Ángel Mario Carreño
REFLEXIONES DE UN NONAGENARIO
El milagro Zapatero
Na política espanhola, em qualquer nível, local, autonómico ou estatal, obter o primeiro lugar não é o mais relevante. Exceto no caso local, em que aquele que tem mais votos, mas não a maioria absoluta, é investido alcalde, apenas no caso de as outras forças não serem capazes de conformá-la, nos demais casos isso não tem qualquer consequência. É investido aquele que conta com a maioria dos parlamentares ou concelheiros, mesmo sendo o último em votos, se for capaz de formar uma coligação. É lógico, porque o nosso sistema é indireto, no qual a decisão de nomear executivos cabe aos parlamentos ou ao pleno, e é este que nomea ou destitue cargos.
É importante lembrar isso, porque, ao analisar algumas enquisas, não só a do CIS, começa a surgir a possibilidade de que o PSOE seja a força mais votada em umas hipotéticas eleições gerais , mas também que a soma do PP e do Vox obtenha, entre os dous, uma maioria absoluta reforçada.
Isso não significa que não tenha relevância política, pois o mais votado sempre conta com certa capacidade de iniciativa para iniciar os contatos, pois além de ser mais fácil para ele fazê-lo por normalmente ter também mais parlamentares, ele conta com a legitimidade para poder fazê-lo. Mas isso não é garantia de nada, pois podemos observar que, desde o governo espanhol até o maís pequeño dos concelhos, é frequente que quem governa não seja aquele que obteve mais votos. É importante lembrar isso, porque, ao analisar algumas enquisas, não só a do CIS, começa a surgir a possibilidade de que o PSOE seja a força mais votada em umas hipotéticas eleições gerais , mas também que a soma do PP e do Vox obtenha, entre os dous, uma maioria absoluta reforçada. Nesse caso, poderia dizer-se que nada aconteceria se o PSOE ficasse em primeiro lugar, pois as forças da direita chegariam a um acordo e formariam um governo. Mas, politicamente, esse resultado seria relevante e esse hipotético acordo poderia ser muito difícil. Tudo depende da correlação de forças entre as forças da direita. No caso de o PSOE ser a força mais votada, algo que pode perfeitamente acontecer se os votos da esquerda se concentrarem neste partido e uma vez que as sondagens também apontam para uma perda substancial de escanhos por parte do Sumar e do Podemos, o discurso da grande coligação entre o PSOE e o PP poderia voltar a estar presente, talvez apoiado pelas instituições europeas, que poderiam pressionar para evitar a entrada do Vox no governo. Nesse caso, Sánchez poderia revalidar o seu mandato. Este cenário seria ainda mais plausível se a distância entre o PP e o Vox se reduzisse substancialmente e ficassem relativamente próximos em termos de assentos. Neste caso, a posição de Feijoo seria muito delicada, sobretudo se o Vox não quisesse entrar no governo, mesmo que apoiasse a sua investidura. Seria um governo muito fraco e dependente das decisões do senhor Abascal.
Daí que a estratégia de Sánchez de inflar eleitoralmente o Vox, introduzindo temas para confrontar diretamente com este, como o aborto ou a imigração (o de Gaza falhou), ao mesmo tempo que introduzem divisões num PP pouco preparado para este tipo de debates de guerra cultural, não deixa de ter lógica política. Ao introduzir estes temas na agenda, contribue para se constituir como o voto útil da esquerda, que, se estiver dividida como tudo parece indicar, não obteria representação em muitas províncias. O objetivo de ficar em primeiro lugar não é impossível para Sánchez e, se assim for, ainda haveria muito jogo pela frente. O risco que corre é que, ao introduzir novos temas no debate, acabe por não controlar a narrativa e esta lhe escape das mãos, como na imigração, e que, no final, os votos do Vox venham do espaço da esquerda e quem acabe aniquilado seja o PSOE, como em França, onde experiências deste tipo no poder acabaram com a esquerda moderada.
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