisneto de Nehru, é um governo progressista, social-demócrata e, o que é mais importante, laico, no amplo senso do termo. A Índia é um imenso país que tem uma grande diversidade. De religioes, de étnias, de idiomas, de culturas, de formas de entender a vida...É certo que o hinduísmo é o culto religioso maioritário, mas o verdadeiro hinduísmo nom o extremista e integrista é respeituoso com as outras doutrinas e nom busca nem o proselitismo, nem o confronto. Os hinduístas autênticos, e há muitos, amam a paz e respeitam a vida. Um governo laico, como o actual, é para a Índia uma bençom de Deus. Pois res peita todas as opçoes e nom impom umas sobre outras. Fomentando entre os cidadaos o aprécio pola vida, pola paz, polo entendimento entre todos, pola igualdade, e tratando certo que com dificuldades polo peso histórico das tradiçoes de levar para a frente os princípios constitucionais que nom aceitam as castas, nem a marginaçom dos sem casta, que Gandhi chamava ‘harilhans’ ou ‘filhos de Deus’.


Num país tam grande, com tanta diversidade, que tem os seus conflictos (larvado como o antigo e histórico da Cachemira, os do terrorismo dos grupos maoístas em algúns territórios e o dos grupos integristas mussulmanos), e uma história milenária, a alternativa melhor é ter um governo laico, que respeite todas as opçoes filosóficas e religiosas. E procure fomentar o entendimento entre todos os cidadaos, a paz e a nom violência, seguindo o modelo gandhiano. Na Índia, país ao que há que viajar para falar dele com alguma objectividade, resulta admirável ver como se respeitam os idiomas e as religioes, que teria que ser um modelo para occidente e, por exemplo, para Espanha. Eu amo este país e no futuro hei viver alí por seis meses cada ano. Levei-me grande alegria polos resultados eleitorais. Que ham fazer que esse grande país tenha uma só e única bandeira : a verde, branca e laranja. A bandeira da paz e da nom violência. E o hino, com música e letra de Tagore, no que se difunde o amor entre todos os indianos.


(*) Professor Numerário da Faculdade de Educaçom de ourense

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