Opinión

Em Melide com Vázquez Pintor

Hai muito tempo que nom participamos num acto tam emotivo, tam profundo e tam cheio de sentimentos relacionados com a mae Galiza. Este sábado dia 7 fumos a Melide para participar nos actos de homenagem ao escritor José Vázquez Pintor. Nascido nesta localidade em 1946, foi aluno nosso na UNED de Ponte Vedra. Acompanhados por Isaac Estraviz, partimos da cidade das ‘Burgas’ a primeiras horas da manhá. Com um sol radiante, que nos permitiu disfrutar da nossa formosa paisagem do interior galaico. Dos carvalhos, torgas, castinheiros, gestas, tojos, bidueiros, amieiros, carqueijas e urzes. Das nossas flores silvestres e o verde dos nossos prados. Dos nossos topónimos, algúns infelizmente deturpados. Cruzamos a Nossa Terra de sul a norte, passando polas ladeiras da Madanela, os vales de Torcela da nossa família materna, o Sam Martinho do nosso avó paterno, as terras dezanas, as localidades de Lalím (onde estudamos), Moimenta e Agolada. Atravessamos os vales dos nossos rios Arenteiro, Árnego e Ulha. Chegamos a Melide por volta das 11 horas. A manhá deliciosa que encontramos presagiava já a emotividade dos actos que iam ter lugar nas horas seguintes.


Mais, antes de falar dos mesmos, gostariamos dizer umas palavras aos ourensanos sobre esta personagem tam singular objecto da homenagem. Vázquez Pintor, com 62 anos, é o vivo exemplo da cultura galega de resistência. Homem polígrafo e polifacético, é autor e director de teatro galego, animador cultural, articulista de jornais, ensaísta, poeta, narrador, mestre durante muitos anos na comarca do Morraço, e agora de língua galega em secundária, e mesmo por vezes comentarista desportivo. Até a data leva publicado uns 18 livros, utilizando nos mesmos todos os gêneros literários possíveis. Uma intensa e extensa obra, na que a sua terra nutrícia e natal é o coraçóm da sua literatura. Na que brilham com luz própria os topónimos antigos das gândaras que o olharam nascer : Brántega, Quiám, o Árnego, Agolada, Melide...Na que nos seus poemas amóstra-se o amor polas palavras, as paisagens, os homens e as mulheres do rural e os seus labores diários. Desde Gândaras (1971) até Banzados (2000), passando por Terra e Pam (1975) e Rotacióm violeta (1996). Na que quando escreve em prosa demonstra os seus magníficos recursos narrativos, como em A memória do boi (2000) e Para dizer Abril (2008). Som também excelentes os seus ensaios antropológicos sobre os nossos ofícios. E nós gostamos muito das suas peças de teatro escolar, infantil e juvenil. Cheias de humor profundo e retranca galega.


Nos actos, que começaram nos jardíns da capela de Sam Roque, descobreu-se um monolito com um dos seus poemas e plantou-se uma árvore de buxo, escolhida polo autor polo seu valor simbólico. Mais tarde inaugurou-se uma magnífica amostra da sua obra na biblioteca municipal, que desde este dia leva o seu nome. Na sala de plenos do concelho, baixo a presidência da presidenta da Câmara Socorro Cea, teve lugar um acto académico com a entrega da letra ‘E’ ao homenageado por parte da AELG, que preside o escritor de Maside Cesáreo Sánchez. Ramóm Caride, escritor de Cea, pronunciou um pequeno discurso no que lembrou a Risco, Otero e Cuevilhas, ourensanos autores da obra Terra de Melide, aínda nom superada e que já cumpriu mais de 75 anos, e loou ao autor homenageado. Vázquez Pintor pronunciou a continuaçóm um discurso profundo e formossíssimo, ao estilo dos do nosso Otero, e do que muito gostamos. Finalmente teve lugar um almoço de irmandade, com mais de 300 participantes vindos te todas as comarcas galegas, num restaurante da localidade. Entre outros, participaram nos actos o Director Geral de Cultura da Junta da Galiza, Luis Bará, os membros da AGAL, Bernardo Penabade, Isaac Estraviz e quem suscreve, o dramaturgo Manuel Lourenço e o digníssimo galego Avelino Pousa Antelo, que, com 92 anos, encontra-se felizmente entre nós. Sem dúvida foi este um dia que nos elevou a auto-estima e o orgulho de ser-mos galegos.


(*) Professor da Faculdade de Educaçóm de Ourense

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