Opinión

O ROTEIRO DE TAGORE EM BANGLADESH

Do 15 ao 25 do mes de janeiro passado voltei de novo a Bangladesh, país que muito me encanta. Especialmente gosto das zonas rurais que som lindas de verdade. Era a terceira vez que ia a este país. A primeira foi em 2005, e naquela altura visitei dous dos quatro paços que tinnha em estas terras a família Tagore. O dia 15 de madrugada, com retraso por existir muito nevoeiro, saimos do aeroporto de Kolkata em direcçom ao de Daca. Chegamos nuns cinquenta minutos. Alí estava à nossa espera o amigo de ambos Prodip Kumar Agarwala, que nos levou até o hotel no centro da grande cidade. Daca é uma imensa cidade, à que lhe dedicarei proximamente um meu artigo. Nos primeiros dias visitamos vários lugares urbanos e assistimos a um festival muito formoso de cantigas. Mas eu queria visitar os lugares e paços de Robindronath, tema polo que realicei esta terceira viagem. O dia 19, numa carrinha alugada para 7 pessoas, pola tarde, depois de participar num festival poético, partimos polas estradas bangladeshis, para realizar um lindíssimo roteiro relacionado com Tagore.


Por encárrego de seu pai, Robindronath fez de iamindar (terra-tenente) das grandes extensões rurais que a família tinha, já desde os tempos do avó Dworkonath, na Bengala Oriental. De 1890 a 1910 realizou um trabalho digno apoiando os labregos e nom explorando-os. Em 1910 continuou com este trabalho o seu filho Rotindronath. Nos diferentes paços, situados em localidades do norte para o sul, comunicadas por rios navegáveis em grande parte do ano, Tagore viajava em pequenas barcas fluviais. Alguma das que, por um tempo, serviu de sua casa flotante. Na noite do dezanove dormimos no hotel Amicus (curiosamente, um nome latino) na localidade de Bogura. Madrugamos para percorrer um largo trajecto atravês de campos verdes e lindos de arroz, nos que os labregos estavam a replantar as pequenas plantas deste produto tam vital para os cidadaos bengalís. Polo caminho paramos também para disfrutar do imenso amarelo 'mar' das flores de mostaça, chamada 'xorxe', da que extraem o aceite para cozinhar. Em umas três horas chegamos ao paço tagoreano de Potisor, primeiro lugar no que morou Tagore e onde escreveu o seu primeiro artigo educativo em 1892, no que defendia o ensino na escola utilizando a lingua materna bengalí dos rapazes. Muito formoso, com uma grande estátua de Tagore no pátio interior, tem por diante um grande campo, um estanque para banhar-se e um pouco mais lonje o rio navegável, especialmente na êpoca das chuvas do verão.


Na noite do dia 20 chegamos a Sadhazpur e dormimos no hotel central da cidade, situado muito perto do paço tagoreano da localidade. Que, depois de levantar-nos com o sol matutino, visitamos. Deve ser o destino dos indianos, mas estava lá à minha espera um rapaz pequeno chamado Santos, no colo da sua mãe. Sem problema e com alegria, veu a meu colo e acompanhou-me durante toda a visita às diferentes dependências do paço e os seus formosos jardíns, cheios de flores de todas as cores, nomeadamente rosas, amarelas, laranjas e vermelhas. Por volta das catro da tarde chegamos à formosa localidade tagoreana de Shilaidoho (o h deve pronunciar-se aspirado), onde percorrimos o lindo paço de Tagore, chamado Kutibari e desde a sua varanda olhamos uma bela posta do sol. O mesmo dia a última hora, já de noite, chegamos à localidade de Khulna, onde dormimos. Com a saída do sol, alva da que disfrutei, marchamos para Mongla Port.


No caminho disfrutamos de outras novas paisagens. Agora banhadas em pequenos estanques criadeiros de gambas, cigalas e nécoras. Terras de pescadores, formosas tambem, que me lembraram as nosas lindas rias. Cruzamos em barca para, em Shelabunia visitar por segunda vez a missom do padre xaveriano Marino Rigón, que o 5 de março cumpre os seus 86 anos e é um grande tagoreano. Levei-lhe livros de regalo e ficou muito contente com a cópia do artigo meu dedicado a ele publicado no nosso La Región no passado ano. Uma rapaza chamada Marta alegrou a nossa visita e lembrou-me a minha nora com o mesmo nome, esposa arousana do meu filho David. Depois de comer uma comida excelente num moderno restaurante da cidade, visitamos pola tarde Susurbari, a casa do matrimónio Tagore, de Robindronath e a sua esposa Mrinalini. A casa do amor tagoreano, onde foram engendrados vários dos seu filhos.


Neste lugar fum realmente feliz. Sentim como algo especial que nom se pode contar com palavras, e esteve rodeado de muitos nenos e nenas alegres e agradáveis. Teve no colo a uma nena chamada Lima e um neno de nome Arabad. Todos juntos disfrutamos dum belo solpor e do sol que se punha no horizonte. Eu cantei a cantiga de Tagore Amar Bela, que sei completa, e ensinei-lhes aos rapazes a popular galega Na beira do mar. Se o governo de Bangladesh recupera e restaura esta bela casa tagoreana, rodeada duma linda natureza, comprometim-me a donar uma biblioteca e criar alí uma escola para as crianças da zona seguindo o modelo educativo tagoreano. Pola noite regressamos a Daca, cruzando num ferri o rio Podda (nome do Ganges neste país), chegando à grande cidade por volta das cinco da madrugada. Depois de realizar o roteiro tagoreano que nunca mais esquecerei. Pois fum durante o mesmo muito feliz.

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