Opinión

Os tempos livres das crianças

O meu excelente professor na Complutense Mariano Yela, dizia aquilo tam acertado de que ‘educar é liberar, e liberar é educar’. A verdade é que nom se pode educar se nom se fomenta nas crianças o uso adequado da autonomia e da liberdade. Mas, tampouco se ensina a fazer bom uso da liberdade, se nom se educa desde pequenos a nenas e nenos. Liberdade e educaçom, por tanto, vam sempre unidas. Ou devem ir. Para lograr isto, ademais da importáncia fulcral que tem a família e o fogar como primeira escola (Froebel e Pestalozzi, com grande senso, chamávam-lhe escola maternal), há que ensinar as crianças à jogar e à criar. Na infância, já o tenho dito muitas vezes, depois da comida -que deve ser sempre sana- está o jogo. Quando o neno joga pom em funcionamento todas as suas capacidades psico-físicas. Nom existe actividade mais educativa e mais completa. Por isso aínda nom comprendo porque na Galiza nom temos uma rede de ludotecas ou brinquedotecas. Objectivo que teria que ter cumprido o governo bipartito anterior, no lugar de ter criado as galescolas, segregadas do seu autêntico ámbito que é o educativo. E assim tampouco o actual governo teria que fazer o ridículo com as ‘galinhas azúis’. Nem um nem outro governo fizeram o que teriam que fazer, que é o de criar no nosso território uma rede de espaços, em bairros, comarcas e vilas, onde as crianças aprendam a jogar, desenvolvam a sua criatividade e, o que é mais importante, possam adquirir aficçoes positivas, para ocupar os seus tempos livres, na actualidade e no futuro, nas suas etapas de jovens e adultos. As restantes comunidades autónomas, cujos dirigentes acreditam no que estou a dizer, e valoram o jogo das crianças como actividade fundamental das mesmas, têm todas sem excepçom uma rede de ludotecas. E, em algumas, como Catalunha, já desde os anos setenta.


Sem atosigar as crianças -que às vezes tambem caimos em isso muitas maes e pais- é muito importante fomentar em elas, de acordo com os seus gostos e preferências, aprendizagens para saber fazer bom uso dos tempos livres. E muito especialmente nos períodos de férias ou vacacionais. Por médio de actividades artísticas e lúdicas variadas. Nenas e nenos que aprendem a jogar, nomeadamente entre iguais, e que desenvolvem a sua criatividade, elaborando algum pequeno projecto artístico, ham saber logo fazer um uso positivo do seu tempo de lazer. Será ademais muito difícil que nenas e nenos, que disfrutaram com jogos educativos e que desenvolveram o seu talento artístico e a sua criatividade nos campos mais acordes com as suas aptitudes (música, plástica, teatro, natureza, desportos...), terminem por cair na drogadicçom ou no funesto botelhom. Porque, ao ter aficçoes positivas, como desenhar, mode lar, pintar, recortar, representar teatro, ler como passatempo, passeiar em médio da natureza, cantar, tocar um instrumento musical, ver cinema de qualidade, escoitar boa música, elaborar um jornal, coleccionar selos, cromos e postais, praticar desportos e jogar com os amigos, ham fazer bom uso do seu tempo livre. Disfrutaram, seram felizes (qué importante é isso!), adquiriram valores humanos, aprenderam à respeitar aos demais e o entorno. E todo isto será muito bom para eles mesmos e para a sociedade na que estam. A melhor inversom que existe, ademais de para a educaçom, é a de fomentar nas crianças o jogo e a criatividade. O que faz ‘Amencer’ com o seu campamento urbano e com as actividades ao largo do ano, seguindo o modelo do grande pedagogo que foi Juan Bosco, merece o maior aplauso e todo o nosso apoio. E tambem, por qué nom dizé-lo?, o que, com o apoio da Deputaçom Provincial, desenvolvem os monitores da ludoteca da ASPGP, organizando o programa ‘Ourense Lúdico’ na cidade e na província, durante todo o verao. Com um historial já de quinze anos. E, em setembro, ham levar os jogos tradicionais galegos polos centros de ensino primário da nossa província.


(*) Professor Numerário da Faculdade de Educaçom de Ourense

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