Opinión

A Índia em tempo eleitoral

Desde o passado dia 16 de abril e até o próximo 13 de maio, a maior democracia do mundo encóntra-se em periodo eleitoral. A Índia, imenso país asiático que é um subcontinente no que cabem três Europas, e tem perto de mil douscentos milhoes de habitantes, realiza cada cinco anos o processo de votaçoes mais largo em tempo do planeta. Durante um mes menos tres dias, por razoes logísticas e de segurança, uns 714 milhoes de cidadaos indianos, em cinco tandas, votam nos diferentes estados que formam a Uniom Federal Índia, para escolher os seus representantes no parlamento de Delhi, capital da república federal indiana. Desde a independência do Reino Unido, e a promulgaçom o 26 de janeiro de 1950 da sua constituiçom democrática, muito progressista, os cidadaos indianos votam para cobrir esta vez os 543 lugares ou escanos do seu parlamento, que este ano é o décimo quinto. Deste número, 79 escanos resérvam-se para as pessoas que nom tem casta, que som os denominados intocáveis, e 41 para ser ocupados por representantes das diferentes tribus que existem em vários territórios. Durante os últimos 61 anos existiu na Índia um bipartidismo quase perfeito, governando na maioria das legislaturas o Partido do Congresso, criado na época de Gandhi antes da independência, e no que o primeiro líder governante foi o pondit Jawarharlal Nehru, pai de Indira Gandhi. A líder actual é a nora desta, a italiana Sónia Gandhi. Que no seu momento, por razoes pouco esclarecidas, decidiu que fosse no lugar dela primeiro ministro o doutor Manmohan Singh, pertencente à minoria sikj, religiom que só é maioritária no estado chamado Penyab, algo assim como a nossa Galiza. Por estar situado geograficamente no noroeste e ser o graneiro de todo o país. Liderado por este partido, numa coaligaçom denominada Aliança Progressista Unida (UPA), que tem 216 escanos, o actual Parlamento conta tambem com um grupo opositor muito forte, com 186 escanos agrupados arredor da chamada coaligaçom Aliança Democrática Nacional (AND), na que predomina o partido nacionalista hindú BJP, que tambem governou em algum momento. Para que nos entendam os nossos leitores, o parlamento actual indiano é algo muito semelhante ao nosso de Madrid. O Partido do Congresso veria a ser o PSOE, por certo, com princípios ambos muito similares, e o BJP muito parecido ao PP de Rajoy. No Parlamento de Delhi o Partido Comunista (muito ‘sui generis’, e nom equivalente a um partido comunista clássico), e os seus aliados, conta com 62 escanos, pois governa desde há tempo nos estados de Bengala e Kerala. E, por certo, no segundo caso muito bem. Outros partidos mais pequenos e minoritários sumam entre todos 75 escanos.


O primeiro dia das votaçoes acudirom às furnas para depositar o seu voto os cidadaos de dezassete estados. Os dias 23 e 30 de abril e 7 e 13 de maio votam em outras quatro tandas os habitantes do resto dos estados da República, até completar a totalidade dos 28 e os 6 territórios da uniom e o da capital federal. Mais de um milhom de máquinas electrónicas para votar estam sendo usadas. Como a votaçom se dilata tanto no tempo, nom está permitido fazer inquéritos a pé de furna, nem se podem dar a conhecer resultados parciais após o 13 de maio, último dia para votar. Para evitar as possíveis influências nos votantes que aínda nom votaram. Esta vez há 43 milhoes de novos votantes, que podem fazer variar muito os resultados. Todos os analistas coincidem em que vam aparecer novos grupos com escanos das distintas minorias, o que vai diluir um pouco o tradicional bipartidismo e obrigará a fazer muitas alianças para poder governar um país tam grande. Pronostíca-se que o parlamento vai ficar muito atomizado, com infinidade de pequenos grupos, de minorias regionalistas e étnicas. Paralelamente os conflictos religiosos e políticos ocasionados em lugares concretos desde há bastante tempo, estam criando problemas graves nas actuais eleicçoes celebradas em esses lugares. Som estes os casos de Cahemira, de maioria mussulmana, reclamada desde há muitos anos por Pakistam, do grupo extremista dos naxalitas, com uma terrível guerrilha maoísta no extremo oriental, e a violência contra os cidadaos cristaos no estado de Orissa. A diferença do que acontece na maioria e resto dos estados e territórios. Nos que os conflictos som mínimos e as votaçoes celebram-se em paz quase total e tambem com festas populares. Outro dia num próximo artigo falaremos de outros temas indianos. Para contrarrestar os muitos preconceitos e estereotipos que existem sobre aquele grande país, que tanto está a progressar economicamente.


(*) Professor Numerário da Faculdade de Educaçom de Ourense

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