Os pactos PP-Vox

Publicado: 13 jul 2025 - 01:10 Actualizado: 13 jul 2025 - 09:22

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Hemeroteca. | La Región

As acusações mútuas entre Feijoo e Sánchez, que monopolizaram grande parte do debate político desta semana, ensombraram o debate sobre qual poderia ser a política de pactos do PP, em caso de necessidade de apoio para formar governo. Os representantes do partido afirmaram que não se poderia contar com a Vox num hipotético governo de Feijoo, considerando mesmo um cenário de repetição de eleições, caso a VOX insistisse em fazer parte do mesmo. Vou discutir máis abaixo se esta é uma boa estratégia, más apenas comentar que me parece estranha em dirigentes experientes na duríssima política galega, em que normalmente não há si ou não, apenas dependes ou veremos como vai. A proverbial ambiguidade galega, juntamente com a nossa tradicional desconfiança, são alguns dos factores que explicam a historicamente elevada presença de galegos em cargos de responsabilidade no governo e nos partidos espanhóis, já que estas capacidades quase inatas constituem uma vantagem comparativa de primeira ordem na competição pelo poder político. No caso em apreço, bastaria dizer que devemos respeitar a decisão dos cidadãos ou esperar para ver como será o contexto após as eleições, para sair do passo.

Parece que os dirigentes do PP, ao saírem da Galiza, abandonaram as formas de fazer política própias da Galiza

Aliás, neste caso, esta ambiguidade seria a mais pertinente do ponto de vista político, porque se fosse necessário o apoio de Vox em caso de vitória apertada, em que sería inconcebível a repetição das eleições, o novo presidente começaria o seu mandato desgastado desde o primeiro dia por uma promessa não cumprida, exatamente como fez Sánchez, e sem ter qualquer razão para o fazer. Parece que os dirigentes do PP, ao saírem da Galiza, abandonaram as formas de fazer política próprias da Galiza e deixaram-se levar pelas formas muito menos sofisticadas de Madrid,, talvez aconselhados pelos numerosos spin-doctors e assessores eleitorais que povoam a capital do reino, que não têm nem de longe a capacidade dos nossos. Suponho que a sua estratégia é retirar votos ao PSOE, àqueles que não concordam com as políticas seguidas pelos seus dirigentes, especialmente com os seus pactos, ou àqueles que estão incomodados com os casos de corrupção que assolam o partido. Penso que o Partido Popular tem poucas probabilidades de trunfar neste dominio, uma vez que qualquer eleitor que tenha confiado anteriormente no PSOE já sabe de antemão que este fará um pacto com qualquer força que impeça os partidos de direita de chegarem ao poder. Tal como tem vindo a fazer há anos nos concelhos, nas provincias e nas comunidades autónomas. Se o fizerem, correm o risco de alguns dos seus eleitores mais conservadores passarem para o Vox, sem obterem grandes ganhos do outro lado. Os analistas acreditam que isso alargará o espaço para a direita, sumando algúns votos da esquerda e e não perdendo nenhum no bloco da direita, garantindo assim a vitória. Pode ser que isso garanta uma maioria no Parlamento, mas à custa de uma situação mais difícil nas negociações com a Vox, que poderá pedir mais e, ao mesmo tempo, cobrar um caro preço pelo desdém demonstrado pelos populares e, como vimos, o governo já nasceria com uma desvantagem à partida.

Se deixassem de fazer os jogos de triangulação aconselhados pelos especialistas da capital, pensando em eleições a curto prazo que não vejo em lado nenhum, e propusessem um programa próprio que entusiasmasse uma boa parte da população, é quase certo que se sairiam muito melhor, evitando ter de fazer os pactos que dizem querer evitar.

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