Opinión

Santiniketon e a sua grande feira

Durante cinco dias, de 22 a 26 de dezembro, todos os anos decorre em Santiniketon uma grande feira-mostra. Em 1863 o pai de Tagore, Devendronath, comprou um amplo terreo ao que chamou Santiniketon (Morada da Paz), onde construiu uma casa e debaixo duma milenar árvore de chatim meditava. Este lugar está situado a uns 160 quilómetros de Kolkata por caminho de ferro e som muitos os comboios que aqui vêm ou por aqui passam para outros lugares. A finais da década de setenta do século XIX, para ajudar estes povos da Bengala rural, com grande acerto, fundou uma magna feira que hoje é famosa nom sé nesta terra formosa como também em toda a Índia. Num extenso campo colocam-se infinidade de barracas e pavilhões construídos com canas de bambu. E mesmo muitos vendedores sentados no chão oferecem os seus produtos variadíssimos. Som poucas as cousas que nom se encontram nesta feira chamada de ‘Poush-Mela’. Duas palavras que indicam o nome do mês em Bangla e a palavra 'mela' significa feira. Inicialmente Devendronath pensou na infindade de artesãos que existem neste estado do Leste da Índia e nos estados limítrofes de Bihar, Orissa e Uttor Prodesh. Porque aqui o artesanato esta totalmente vivo e é muito importante favorecer o mercado do mesmo facilitando a venda e intercâmbio dos produtos que com mãos mestras elaboram.


Esta feira é tam atractiva que durante estes dias milhares de pessoas se deslocam a este lugar, especialmente vindos da capital do Estado, Kolkata, configurando um verdadeiro rio de famílias, crianças e feirantes. Mesmo é muito dificil encontrar alojamento, e som muitos os que dormem nos seus carros ou debaixo de tendas. Isto dá uma grande vida a este lugar e os bares, restaurantes, lojas, taxistas de todo tipo (de carro, de triciclo, de moto,etc.), vendedores ambulantes e frutarias e peixarias fam em pleno dezembro o seu agosto. Na feira, ademais de amplos bares de comida típica indiana (nunca falta o arroz) e de doces populares, podem comprar-se a muito bom preço para os ocidentais, todo tipo de produtos manufacturados neste grande país: incensos variados, ervas medicinais, plantas e flores, adornos para a casa e o corpo, livros, aparelhos de cozinha, móveis para a casa, produtos naturais de tocador, aparelhos para o campo e, muito especialmente, produtos de coiro e téxteis do mais variado e formoso. Para poder ver toda a feira e os seus pavilhões nom chega um dia e e necessário ir mais dias. Nos caminhos do campo da feira há numerosos vendedores de chá, café, amendoins, requeijom caseiro, gelados, limoada, sumos, sumo de cana de açúcar feito no momento, etc.


Capítulo aparte merecem os artesãos. Sem dúvida alguma som o mais interessante da feira. Porque som os que conservam viva as artes milenares do país. Postos a destacar temos os cesteiros, que ademais de apro veitarem o tempo para elaborar novas peças, vendem infindade de aparelhos feitos em vime de bambu. A maioria som de Bohorumpur no distrito bengali de Murshidabad, onde iremos proximamente. Som chamados estos cesteiros «baser fuldani». Estám também os oleiros (kumorguli) de Panchmura. Os pintores em pergaminho e papel, com histórias variadíssimas do Ramaiana, do distrito de Medinipur. Os ferreiros populares, os ouriversários, que realizam ourives preciosos, os latoeiros, os que trabalham com maestria a madeira (aqui ha infindade de tipos de madeiras) e elaboram peças do mais variado como pássaros, mouchos, figuras do hinduísmo e muitos animais. Nom podemos esquecer-nos dos rapazes que elaboram postais formosos e dos artesãos de instrumentos musicais como flautas, tablas e ektaras. Paralelamente organizam-se festivais de música e de cantigas dos músicos «baul» ambulantes, das cantigas de Tagore e dos povos santals. É muito interessante também o encontro de jogos populares próprios destes povos e muito semelhantes aos galego-portugueses. E a feira do livro que decorre num terreo próximo a esta feira. A feira do livro chama-se «Boi-Mela». Durante os mesmos dias, no câmpus da universidade internacional tagoreana, tem lugar um importante programa cultural e educativo que merece um outro artigo.


(*) Professor Numerario da Faculdade de Educazom de Ourense

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