Opinión

LETRAS GALEGAS PARA UM REINTEGRACIONISTA

Sempre fum crítico nos últimos tempos para uma sectária e endogámica RAG, que preside nesta altura Méndez Ferrín. Sem embargo, esta vez quero dar-lhes aos académicos os meus parabéns por ter escolhido a Valentim Paz-Andrade (1898-1987) para dedicar-lhe as Letras Galegas do ano 2012. Quando lim os titulares dos jornais anunciando a boa nova do seu nome nom podia dar crédito ao que esta va lendo. O coletivo de académicos da RAG, com um bom número deles furibundos anti-lusistas, tinha nominado a um importante reintegracionista como Paz-Andrade. Que sempre teve claro que galego e português som a mesma lingua, com sotaques diferentes, e que o nosso idioma pertence ao tronco lingüístico luso-brasileiro. Apoiando em numerosos foros e escritos a lusofonia, na que Galiza tinha que insererir-se. Espero que este nomeamento seja a abertura de uma porta para a cordura, e para que em anos sucessivos sejam nominados três grandes galegos bons e generosos como Carvalho Calero, Guerra da Cal e Marinhas del Valle. Os três, como Paz-Andrade, do que eram amigos, reintegracionistas e defensores do galego-português. Como tambem o eram, mesmo na sua escrita, e foram homenageados no seu dia dentro da data das Letras Galegas, Joam Vicente Biqueira (1974), Joam M. Pintos (1975), Antom Vilar Ponte (1977), Afonso X O Sábio (1980), Vicente Risco (1981), Fermim Bouça-Brei (1992), Rafael Dieste (1995), os poetas medievais Meendinho, Joam de Cangas e Martim Códax (1998) e Roberto Blanco Torres (1999). E outros de sentimento e pensamento, embora nom na escrita, como Rosália de Castro (1963), Daniel Castelao (1964), Eduardo Pondal (1965), Florentino L. Cuevilhas (1968), Ramom Otero Pedraio (1988), Manuel Murguia (2000) e Manuel Lugrís Freire (2006).


Organizadores e assistentes à 'Escola Internacional de Verão-8ª Jornadas do Ensino de Galiza e Portugal', celebrada na escola Normal de Ourense, do 27 de agosto ao 1 de setembro de 1984, tuvemos a sorte de contar com a presença na mesma de Paz-Andrade, para falar-nos da grande figura de Castelao. Baixo o epígrafe de 'Castelao, literatura, arte, política e ensino', o primeiro dia das 'Jornadas' teve lugar uma homenagem ao grande vulto de Rianjo. Na mesa redonda interviram Paz-Andrade, Diaz Pardo e Carvalho Calero. Quem suscreve era o presidente da comissom organizadora e aínda lembra com nostálgia o jantar daquele dia com tam pre-claras personalidades no antigo e formoso comedor do já desaparecido Hotel Barcelona. Onde se hospedavam todos os docentes que impartiam cursos e obradoiros nas 'Jornadas'. Como se lembra tambem do roteiro do último dia, acompanhados por Dom Ricardo Carvalho Calero, às terras de Celanova, para visitar o mosteiro de S. Rosendo, capela de S. Miguel, Castromao, Vilanova das Infantas e Virgem do Cristal e, ao final, a leitura de poemas diante dos bustos de Curros e Celso Emílio. Onde Carvalho pronunciara umas belas palavras.


Ademais do seu profundo amor por Galiza ao largo de toda a sua vida, Paz-Andrade carateríza-se pola sua trajetória polifacética, tendo Galiza sempre como norte ou como 'tarefa'. Foi jornalista e criador de várias publicações periódicas, foi empresário galeguista criador de Pescanova, foi o que mais apoiou a Blanco Amor no seu momento, foi literato, poeta e ensaista, foi economista, político republicano e advogado. Entre as suas obras quero destacar Pranto matricial (1954), Galiza como tarefa (1959), Sementeira do vento (1968), O porvir da lingua galega (1968), La marginación de Galicia (1970), Cem chaves de sombra (1979), Castelao na luz e na sombra (1982), Galiza lavra a sua imagem (1985) e, especialmente, A galecidade de Guimarães Rosa (1978), onde como muito bem diz o meu amigo Carlos Durão, ademais de amostrar que no Brasil úsa-se a lingua nossa comum e internacional, emprega palavras e expresões tam galegas como brasileiras, que nos som comuns. Como exemplo : amojar, chirimia, sanfona, orvalho, lusco-fusco (e lus-fus), noitinha, sol-pôr, arco da velha, lonjão, c[o]roça, fura-bolos, mata-piolhos, meninho, sovela, queixume, folgar-se de, ri que ri, verter água (mijar), arranjar (acomodar), pendão (do milho), folha de vid, etc. E nom quero esquecer-me que o nosso grande vulto publicou artigos na revista O Ensino, da que teve a honra de ser eu diretor, e a AGAL dedicou-lhe um número monográfico, o 51 de 1997, da sua revista Agália. Paz-Andrade estaria, como grande reintegracionista que era, com todas as entidades galegas que desde há tempo apoiam decididamente que o idioma galego deve formar parte da lusofonia. Por isto, em 1986 era vice-presidente da comissom da Galiza para a integraçom do galego no acordo ortográfico lusófono de Rio de Janeiro. Tal comissom estava presidida por Guerra da Cal e, entre outros, formavam parte dela Isaac Estraviz, Marinhas del Valhe, Gil Hernández, Vilhar Trilho, Carlos Durão, Fontenla, Martinho Montero e quem suscreve o presente artigo.

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