Opinión

A Sociedade Benéfica Ourensana

O outro dia Maribel Outeiriño, na sua interessante e estupenda página diária ‘História em 4 tempos’ do nosso La Región, resenhava uma funçom benéfica que tivera lugar em agosto do ano 1934 no bairro de O Couto da nossa cidade. Actividade que contara com o patrocínio da ‘Sociedade Benéfica Ourensana’. Pola vinculaçom que esta Sociedade tem com a família da minha esposa Ana, por via paterna, quero hoje escrever para os meus apreciados leitores sobre a mesma, ampliando algúns dados. Na resenha de Maribel aparece já citado Pegerto Nóvoa como presidente da entidade. Que ademais foi o criador dela esse mesmo ano, com o apoio dum grupo de ourensanos retornados de América, e, mais em concreto, de Cuba. Eu conhecim a Pegerto, avó da minha esposa, quando aínda eramos noivos. Polo seu humor eu apreciava-o muito e polo seu espírito emprendedor e os seus valores éticos. Tinha nascido em Quintás de A Barra-Coles o 14 de maio de 1892. O seu pai era um bom carpinteiro, e isso lémbra-me que Rousseau no seu livro ‘O Emílio’ dizia que o melhor e mais nobre ofício para um homem era este. Com 19 anos, em setembro de 1911, embarca no porta da Corunha para Habana-Cuba, prévia autorizaçom do pai, e parece que tambem para livrar-se do serviço militar. Alí conheceu a Gumersinda Castro, com a que se casou o 20 de abril de 1918. Com ela teve dous filhos, que chegaram a serem funcionários do Concelho de Ourense, Pegerto e Alfredo. Este último esposo de Tita Gil, pai da minha esposa e, por tanto, meu sogro. Que, viúvo, morou com nós uns 18 anos, até a sua morte.


O meu filho David, jornalista e mestre, de grande sensibilidade humana e literária, escreveu no ano 2000 uma monografia baixo o título de ‘A história do meu bisavó Pegerto’, tambem publicada no seu blog Madialevo. Para mim e para a família da minha esposa, os seus irmaos e primos e a sua tia Concha, oferece dados muito interessantes, a maioria desconhecidos, sobre a figura de Pegerto. Recolhe dados biográficos, históricos, familiares, dos tempos da emigraçom cubana, cartas, artigos da autoria de Pegerto, publicados quase todos em ‘La Zarpa’, fotos antigas em Cuba e Ourense...Tambem muitos e importantes dados dos seus ofícios e trabalhos, como comerciante na nossa cidade. Entre os que destaca especialmente que, com a sua esposa Gumersinda, regentaram durante um tempo o chamado Bar Restaurant ‘Universal’, situado na rua Cardeal Quiroga (antes Luis Espada), numa casa que aínda existe fronte ao local que durante muito tempo pertenceu a La Región.


Um importante dado recolhido na mono grafia citada é que Pegerto, polos seus valores filantrópicos, foi um dos que mais trabalhou para criar em Coles uma escola, ao estilo das criadas polas sociedades de instrucçom argentinas e cubanas dos emigrantes galegos. Escola que chegou a criar-se no seu dia, e cujo edifício aínda existe hoje naquele concelho. Para criar a ‘Sociedade Benéfica Ourensana’, o 30 de março de 1934 tem lugar uma primeira juntança. Em ‘La Zarpa’ do 1 de abril existem dados sobre a mesma. O 3 de maio tem lugar a primeira junta geral extraordinária nos locais do Partido Galeguista, na rua de Luis Espada. Da que saem aprovados os regulamentos e estatutos da sociedade. A primeira directiva é eleita o 23 de junho. Que fica composta por Pegerto Nóvoa como presidente, Júlio Vide (vicepresidente), César López (secretário), Abelardo Fernández (vicesecretário), Rosendo Varela (tesoureiro), Delmiro Nóvoa (contador), e como vogais, entre outros, Lorenzo Bermúdez e Serafín Hermida. Quando se criou o Ateneo houve uma polémica nos jornais da cidade, que num formoso artigo Pegerto cortou, sinalando que ambas entidades eram compatíveis e complementárias, por ter diferentes finalidades. Exemplo dos valores pacifistas e democráticos de Pegerto.


(*) Professor Numerário da Faculdade de Educaçom de Ourense

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