Opinión

O meu professor de arte

O passado dia 9 falecia em Compostela Ramom Otero Túnhez. Um verdadeiro sábio e um dos mais prestigiosos professores de História da Arte que teve a universidade compostelana. Eu tivem a grande sorte de te-lo como professor nos cursos comúns de Filosofia e Letras no ano académico de 1967-68. Em 1963 tomara posse da cadeira correspondente como catedrático de universidade. Com o seu saber, a sua pedagogia e a sua didáctica inovadora, quánto me ensinou este excelente professor! Com o seu humor e as suas técnicas para ajudar a lembrar as diferentes peças artísticas, desde as pinturas da cova de Altamira até as dos impressionistas, fomentou sempre o amor pola beleza da arte humana, pola pintura, a escultura e a arquitectura. Nos seus diferentes estilos e sempre utilizando a imagem e o diapositivo como recurso didáctico. Foram muitos os alunos que passaram polas suas atractivas aulas na antiga faculdade, hoje de geografia e história. E muitos os que terminaram por apaixoar-se pola arte e a sua história. Paixóm provocada polas estupendas classes do professor, que punha sempre a emotividade e o sentimento profundo em cada obra artística que nos explicava. Eu mesmo, pola sua influência e o seu exemplo, esteve a ponto de fazer a carreira de Arte, embora a minha vocaçom era a Pedagogia. Carreira esta que terminei por estudar na Complutense.

O professor Otero, que me calificou com matrícula de honra, pediu-me de favor que realizara a especialidade de história da arte. Mesmo nos examens, realizados a média luz para poder ver as imagens projectadas na pantaia e pode-las comentar, me dizia “Paz, nom escrevas mais, já basta”. A mim ajudava-me muito a minha estupenda memória visual, herdada geneticamente de meus pais Juan e Rosa. Para prepara as provas que nos fazia tinhamos que consultar na velha biblioteca da faculdade a magna obra que é o Summa Artis.

Lembro aínda a última vez que esteve a falar com ele persoalmente. Foi em Arbo em 1976 no pasamento de Alfonso Vázquez Martínez, professor e director que foi do nosso Instituto ourensano. O professor Otero Túnhez tinha 84 anos e fora também decano da faculdade. Era um grande investigador sobre arte da Galiza, porque também muito amava a Nossa Terra. Nas suas classes faláva-nos com grande entusiasmo do coro pétreo do mestre Mateo na catedral compostelana, sobre o que era, sem dúvida, o maior especialista e conhecedor. E ao que nos levava a ver in situ. Explicava assim mesmo com muito sentimento as obras do grande escultor cambadês Asorey, sobre o que realizara estudos e pescudas. E também a arte de Gambino e de Ferreiro. Pola sua grande categoria de professor e investigador da história da arte, fora nomeado no seu dia membro numerário da Real Academia Galega de Belas Artes. E correspondente de outras academias espanholas e estrangeiras. Sendo também colaborador do Instituto “Padre Sarmiento” e do Centro de Estudos Jacobeos. Deixou este professor, nos que foramos seus alunos e alunas, o amor pola arte e a ideia profunda de que a arte nasce da emoçom e do sentimento. Que tem muito que ver com a afectividade do que cria e do que olha a beleza das obras. Este meu grande professor ficará para sempre na minha memória e no meu coraçom.

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