Opinión

A nossa Pátria é a Terra

O passado 22 de abril celébrou-se em todo o mundo o ‘Dia da Terra’. No duplo sentido de que a Terra é o planeta no que mora toda a humanidade e tambem as plantas, os animais e todo o que tem vida. Existe um profundo sentido social na utilizaçom do termo. E outro natural ou ecológico como lugar vital, que ninguém tem o direito a destruir ou contaminar. O próximo dia 5 de junho celébra-se tambem o dia internacional do médio ambente. Este tema é tam interessante desde o ponto de vista pedagógico e didáctico, que as diferentes escolas (a familiar, a tradicional e a paralela dos médios de comunicaçom) deveriam tomá-lo como prioritário. Realizando nos centros de ensino, ao largo dos cursos, actividades didácticas criativas e lúdicas, que promovam o interesse e a sensibilidade entre os estudantes.


O grande pensador galo, já muito maior e felizmente aínda vivo, Edgar Morin, escreveu um heptálogo de saberes que vam condicionar o ensino do futuro. Dos sete saberes, quatro têm relaçom directa com o tema da Terra. Morin fala do saber da identidade terrenal, como um conteúdo básico curricular no ensino obrigatório. Compartimos a sua ideia de que a pátria comum de todos os seres humanos, mulheres e homens do mundo, é a Terra. Por isso temos que lograr um sentimento de pertença à mesma, embora existam diferenças essenciais. Em relaçom com este saber principal estam outros três saberes. Em primeiro lugar o de ensinar a condiçóm humana, reconhecendo a nossa humanidade comum na que vivemos. E, ao mesmo tempo, a diversidade da nossa condiçom humana, pois a humanidade é uma e diversa. Em segundo lugar, e tambem muito relacionado com o anterior, o saber de ensinar a compreensom. Com actividades e estratégias positivas que ajudem a melhorar a nossa compreensom dos demais, o respeito polas ideias dos outros e os seus modelos de vida, sempre e quando nom atentem contra a dignidade humana. Porque há que entender os outros códigos éticos, os ritos e costumes, evitando por cima de tudo o egoísmo e o etnocentrismo. Por último, em terceiro lugar, Morin cita o saber da ética do género humano. Compartimos com o pensador galo tambem a ideia de que é fundamental ensinar a democracia como um dever ético de todos. Mas isso tambem necessita diversidades e antagonismos, pois tem que ficar claro para sempre que a democracia nom consiste numa dictadura da maioria. O respeito polas minorias é um princípio democrático fulcral. Negámo-nos tambem a aceitar, em contra do que pensam algúns, de que nacionalismo (evidentemente racional) e universalismo som excluíntes. Nós pensamos, desde a vivência na Nossa Terra de Galiza, que se pode ser galeguista e, ao mesmo tempo, tambem universalista. Os autênticos galeguistas, ou, se querem, nacionalistas, eram ao mesmo tempo europeístas e internacionalistas. Porque ao final a pátria de todos nós é a Terra ou Planeta Azúl.


Já, no campo da Terra como âmbito ecológico no que vivemos e respiramos, queremos lembrar hoje o mais formoso discurso a favor da natureza pronunciado ao largo da história. Em 1854 o chefe índio da tribu Suwamish de Seatle contesta ao presidente dos USA naquela altura, diante da sua intençom de comprar territórios que pertenciam aos índios americanos. Na sua declaraçom, a mais formosa e profunda que jamais se tenha feito sobre o médio ambiente, diz-se que ‘a Terra nom pertence ao homem, senom o homem à Terra’. Todos os parágrafos da declaraçom som lindíssimos. Entre eles destacamos por significativos algúns treitos: ‘Somos partes da Terra e ela é parte de nós. As fragantes flores som as nossas irmás, o venado, o cavalo, a águia majestuosa, som nossos irmaos. As rochosas cumes, as sávias das pradeiras, o calor do corpo do cavalinho e o homem, todos pertencem à mesma família’ (...) ‘Os rios som os nossos irmaos (...), devedes lembrar e ensinar aos vossos filhos que os rios som vida e que merecem o nosso trato bondadoso’ (...) ‘Todas as cousas estam relacionadas entre sim’ (...) ‘Quando os homens cuspem ao chao, cúspem-se a sim mesmos’. Uma boa actividade seria trabalhar com os escolares de todos os níveis do ensino esta linda declaraçom. E projectar-lhes tambem filmes como ‘Dersu Uzala’ de Kurosawa, ‘Os dentes do diabo’ de Ray, ‘A selva esmeralda’ de Boorman, ‘O livro da selva’ de Disney, ‘Moby Dick’ de Huston ou ‘O bosque animado’, baseado no relato do galego Flórez. Com cinemafórum posterior.


(*) Professor Numerário da Faculdade de Educaçom de Ourense

Te puede interesar