Opinión

Paz, alegría e amor

Neste grande país onde me encontro desde meados do mês de novembro, três som as palavras que no dia a dia som pronunciadas continuamente polos cidadãos indianos. Nom só na fala normal, também nos cantares, nas poesias e nas orações. Em primeiro lugar, a palavra Paz, que em sânscrito, hindi e bangla se diz ‘Santi’. Todas as orações terminam com esta palavra repetida três vezes. Polo que é, sem dúvida, a palavra mais mencionada, milhões e milhões de vezes ao dia. Palavra que eu tenho a grande sorte de levar como apelido principal, herdado de meu avô José Maria e meu pai Juan. E que levam os meus três filhos, esperando que algum deles ajude à continuidade da palavra na família. Aqui em Bengala e em Santi-Niketon admiram-me por ter este apelido. O que também ajuda a que seja eu muito conhecido. Nos diferentes actos que tiveram lugar estes dias neste grande centro educativo tagoreano, para comemorar o Natal e a criaçom desta escola por Tagore, foi pronunciada infinidade de vezes esta palavra. Tanto ao final como ao início dos diferentes discursos e mantras. No dia 25 pola tarde, no mondir ou templo, para lembrar o evangelho e o nascimento de Jesus, a histo riadora Uma Das Gupto, amiga minha e tagoreana como eu, pronunciou um belo discurso. No qual falou muito bem em bangla da mensagem da paz, o amor e a bondade, que encerra a palavra de Cristo. Que também era admirado por Robindronath, e sobre o qual escreveu um belo livro, que eu aconselho ler. No mesmo acto, ademais doutros cantares natalícios, pudemos escuitar Noite de Paz. Esse belo cantar que, no seu dia, me ensinou na Escola Normal de Ourense Gerardo Salgado, alá polo ano 1964. Os actos finalizaram com as palavras sânscritas ‘Om Santi, Santi, Santi’ (Paz, Paz, Paz). Que o outro dia num formoso artigo lembrou no nosso La Región o meu amigo José Luís Penedo.


A segunda palavra mais pronunciada e repetida é Alegria, que em bangla se diz ‘Anondo’. Mesmo existem muitos nomes de pessoas que levam esta palavra e jornais e revistas. Todos os cantares populares a utilizam. E a verdade é que uma das características essenciais das pessoas indianas, especialmente crianças e mulheres de todas as idades, é terem no rosto presente continuamente o sorriso. Demonstrando alegria e contento. À mesma cidade de Kolkata se lhe denomina ‘Cidade da Alegria’. Por que todas as pessoas têm presente o sorriso nos seus beiços. Mesmo aquelas que, por nom terem lar, dormem na rua. Aqui também se valoriza muito o humor e as anedotas. Às vezes parecem-me os bengalis concidadãos meus com o nosso humor e a nossa retranca. A terceira palavra mais usada é a de Amor, que em bangla se diz ‘Bhalobasa’. Existem numerosas cantigas populares e muitas de Tagore que usam a palavra. Algumas formosíssimas, como aquela cantada por Indrani Sen que começa por ‘Bhalobasi, bhalobasi’ (Eu amo-te, eu amo-te). O tema do Amor na Índia tem carácter sagrado. Tal como se reflecte nos famosos livros Ananga Ranga, Kamasutra e no de Lhoidev Guitogobinda. E nas esculturas de muitos templos indianos como o de Khajuraho no Estado de Madhya Prodesh. Porque sem amor nom pode haver vida. E neste momento eu quero aproveitar para desejar aos meus leitores e a todos os galegos e galegas bons e generosos o que menciono no título do meu artigo: paz, alegria e amor. Aquilo precisamente que mais falta hoje no mundo que vivemos. Vai o meu desejo desde a Índia, o País da Paz.


(*) Professor Numerário da Faculdade de Educaçom de Ourense

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