Opinión

A Académia de Franco

Francisco Franco Bahamonde, tal como tivemos que estudar no seu dia, foi um magnífico estudante da Académia Militar de Zaragoza. De brilhante ejecutória como soldado, chegou tambem a ser o militar mais jovem que alcançou o generalato. Máxima categoria na ordem dos militares do exército espanhol. No seu dia, mesmo o governo da República, encarregou-lhe a responsabilidade de aplacar a famosa revoluçom das Astúrias. Logo, desde África, junto com outros generais, levantou-se em 1936 em armas, contra o legítimo governo republicano. E terminou por ser chamado, durante muitos anos, como Caudilho de Espanha. O que eu nom sabia, nem o podia imaginar por um instante, era que estava, e aínda está, segundo a web oficial, na lista de académicos da mal chamada Real Académia Galega. Situada na rua corunhesa das Tabernas, nome que lhe bem muito bem a esta instituiçom tam sectária, tam desprestigiada e tam desnorteada. Com um triste presidente na actualidade, próximo a cumprir o seu mandato legal estatutário.


O outro dia, lendo um artigo da autoria do académico Méndez Ferrín, tam bom escritor como pésimo lingüísta, pudem inteirar-me de que Francisco Franco, desde há muitos anos (e isso que já levamos tempo em democracia), figurava na nómina de académicos da rua das Tabernas. Tivemos que frotar os olhos para ler se era verdade. Segundo o escritor das terras celanovenses, parece ser que o passado dia 31 de julho, na sua última sessom plenária, por unanimidade dos académicos presentes, tomou-se a decissom de riscar da lista de académicos ao ‘escritor’ (?) Francisco Franco. A dia de hoje, a Académia aínda nom publicou nota oficial sobre o particular. Dos acordos desse dia só se deu a conhecer, pública e oficialmente, a escolha do escritor ao que se lhe vam dedicar as Letras Galegas no próximo ano. Que, como todos sabemos, vai ser o poeta lucense Uxio Novoneira. Certamente importante poeta, que podia esperar outro ano para ser homenageado. E nom a quem, por méritos sobrados de todo tipo, literários, lingüísticos, sociais, humanos, docentes..., e por ter sido académico, lhe correspondia, que nom é outro que Ricardo Carvalho Calero, o primeiro catedrático de galego da nossa universidade. Ao que nom se lhe deixou ser o ‘Pompeu Fabra’ galego, de forma injusta e imoral. Do que, em 2010, comemoraremos o centenário do seu nascimento e o vinte cabo de ano da sua morte física, que nom espiritual.


Um se pergunta sobre qué méritos lite rários tinha Franco para ser nomeado académico e muito nos gostaria, se a ciência-ficçom pudesse ser realidade, poder escoitar de viva voz aos criadores da Académia o 30 de setembro de 1906. E, entre eles, a Murguia e Fontela Leal, o que pensavam de Franco como académico. E de que a Carvalho, depois do seu grande labor a prol da nossa língua e cultura, ao largo de tanto tempo, nom se lhe dedicassem as Letras Galegas no ano do seu Centenário. Na lista da Académia tambem está Fraga Iribarne. Do que podemos discrepar ideológica e políticamente, mas, comparado com Franco nom existe côr, desde o ponto de vista intelectual. Fraga foi catedrático de universidade, um intelectual destacado que domina idiomas, grande estudante, de cultura elevada, escreveu livros e fala bem o galego. E mesmo escreveu um livro sobre Galiza e Portugal, que os seus colaboradores secuestraram, no que defende a unidade lingüística e cultural galego-portuguesa. Deste livro temos um exemplar na nossa biblioteca particular, por ele assinado. Guardámo-lo como ouro em pano polo seu valor histórico-lingüístico.


(*) Professor Numerário da Faculdade de Educaçom de Ourense

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