Opinión

Passaros de Bengala

Para os amantes da natureza e das suas belezas, a Índia, e Bengala em particular, é um paraíso verdadeiro. No seu dia falei das flores num artigo e hoje lembro o meu amigo Vicente R. Gracia, que ama como ninguém a flora, polo que tem em Ourense uma extraordinária biblioteca sobre o tema. Outro dia terei que falar das árvores, das quais aqui existem algumas maravilhosas e muito diferentes às nossas, e quase se vem medrar a diário. A vida está presente aqui continuamente e os animais de todo o tipo som muito respeitados, começando pola vaca. Entre os animais mais lindos que aqui em Bengala existem, e por extensom na Índia, temos os pássaros. Para os que gostamos dos mesmos, das suas cores e dos seus trinos e cantos, este é um lugar delicioso. Existem milhares de aves de todas as cores, todos os tamanhos e todos os cantos, doces e suaves. Santiniketon, o lugar tagoreano onde moro a maior parte do tempo, é provavelmente o lugar mais extraordinário desta terra bengalesa para desfrutar dos pássaros. Por muitas razões. Porque como é um imenso jardim e um imenso bosque, com fragas de todo o tipo de árvores e numerosas e variadas flores, o lugar é idóneo para a vida destes animais. Nom podem ter melhor casa nem melhores ninhos. Porque aqui existe um lago, junto ao qual fazem os ninhos as aves migratórias que vêm das frias terras do norte e siberianas. Somando-se assim estas muitas aves, que viajam nesta época durante jornadas e quilómetros, para escapar do frio e acolher-se ao calor do sol santiniketano, às que já habitam de forma normal nestas comarcas. Onde têm alimento de todo o tipo e especialmente os graus de arroz. Este ano, ademais, eu tenho a sorte de ter alugada uma casa fantástica em pleno coraçom dum jardim e dum bosque. Cheio de árvores, de flores e de pássaros de todas as cores e tipos. Que me fazem lembrar aquele grande amante da Galiza, amigo de Cuevilhas, Santos Junior. Que, além de etnógrafo e arqueólogo, foi um verdadeiro especialista em ornitologia.


Nesta casa em que moro, pola noite desfruto vendo o moucho, chamado ‘pemcha’ em bangla. E escuitando o seu berro várias vezes de noite. Aqui também acreditam que ver esta ave rapace dá muita sorte. Por isso é uma figura que elaboram os artesãos com diferentes materiais, da madeira até o barro, o ferro e o bronze.


Pola manhã o meu despertar é maravilhoso, com o canto de vários pássaros como o ‘bulbuli’, de música doce, cor vermelha, bico amarelo e asas brancas e pretas. Abunda muito o ‘salik’, de bico amarelo e penas pretas e brancas. Ao cuco chamam-lhe aqui ‘coquil’. Existem muitos pardais que chamam ‘choroi’, vivendo especialmente nos campos de arroz. Também está a bubela, que chamam ‘kattora’, de cor azul, branca e preta, que me traz muitas saudades da minha infância na Corna. O clima permite que existam papagaios e periquitos, entre os que aqui há a tia de penas verdes brilhantes e bico vermelho. Abunda muito o ‘doel’, que me lembra a andorinha nossa polas suas penas branco-pretas. O ‘babui’, faz os ninhos nas palmeiras que aqui muito abundam. O gugu é gris e de corpo branco. O fingue tem a cabeça azul e o corpo branco. O nilconto é verde, laranja, algo de branco e o bico longo. A moina tem o rabo longo de cor verde, as asas também verdes, a cabeça vermelha e o peito branco. É um pássaro pequeno, muito apreciado e muito formoso, de canto lindo. Como existem muitos pequenos lagos, onde se guarda a água, chamados pukur, também existem pássaros, adaptados a estes habitats. Como o ‘bok’ e o ‘pamkouri’ de bico e patas longas. O primeiro todo branco e o segundo de bico vermelho e corpo preto-branco. O ralhas combina as cores amarela, verde, laranja e branca, e abunda nos ‘pukur’. Além do moucho, que se alimenta de ratos pola noite, existe outra ave rapace que é o ‘chil’, de cor castanha, preta e branca. Finalmente há muitos corvos, chamados ‘kak’, com grande valor ecológico, e as pombas denominadas paira. Um dos prazeres meus aqui é estar com os rapazes das escolas ao ar livre tagoreanas. Sentar-me ao seu lado debaixo da grande árvore centenária que nos acolhe a todos. Falar e cantar com eles e responder às suas perguntas. E, especialmente escuitar os trinos dos pássaros situados nas pôlas. Que de quando em vez descem para se pousarem ao nosso lado, sem ter medo, pois nom escapam. Como se quigessem escuitar-nos e acompanhar-nos.


(*) Professor Numerário da Faculdade de Educaçom de Ourense

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