Opinión

A sombra de Piñeiro é alargada

Passado o dia, passada a romaria. Cada 17 de maio todo gira arredor dum persoeiro da nossa cultura. Publicam-se livros, ensaios e suplementos em jornais e revistas arredor da ou do homenageado. Dam-se infinidade de conferências. A Académia Galega da rua corunhesa das Tabernas é a responsável de escolher cada ano o vulto da efemérides. Quase sempre a decissom tem grande calado político em cada momento. Logo no dia sempre existe, organizado pola citada entidade, o acto ritual de turno com políticos de todo tipo, eleitos ou nom. Ao dia seguinte da começo em todo o território galaico o esquecimento da figura lembrada. Sempre é igual e a pensar na do seguinte ano. Os jovens galegos e as geraçoes novas vivem de costas aos actos. Moram noutra ‘terra’, noutros temas, noutros ‘folclores’. A desconexom é brutal e despiadada, e isto parece nom ter remédio. Dim que todo isto nom vai com eles. Dam-lhe as suas costas ao que decidem uns académicos, que nunca representam à totalidade dos cidadaos galegos. Mais bem só a uma parte e nem siquera a muitos que tambem defendem a língua e cultura da Galiza. Na maior parte dos casos ‘de gratia et amore’. Ao contrário que muitos dos intelectuais da Académia, vinculados a grupos económicos, editoriais e de pressom. Que têm os seus grandes interesses e um poder nom emanado das furnas. Mas que no campo lingüístico e cultural som eles os que decidem, e nom os políticos. Como uma verdadeira logia cultural que vem actuando desde há muitos anos. O que asertamos é muito evidente ao analisar o acontecido na Nossa Terra nos últimos tempos. Com todos os actos arredor de Ramón Piñeiro, criador de ‘Realidade Galega’ e enterrador no seu dia do Partido Galeguista republicano de Castelao, Cuevilhas, Otero Pedraio, Bóveda e outros. Nos que aparecem de maos dadas com os novos políticos os responsáveis máximos da nefasta política lingüística e cultural iniciada, para desgraça dos galegos e galegas, em 1982. Com o nomeamento e toma de pose do novo responsável de política lingüística, apoiado desde a sombra polos que sempre tuveram o poder lingüístico neste nosso país atlántico. A saída à palestra o outro dia da Académia Galega, com um comunicado dos seus membros, presididos por essa personagem tam gris e triste como é Barreiro, surpreendeu a todos, por ser um feito que nom acontecera na nossa história contemporânea e democrática. E que vem muito bem para tirar as carautas de muitos. E, especialmente, para que os galegos viram quem é o que manda aquí no noroeste espanhol no que se refere à língua e às suas normas.


Tinhamos esperanças na política a desenvolver polo novo governo. Hoje já temos poucas, pois pensamos que todo vai seguir igual de errado na sua política lingüística. Simplesmente porque umas novas leis e medidas seriam como um revulsivo na aletargada sociedade galega. Para que os cidadaos tomassem consciência da situaçom do nosso idioma secular e internacional. Tanto desde um ponto de vista positivo como negativo. Se fossem para discriminar aínda mais o galego, provocariam que galegos e galegas, que o amam e usam a diário, tomassem partido. E se fossem para colocar o nosso idioma no mundo lusófono ao que pertence, fariam vissível o importante e útil que é a nossa língua no mundo actual. Ademais de desenmascarar a esse poder na sombra, no que a figura mais importante foi sempre Ramón Piñeiro. E à sua morte som continuadores a Académia, as editoras viguesas, o ILG, o Centro que leva o seu nome em Compostela e agora tambem o novo governo, aínda que exista a pequena luz de que por fim, e já era hora, se vai introducir o português no ensino secundário galego. Tal como vem de anunciar Núñez Feijóo, a proposta do embaixador lusitano. A sombra de Piñeiro é alargada. Só estivemos uma vez com ele em 1982, no seu escritório do Conselho da Cultura em Compostela, do que logo seria o seu primeiro presidente. Para solicitar-lhe que, antes de promulgar o nefasto decreto normativo para a nossa língua, houvesse, sobre um tema tam importante, um debate aberto e civilizado. Piñeiro riu-se de nós dizéndo-nos aquele absurdo de que didacticamente (?) era melhor facilitar a aprendizagem dos rapazes nas aulas com uma norma à castelhana. Piñeiro pensava que as crianças e jovens galegos eram pouco inteligentes. Finalmente o famoso decreto foi assinado por Filgueira. Tardou um mes em assiná-lo, pois sabia que ia trazer problemas e no verao daquele ano a Académia, em contra de Carvalho e Marinhas, foi tomada polo ILG. Piñeiro tinha saído com a sua uma vez mais. Para desgraça da nossa língua e da nossa cultura. Qué bom seria tomar agora um novo rumo e deixar a política do de Láncara para os manuais de história.


(*) Professor Numerário da Faculdade de Educaçom de Ourense

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