Opinión

Língua materna e afectividade

Em novembro de 1999 a Conferência Geral da Unesco proclamou, para promover o multilingüísmo e a diversidade cultural, o “Dia Internacional da Língua Materna”. A celebrar cada ano, a partires do ano 2000, o dia 21 de fevereiro. Tal proclamaçom foi feita por proposta dos representantes de Bangladesh. País formoso que eu venho de visitar no passado mes de janeiro. Onde amam de verdade o seu idioma oficial que é o bengalí ou bangla. Tanto, que foi a causa fundamental deste povo para loitar pola sua independência de Pakistám. Que lhes queria impor o urdu (hindi escrito com grafia árabe). O dia 21 de fevereiro de 1952 os jovens estudantes Abul Barkat, da Universidade de Dhaka, e Rafiquddin Ahmed, do Colégio Manikgonj Debandra, junto com o empregado da Corte da capital bengalí Shafiur Rahman, foram assassinados pola polícia quando abriu fogo indiscriminado contra a manifestaçom dos bengalís que demandavam o reconhecimento do seu idioma bangla, como uma das línguas oficiais de Pakistám. Os mencionados jovens contam com um monumento na sua honra em Dhaka, que eu visitei em 2005 e agora de novo no presente ano, que leva o nome de “Central Shahid Minar” ou “Memorial dos Mârtires”. Pois tais jovens som considerados como mârtires do idioma materno e a sua loita marca o início da guerra de liberaçom de Bangladesh, do jugo occidental pakistaní. Que logrou a sua independência em 1971, depois duma guerra cruenta, e na sua Constituiçom de 1972 se declara por primeira vez o Bangla como o idioma oficial do país já independente. Precisamente desde 1953 todos os anos o 21 de fevereiro se celebra em aquele país asiático o chamado “Language Movement Day” em lembrança dos mârtires de seu lindo idioma. Entre os que tambem está o seu grande poeta e músico Nazrul Islam. Esta efeméride bangladeshi foi reconhecida internacionalmente, fazendo coincidir a data de celebraçom o mesmo dia de fevereiro.

O escritor galo Bayle sinalava que a língua é o primeiro instrumento do génio dum povo. E se é a língua materna mais aínda por estar profundamente ligada à afectividade, aos sentimentos e às emoçoes. Nom por acaso se utiliza o adjectivo materna. Da nossa mae, já na vida intra-uterina, escoitamos as primeiras palavras, os primeiros cantares e nanas, os primeiros versos e as primeiras frases. Ligados especialmente ao carinho e amor maternos. Por isso atentar contra a língua materna das crianças, seja a que for, é um crime de lesa pátria. E nom deixam de serem absurdas as liortas lingüísticas artificiais e artificiosas, como as que estamos a viver desde há certo tempo na Nossa Terra. Na que todos andam desnorteados. Cada comunidade deve reconhecer a importância da sua própria língua materna. Todos os idiomas conformam a identidade das pessoas e dos povos. Sendo um elemento fundamental de todas as manifestaçoes da nossa vida social, cultural e económica. O outro dia desapareceu uma língua chamada bo, ao morrer o último que a falava nas ilhas indianas de Andamam no Índico. Quando se perde um idioma, e som muitos os que no mundo actual estam em perigo de desaparecer, se perde um tesouro. Por isto há que pedir aos governos cordura no tratamento e ensino das línguas. Que bonito seria lograr que todos os países aplicaram, tanto nos seus respeitivos sistemas educativos formais e non formais, como no marco da administraçom pública, medidas destinadas a propiciar a coexistência harmoniosa e fructífera das línguas de cada país. Asignatura aínda pendente de superar, por desgraça, em Espanha.

Espero que esta celebraçom sirva para reflectir e para recapacitar sobre o tratamento que se está a dar às línguas. E em Galiza que todos, de ambas as partes, polo bem da nossa língua materna, vaiam de maos dadas na sua defesa e promoçom. Com uma inteligência que até agora nom se tem dado. Colocando o galego no ámbito lusófono internacional que lhe corresponde. Eu quero aproveitar hoje para lançar uma mensagem, que, infelizmente, nom se vai alcançar pola cortedade de miras de muitos cidadaos e governantes. A minha mensagen é : Qué bonito seria por-nos todos de acordo a nível mundial para estudar a língua materna de cada território, usando-a em todos os ámbitos da vida, e estudar uma de uso internacional- tenho eu claro que deveria ser o esperanto- para entender-nos com todos os cidadaos do mundo! Quánto dinheiro e esforços se poupariam! Isto nom deixa de ser um utópico sonho. Mas que por sonhar nom fique.

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