Opinión

Grande galeguista

Tal dia como hoje, do ano 1909, nascia em Cartelhe Carlos Velo Cobelas. Cúmprem-se, por tanto, os cem anos do nascimento deste grande galeguista e cineasta. Que eu teve a sorte de conhecer pessoalmente quando, por proposta de Luis Pousa, veu desde o seu exilio mexicano às quintas Jornadas do Cinema de Ourense, em abril de 1977. Dentro de cujo programa pronunciara na sala nobre do Liceu uma interessante palestra. Aproveitando a sua visita, leveino no meu auto a ver de novo a sua casa paterna do município de Cartelhe, onde aínda tinha a sua importante biblioteca. Em días posteriores, junto com a minha companheira Ana, levámo-lo ao aeroporto de Compostela para tomar o avióm de volta para México. Naquela altura trazia debaixo do braço, o disco de imagens fílmicas. E nom se cansava de repeter-nos que aquilo era o futuro do cinema. Quánta razom tinha Velo, pois hoje o cinema está em suporte similar baixo o nome de DVD! Foi sempre um pioneiro e adiantado nos temas da imagem, a sua verdadeira paixom. O seu pai era o médico do municipio car telhao. Em Ourense, estudou o Bacharelato e Magistério. Na nossa cidade conheceu a Risco, que o iniciou no galeguismo.. Mais tarde marchou para Madrid estudar Medicina, mas as paixoes de Velo eram a Biologia e o cinema. Licenciado na Complutense, em 1932, onde chegou a ser professor das disciplinas de Ciências Naturais e Entomologia. De forma curiosa, e por acaso, a Biologia levou-no ao mundo profissional do cinema. Com Buñuel, criou o primeiro cine clube espanhol e quando o grande cineasta de Calanda filmou a curtametragem ‘Um cam andaluz’, Velo facilitou-lhe para a filmagem as formigas vermelhas.


Nas sesoes da Residência de Estudantes da ILE disfrutou vendo os clássicos do cinema, que deixaram grande pegada no ourensano : Eisenstein, Dovchenko, Vertov, Pudovkin e, especialmente, Robert Flaherty. Que tanta influência ia ter posteriormente na arte documentalista de Velo. Onde realmente destacou e nom tanto nas longametragens. Conheceu a Lorca e o filme O acoraçado Potemkin sempre o entusiasmou. Sendo Mantilha o que o iniciou na técnica cinematográfica, que nunca abandoaria, mesmo no seu largo exílio mexicano. Sendo aínda estudante, em dezembro de 1931, participou na primeira missom pedagógica republicana da localidade segoviana de Ayllón, dirigida por Cossío. À que levou precisamente vários documentários cinematográficos. Tanto na etapa republicana, como logo na mexicana, realizou interessantíssimos documentários. Entre os que destacamos Almadrabas, Infinitos, Felipe II, O Escorial, Yerbala, México eterno, História de México, Raíces (prémio em Cannes em 1953), Pintura mexicana de Diego Rivera, Arte público de David Siqueiros, Homenaje a León Felipe, Torero e Cartas de Japón. A mim encantou-me no seu dia o seu documentário Universidade comprometida, no que sae Salvador Allende pronunciando um formoso discurso na universidade mexicana. Fora projectado no seu momento na nossa Escola Normal e logo nas Jornadas do Cinema de Ourense. A TVG, quando voltou de novo à sua Galiza, emitira a sua longametragem Pedro Páramo, baseada no romance de Juan Rulfo. Em México Velo, como um auténtico inmigrante, teve que suportar vários problemas e incomprensoes. A sua vida mexicana está cheia de luzes e sombras. Mesmo chegou a estar privado de liberdade durante um tempo. Colaborou com os galeguistas e foi um dos fundadores da excelente revista Vieiros, que, de forma clandestina, distribuia em Ourense o advogado Amadeu Varela. Que eu teve a sorte de contar com a sua amizade. Num pequeno artigo é difícil condensar toda a personalidade, figura e biografia de Velo. Existem vários livros sobre ele, que eu recomendo ler.


(*) Professor Numerário da Faculdade de Educaçom de Ourense

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