Opinión

UM JARDIM PARA LEMBRAR GANDHI

Em outra estância minha na capital da Índia, Nova Delhi, já visitara o amplo espaço ao ar livre, um jardim e uma livraria-biblioteca, dedicado à lembrança de Mahatma Gandhi, 'Alma Grande', nome que lhe pús Tagore. Nesse mesmo lugar denominado Birla House, o dia 30 de janeiro de 1948, o ano em que eu nasci, foi assassinado de três tiros, por um fanático hindú chamado Nathuram Godse, o profeta mundial da paz e da nom violência. Aquele foi o braço ejecutor dum grupo fundamentalista e direitista hindú, que nom via com bons olhos a defesa que Gandhi fazia da unidade entre mussulmanos e hindúes e em contra da partiçom e criaçom do Paquistam, que ao final se levou a cabo. Como queria voltar a este, para mim sagrado lugar, acompanhado do meu estudante de galego-português e castelhano, Toton Kundu, o dia 9 de fevereiro passado, voltei de novo alí e tirei muitas fotos. Com o nome em hindi de 'Smriti Gandhi', que vem a dizer algo assim como 'Lembrança de Gandhi', é um amplo espaço no que, ademais da casa e da biblioteca, existem tendas para comprar artesanato e lembranças; um amplo corredor coberto com paineis com textos e fotos muito documentados, sobre a história e vida de Gandhi; as mesmas pegadas gandhianas do percurso que fez antes de receber os disparos e o lugar exacto da morte, com um pequeno monumento recordatório. Noutros espaços há textos com frases de Gandhi e Tagore gravadas no granito; a grande roda da paz (uma espécie de gongo metálico) com todas as bandeiras dos países da Terra; um museu no que estam expostos numerosos documentos ilustrados com textos e fotos, colgados nas paredes; uma biblioteca; uma livraria onde se podem mercar interessantes publicações, nomeadamente de e sobre Gandhi, e uma formosa estátua do Mahatma no exterior. Se se viaja a Deli, este é um lugar que deve ser visitado, polo menos polos que amamos a paz e nom gostamos nada das violências verbais e físicas, nem das guerras.


Aproveitando este meu comentário do artigo de hoje, quero reflectir sobre o como nesta altura na Índia se ve a Gandhi. Como os meus leitores e leitoras sabem, desde 2001 venho passar à Índia um promédio de três meses cada ano, do nosso inverno, que assim tambem escapo do frio da Galiza. Este ano foram uns cinco meses, pois ao estar reformado posso permitir-mo, por sorte. Tenho já certa experiência e conhecimento do país, e eu acho que na Índia Gandhi, hoje mais que nada é um símbolo, mas som poucos os verdadeiros gandhianos que acá existem. Certo que todos os bilhetes ou notas de banco levam a efígie de Gandhi. Certo que em todas as cidades, vilas, povos e aldeias da Índia há monumentos dedicados a ele. Certo que na festa nacional da República da Índia, todos os 26 de janeiro de cada ano, se montam cenários, a maioria com fotos e efígies de Gandhi. Certo que os mandatários do mundo, presidentes, embaixadores, ministros e outros cárregos, vam em Deli depositar flores no monumento-túmulo do Mahatma. Certo que em todos os povos e cidades há ruas a ele dedicadas (em Kolkata há uma estaçom do metro com o seu nome, e em Deli tambem). Certo que quando eu falo da grande figura que foi, sobretudo a favor da paz e a irmandade entre todos os seres humanos, os meus interlocutores asintem com veneraçom. Mas, depois de tudo isto, a mim paréce-me que, arredor de Gandhi existe na Índia muita parafernâlia e liturgia, e muitos menos sentimentos gandhianos dos que se podia esperar. Ao dia seguinte do Dia Nacional da República as fotos e imagens de Gandhi ficam polo chao abandonadas. Algo assim como 'passou a festa, passou a romaria', e até o próximo ano. Sinto muito dizer isto, pois eu amo muito este país, que ademais admiro, e ao melhor o meu reflectir, forte e duro, é um bocadinho pessimista. Mas é o que sinto e o que observo. E muitos professores de aquí, já amigos meus, mo confirmam. Os males do Ocidente estam entrando neste grande país a velocidade de cruzeiro, por satélite, via TV.

Te puede interesar