CEN ANOS DE NÓS

As ideias lingüísticas na revista NÓS (I)

nosexpo8887
Para Manuel Portela Valladares, a cultura tem como índice de expressom o idioma, estabelece as pautas para a "normalizaçom lingüística"

A revista NÓS nom nasce “ex nihilo” (‘da nada’), um precedente notório é o Boletim A Nosa Terra, elaborado por um grupo de intelectuais, pertencentes à burguesia, que actuam sobre a língua e influem na praxe lingüística. Trabalham numha época determinada e como herdeiros de umha tradiçom. Som pessoas com umha cultura muito relevante para a época em que lhes tocou viver, entendem que a reabilitaçom da sua língua está no bom uso”, buscam a pureza da língua (ideia presente na tradiçom latina) e tentam elevar a sua língua à categoria de língua internacional e de cultura. O que é evidente, e nom se deve questionar, é que a revista NÓS foi realizada por umha elite cultural, dirigida nos seus primeiros tempos com grande “solicitude” por Vicente Risco, em décadas em que “a Galiza era un fervedeiro d’ideas encontradas”. 

De modo muito simples, podemos distinguir três etapas aproximativas: (a) a primeira, do ano 1920 ao 1923, com a premissa “a língua reflecte e condiciona as directrizes do pensamento e da expressom do povo”; (b) a segunda, do ano 1925 aos últimos meses de 1929, nucleada em torno  ao “prestígio do idioma e à questom ortográfica”; (c) a terceira, de janeiro de 1930 a dezembro de 1935, centrada no discurso político-nacionalista sobre a língua e por um indispensável acordo ortográfico. Embora distingamos estas três etapas os objetivos serám substancialmente os mesmos: (a) mostrar que a Galiza existia como povo diferenciado (Villares), e (b) superar o isolamento aldeao da Galiza literária através da europeizaçom da sua cultura (Carvalho Calero). Podem sintetizar-se num princípio geral: demonstrar que a Galiza é umha naçom, um povo diferenciado e singular por possuir dous traços diferenciais, umha terra e um idioma.

Na primeira etapa documentamos um debate sobre se o galego era umha ‘língua’ ou um ‘dialecto’; o colaborador francês Philéas Lebesque reconhece que as diferenças  eram mais políticas e culturais do que lingüísticas. Vilar Ponte (Nº 4, pág. 5) censura que os escritores o denominem “dialecto” e nom “idioma”. 

A língua aparece caracterizada seguindo concepçons tradicionais na história da lingüística. Vilar Ponte caracteriza-a como “o sangue do espírito”, fai um apelo aos galegos para que valorizem a sua própria língua. Para Risco, suprimir a língua equivale a condenar a morte o pensamento e a literatura. A língua viria a ser o nexo que forma os grupos nacionais e constituiria o factor fundamental para afirmar que a Galiza é umha naçom, pois possui umha cultura e um idioma diferenciado.

Um segundo aspecto interessante para os seus integrantes, seguidores da Filologia Comparada do século XIX, é estabelecer o parentesco da língua da Galiza com outras línguas, encaixá-la dentro de umha comunidade lingüística, o qual equivale a salientar a “família lingüística” (“o galego é filho do latim e pai do português”, “a língua portuguesa seria irmá do idioma galego”). Johan Viqueira defende a unificaçom do idioma (galego e português): “apréndase ademais do francés, o inglés nos nósos Institutos e que en todos eles se insiñe galego e portugués o que valeria mais pr’as amistades ibéricas que os retóricos saudos diplomáticos” (Nº 4, pág. 3). Para Risco, galego e português som dous “dialectos de umha mesma língua”: “A nosa (o galego) na sua forma portuguesa […] é umha das mais estendidas pol-o mundo, mais ainda que o castelán” (Nº 7, pág. 11).

Sobre a ortografia, é evidente a carência de unidade. Predomina “a escrita fonética”, mas há textos com clara intencionalidade de utilizar a “escrita etimológica”. Luís Cortón Arroyo insiste em que se lhe respeite com toda a fidelidade a “forma gráfica” para contribuir “ao labor de milloramento da nosa ortografía que tarde ou cedo terase que encamiñar mesmo por propia conveñencia, a unha maior identidade gráfica co-a lingua de Portugal ( Nº 18, págs. 10-11). 

Para Manuel Portela Valladares (nº 17, págs. 2-6), a cultura tem como índice de expressom o idioma, estabelece as pautas para a “normalizaçom lingüística”; os instrumentos do programa nom som outros que a língua viva, o Dicionário da Academia e o número de falantes (trinta milhons que podem entender-se no mesmo idioma).

Por filologia entendem a disciplina que contribui ao estudo e conhecimento da cultura e manifestaçons espirituais (adivinhas, contos, coplas, refráns, etc.), tal como trabalhava a Escola de Ramón Menéndez Pidal. Salientável é o repertorio de refráns para todos os meses do ano ( nº 3, págs. 16-18).

Te puede interesar