Opinión

SEMENTE DE GALEGOS BONS E GENEROSOS

Sinalava Castelao nos seus famosos desenhos, para honrar a todos aqueles assassinados polos fascistas nos anos da guerra, 'nom enterram cadávres, enterram semente'. Hoje, 17 de agosto, celebramos o 'Dia da Galiza Mártir', pois tal dia como este de 1936 foi assassinado na Caeira pontevedresa o ilustre ourensano Alexandro Bóveda. Que simboliza de alguma maneira a todos aqueles que, de forma bárbara e injusta, lhes quitaram a vida. Esse bem tam prezado que ninguém tem direito a atentar contra ele. Gostaria eu que nom voltaram jamais ao nosso país feitos e guerra como aquela. Na que loitaram irmaos contra irmaos e aínda nestes tempos continuam abertas feridas por ela provocadas. O passado ano dediquei o meu artigo, nesta sinalada data, a Bóveda. Ourensano exemplar de grande inteligência e sensibilidade, de grande amor pola Nossa Terra, cristiano modélico que, antes de ser fusilado, pediu comungar. E, como nunca fizera mal, pensou que aquele juiço sumaríssimo nom ia decretar a sua morte, polo que nom intentou antes fugir a Portugal. Para conhecer a fundo estes feitos recomendo ler esse emocionante livro Vida, paixom e morte de Alexandre Bóveda. Que, junto com o Sempre em Galiza de Castelao, dedicado precisamente a Bóveda, todos os galegos e galegas deveriam ler alguma vez.


Infelizmente, nom só foi Bóveda ao que lhe quitaram a vida os que se levantaram contra o governo republicano legítimo. A lista de galegos ilustres assassinados é tristemente larga e a de represaliados aínda mais. Estou seguro que mais de um ficará no tinteiro deste meu artigo. Em primeiro lugar, tenho que lembrar ao editor Ângelo Casal, do que acertadamente Castelao chegou a dizer que ele só fizera mais por Galiza que todos os galeguistas juntos. Editor da revista Nós, logo de marchar de Ourense, onde fora criada por Risco e seus colaboradores, director das editoras Nós e Lar e membro das Irmandades da Fala, foi 'passeado' na paróquia arzuana de Vilantime e uns dias depois apareceu o seu corpo numa foxa da paróquia de Cacheiras. O galeguista Víctor Casas e o desenhador Camilo Diaz Valinho, amigo de Casal e pai de Isaac Diaz Pardo, perderam tambem a sua vida a maos dos fascistas. No mesmo dia que Bóveda, junto com catorze republicanos, foi assassinado o médico e alcaide de Ferrol, Jaime Quintanilha, o principal mártir que tem o PSOE na Galiza, aínda que pouco se note com os mediocres dirigentes que na actualidade levam este grupo político.


Já aquí em Ourense e província, onde houve uma repressom enorme, pouco conhecida na actualidade pola maioria de cidadaos e, especialmente, polos jovens, eu quero lembrar entre outras, as mortes despiadadas do mestre e escritor de Vilardevós Jacinto Santiago, de Roberto Blanco Torres, escritor e jornalista de A Peroja, reintegracionista como eu, que apareceu numa cuneta perto de Entrimo. Tambem dos mestres, muitos membros do grupo pedagógico vanguardista a 'ATEO', como Elígio Núnhez, do que se encontrou o seu corpo em Vilarinho Frio, de Júlio González, mestre de 25 anos, de Verea, morto o 29 de agosto de 1936 e Amadeu Velho, de 32 anos, mestre de Carvalheda de Ávia e colaborador da revista Nós. Ourensanos assassinados barbaramente tambem foram Arturo Noguerol, morto no Ferrol o 12 de setembro do terrível ano, o poeta Manuel Gómez del Valle, fusilado no cimetério de San Francisco, o conductor de 23 anos, da nossa cidade, Sílvio Torres Diaz e o que era naquela altura alcaide de Ourense, Manuel Suárez. Ao que, por fim, se lhe fez recentemente a homenagem póstuma, estando muito tempo injustamente esquecido. Antóm Alonso Rios, que fora mestre de Tominho e deputadp agrarista galego, salvára-se do assassinato ao mudar de nome e andar enmascarado e poder fugir logo à Argentina.


Na zona republicana tambem houve a sua barbarie. Da que falaremos outro dia. Mas hoje bem forte quero berrar : qué nunca mais voltem tempos como aqueles! De injustiça e barbarie sem limites.

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