Opinión

A família ourensana dos Gil

De linagem muito nobre, os Gil ourensanos constituem uma das mais antigas famílias da nossa cidade. Num dos passeios do cimetério de San Francisco, entre um mirto, consérva-se a lápide da possivelmente mais antiga tumba do campo-santo e pertence a esta família. Cujo apelido já é conhecido na época do rei Ramiro e de Fernando III O Santo. Na que já aparece um nobre chamado Juan Gil, que loitou em Múrcia contra os sarracenos. Resulta curioso ver como o nome de Juan está tan ligado à família dos Gil. Mas, o maior interesse de conhecer esta família está nos profundos valores humanos, sociais e intelectuais de todos os seus membros. Como para demonstrar tambem o importante valor que tem a genêtica na transmissom de genes positivos de generaçom em generaçom. Sem excepçom alguma, todos os membros da família, homens e mulheres, nas diferentes generaçoes, foram excelentes estudantes, com matrículas de honra na maioria das matérias e prêmios extraordinários de ingresso e bacharelato. Quase todos terminaram por dedicar-se à docência, brilhando no seu labor pedagógico alí onde exerceram a mesma.


Eu tivem a grande sorte de conhecer em 1964, e namorar-me de imediato, da que hoje é a minha esposa e pertencente a esta família, Ana Mª Nóvoa Gil, professora do Instituto do Couto. Que conserva como ouro em pano infinidade de formosas e antigas fotografias de todos os membros da família, desde os seus avós até os netos e bisnetos.


Esta interessante colecçom fotográfica de imagens é um documento magnífico para analisar o devir histórico da família. Neste meu artigo nom pretendo ir mais alá de Juan, filho de José Gil, que com Iluminada Fernández teve dous filhos gemelgos, Juan José e Manuel, e duas filhas, Emma Flor e Esperanza Iluminada. Esta última, com o nome familiar de Tita, foi funcionária da Deputaçom de Ourense e mai da minha esposa Ana. Faleceu muito jovem em 1958. De ela tenho referências maravilhosas e extraordinárias, e que por desgraça nom pudem conhecer. Quánto me gostaria tê-la con hecido! Porque os que sim a conheceram falam-me sem parar da sua bondade, do seu talento e da sua alegria. Morreu quando Ana, a minha companheira, tinha trece anos, ficando ao cuidado ela e os seus irmaos da avoa paterna Gumersinda. Polas fotos que de Tita Gil existem, pode olhar-se que foi uma mulher muito linda, que a mim me lembra muito a Zenóbia Camprubí, esposa do grande poeta Juan Ramón Jiménez.


O outro dia, lendo o estupendo blog ‘Madialevo’ do meu filho David, pudem inteirar-me de interessantes dados da personalidade extraordinária de Juan José Gil, irmao gemelgo do que foi funcionário do Concelho de Ourense Manuel Gil. Que é o pai da excelente doutora do Complexo hospitalário Cristal-Pinhor, Salomé Gil. Juan José chegou a ser secretário da Juventude Republicana da nossa cidade e bibliotecário do Orfeón Unión Ourensano. Mais tarde passou ocupar este mesmo posto no Ateneo de Ourense, criado o 3 de maio de 1936, sendo presidente do mesmo don Ramón Otero Pedraio. Formou-se no Plano Profissional de Magistério e exerceu de mestre em várias escolas, sempre com grande sucesso.


O passado mes de maio, no jornal gratuíto ‘Ourense por Barrios’, Pepe da Guardesa escreveu um lindo artigo dedicado a este seu mestre na escola de Bobadela de O Pino, onde era titular. Polo bem que está escrito, com sentimento profundo dum seu discípulo, recomendo a sua leitura.


Para conhecer tambem os valores sociais e pedagógicos de Juan José como docente. O outro dia estivemem Baronzás com a sua viuva Isabel Suárez, mestra e filha do grande mestre Evaristo Suárez, natural de Sande-Cartelhe, sobre o que no seu dia há que escrever um artigo monográfico.


Com mais de noventa anos é um prazer estar com ela, pois o seu verbo é muito cálido e tem uma memória prodigiosa. Felizmente tem todas as suas capacidades físicas e mentais íntegras, e pudo acrescentar-me mais dados sobre o seu esposo. Com o que se casou em 1941 e morreu jovem em 1948, deixando-a só com duas filhas e um filho. Juan José, cónta-me Isabel, fora mestre na acadêmia ‘Gesta’ e foi um grande professor de matemáticas, francês e grego. O seu filho Juan José foi bancário, hoje jubilado, virtuoso do jogo do xadrez. Casou com uma mestra que fora minha aluna na Normal e tem um filho que estuda ESO, que leva o nome e apelidos do seu avó. A outra filha Maribel foi uma extraordinária mestra de educaçom infantil em Moreiras e no colégio de Vistafermosa.


A sua irmá Maricarmen foi companheira minha na Faculdade de Educaçom.


Professora magnífica que todos os ex-alunos lembram com carinho, hoje reformada por problemas de saúde. Com o advogado limiano Hilário Barge tem um filho chamado Andrés, que já é flamante professor de economia na Universidade Complutense de Madrid. E que está chamado a ser, junto com o seu primo mais novo, continuador da saga extraordinária dos Gil.


A filha maior de Juan Gil e Iluminada, Emma, morreu em Canárias, exercendo de mestra com o seu esposo Constante, e tuverom um filho e uma filha que moram hoje nas ilhas afortunadas. Por parte da minha esposa Ana, há que destacar os seus irmaos Alfredo e Chicha.


O seu irmao tem um dos melhores expedientes académicos da história do Instituto de Ourense. Chegou a ser durante várias legislaturas primeiro tenente-alcaide do concelho de Oleiros. E, com 18 anos, foi o primeiro programador de IBM de Unión-Fenosa na sua central da Corunha. Chicha, que mora tambem na cidade herculina, foi uma excelente professora de latim e grego em académias corunhesas. Com a minha esposa tenho três filhos, Jorge, David e Núria. Os três, como os seus pais, som professores.


O gosto polo ensino e pola docência deve ir nos genes. Eu honro-me disto, pois considero que é este o ofício de professor, junto com o de médico, o mais nobre de todos quantos existem. Especialmente se se desenvolve com amor, com alegria, com ética e com dignidade. Valores que sempre poseeram os membros da família ourensana dos Gil.


Professor Numerário da Faculdade de Educaçom de Ourense

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