Opinión

Na escola rural tagoreana

De novo, na nossa estáncia de mais de dous meses em Santiniketon, visitamos no cámpus da ‘Morada da Paz’, a escola rural tagoreana denominada ‘Siksha-Sotro’ (que significa algo assim como ‘Escola-Casa com Alma’). Já fora por nós visitada em dezembro de 2001. Criada por Tagore e os seus colaboradores em 1924, dous anos depois da criaçom de Sriniketon (‘Morada da Abundáncia’), a granja-escola ou Instituto de Reconstrucçom Rural. Já no seu momento gostamos muito desta escola, dos seus alegres e educados estudantes e da maioria das suas aulas ao ar livre.


O objectivo fundamental tagoreano ao fundar esta escola foi o de facilitar que as crianças das aldeias próximas pudessem aceder ao ensino primário e secundário.


No primeiro momento pensou Tagore nos rapazes e raparigas das tribos Santales, primitivos povoadores destas terras, que tenhem a sua própria cultura e o seu idioma santali. Marginados de forma incompreensível, por nom serem de casta, polos hindus, muitos acabaram por abraçar o cristianismo.


Para visitar a escola e as suas aulas, alugamos um rikxa (bicicleta de 3 rodas, com assento e condutor). Acompanhou-nos o estudante desta escola Toton Kundu, nosso aluno temporáriio de galego e castelhano. Primeiro visitamos o director e depois estivemos na sala de professores, entre os quais já temos muitos amigos. Todas as salas de aulas queriam que as fôssemos visitar. Fomos duas jornadas e ainda iremos algumas mais para poder estar com os rapazes de todas as idades. Numa aula explicamos os nomes dos números em castelhano e galego-português, comparados com o idioma Bangla. Noutra de geografia desenhamos o mapa da Península Ibérica, colocando nele os nomes das cidades e os dous países ibéricos e os rios. Noutra falamos dos nomes das pessoas e das comidas da Galiza. Noutra cantamos cantigas de Tagore que sabemos e cantigas populares galegas como a de ‘Olhos verdes som traidores...’, que explicávamos a seguir com o nosso rudimentário bangla. Os rapazes e raparigas pensavam que vínhamos de inventar a cantiga, pois todos tenhem os seus olhos muito negros e formosos. Noutras aulas falamos de Tagore, dos seus livros, dos seus valores, e presenteamos selos e livros aos que mais sabiam sobre estes temas. Para nós, que gostamos muito de ensinar, torna-se um verdadeiro prazer termos diante estudantes curiosos, alegres, educados e que respeitam os mestres. Com os de infantil jogamos e ensinamos-lhes jogos nossos. Som todos enormemente carinhosos. Um dia iremos com eles de excursom ao campo, para o qual fomos convidados.


Desde 2001, até este ano de 2008, notamos uma baixa de estudantes santales (só um promédio de um por sala de aulas na actualidade) nesta escola. Como a qualidade do seu ensino é alta, os lugares escolares estám a ser ocupados cada vez mais por crianças de famílias de casta. Isto comprovamo-lo ao ver as listas de estudantes e os seus apelidos. Ao nomeá-los ficavam surpreendidos que um europeu souvesse tanto sobre os apelidos indianos. Ao vermos o apelido sabemos de imediato a casta, a etnia, a religiom e se som santales ou nom.


Nesta escola nom so se estudam as disciplinas típicas de todas as escolas como as nossas, como também dam muita importáncia aos trabalhos manuais (carpintaria, electricidade, jardinaria, tear, batik, costura, horta, etc.), à música e canto, à dança, à cozinha, à higiene e aos desportos e jogos populares (entre eles a bilharda e o truco).


(*) Professor Numerário da Faculdade de Educaçom de Ourense Na escola rural tagoreana

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