Opinión

MUDANÇAS NO PAÍS DE TAGORE E GANDHI

Após uns dez anos vindo à Índia, num promêdio de estância de três meses por ano, morando a maior parte do tempo nas terras de Bengala, tenho já um conhecimento mais amplo e profundo deste país. E nom digo completo porque, ademais de ser impossível, este é um país imenso, variado, complexo e, por vezes, enigmático. Do que sim estou certo é de que para falar da Índia há que visitá-la. Nom se pode falar e escrever deste país sem viver em directo a realidade do mesmo. De forma atrevida há comentaristas, mesmo em Ourense, que escrevem sobre Índia sem conhecé-la e a distância. Por isto, existem muitos pre-conceitos e apreciações muito erradas sobre a vida e as gentes indianas.


A Índia é a democracia mais grande do mundo, mas tambem das mais jovens, pois a sua constituiçom tem tam só de vida uns sesenta e dous anos, depois da independência do impêrio britânico, que custou sangue, suor e lágrimas e muitos anos de loita, com Gandhi de máximo líder. Do que, por certo, de forma equivocada, nom respeitaram ao final o seu acertado desejo de que a Uniom Indiana acolhera o território actual, unido ao que hoje configuram países independentes como Pakistam, Bangladesh e Sri Lonka. Que evitaria muitíssimos dos problemas que aconteceram antes e após o logro da independência.


A característica esencial da Índia é a sua diversidade: de culturas, étnias, religiões, idiomas, paisagens, climas, natureza, produtos, filosofias...Curiosamente tambem é um rasgo esencial a profunda unidade do país, dentro da diversidade. Por exemplo: só existe uma bandeira, a das três cores laranja, branca e verde com a 'chakra' ou roda no centro, que representa a toda a República federal, com todos os seus estados. E um hino formossísimo, do que a letra e música som de Robindronath Tagore. Que tambem transmite essa sensaçom de unidade, dentro da grande diversidade indiana. Na actualidade este grande país, polas suas múltiples riquezas naturais e as suas matérias primas, é junto com China, o que mais progressa economicamente do mundo. O incremento aproximado anual é de um oito por cento no seu produto interior bruto. Por isto está considerado como um país emergente ao lado de Brasil, China e Sudáfrica. Num momento no que tanta crise existe no planeta. No que o modelo capitalista resultou um fracaso estrepitoso. De todas maneiras, o que é realmente grave é que o progresso só é bom em parte, pois com ele aparecem muitos problemas sociais dos que falaremos a seguir. E dos que em Ocidente temos muita experiência, dado que com ele vieram as comodidades materiais, mas nom o enrequicemento espiritual e pessoal dos seres humanos, com perda grande de valores sociais, de solidariedade, amizade e felicidade. Pois o que produz esta é o 'ser' e nom o 'ter'.


Desde que venho a este país, por primeira vez em 2001, tenho observado em vivo e em directo o seu crescimento económico. E, especialmente, o aumento sem parar de bens de consumo: coches novos de todo tipo, electrodomésticos nas casas, como frigoríficos, televisores e lavadoras, mecanizaçom do campo, melhora das redes viárias e de caminhos de ferro, electrificaçom, conducçom de águas, alcantarilhado e construcçom de muitas casas. Por todo isto, as multinacionais aterraram desde há tempo na Índia, pois aquí existe um mercado potencial imenso, no que mais de quatrocentos milhões de pessoas configuram uma massa social de classe média com muito poder adquisitivo.


Paralelamente, e por desgraça, este progresso económico duma determinada classe, amplia as desigualdades com as classes menos favorecidas: os sem casta, que som muitos, e realizam as tarefas que ninguêm quere, os artesãos e os labregos. Ao mesmo tempo aparecem, ou aumentam em demasia, vícios perigosos para a saúde física e mental, antes muito reducidos, como o consumo de tabaco e alcol. Em tam só cinco anos quintuplicou-se o seu consumo em toda a República. Com os problemas de saúde pública que a seguer vai trazer este cada vez mais elevado consumo. Produto muitas vezes da nefasta publicidade televisiva que estam a sofrer muitos fogares indianos, nos que a televisom entrou, mesmo via satélite, como um elefante numa cacharreria. E que tambem está a introduzir modelos nefastos de conduta ocidentais. Muitos no comportamento e nas relações humanas, com mais violência, num país no que a bandeira gandhiana sempre foi a 'nom violência'. Infelizmente, nos últimos tempos, os indianos estam a copiar os modelos negativos ocidentais e nom os positivos, que tambem existem.

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